Centímetros De Desejo
Na manhã seguinte, decidiu ir até a oficina. Queria informações sobre a moto. Sobre o que o pai fazia com ela. Talvez até... saber um pouco mais daquele homem com olhos escuros e postura desafiadora.
A oficina de Oliver era uma mistura de bagunça e perfeição. Ferramentas alinhadas, cheiro de graxa e óleo queimado. Motos desmontadas, outras impecavelmente restauradas. No fundo, ele estava curvado sobre um motor, concentrado, o braço esquerdo coberto de tatuagens até o cotovelo.
— Voltou rápido — ele disse, sem olhar.
— Preciso de informações. Sobre a moto do meu pai.
— A velha Indian? Está lá no fundo. Ele deixou comigo faz uns meses. Disse que era “um presente adiantado”. — Oliver ergueu os olhos. — Acho que era pra você.
Lia hesitou. Um presente?
— Ele nunca me deu nada. Só distância.
— Talvez isso fosse a forma dele de tentar... consertar algo.
Ela odiava o jeito como ele falava. Como se entendesse o pai dela melhor do que ela mesma. Como se aquele lugar tivesse respostas que ela passou a vida inteira tentando esquecer.
— Ele morreu sozinho — disse, sem rodeios.
— Todos morrem sozinhos, Lia. O problema é como a gente vive até lá.
A frase bateu fundo. Ele voltou ao que fazia, como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse jogado aquela verdade crua no meio da oficina.
Ela encarou a moto no fundo da garagem. A tinta vermelha desbotada. O banco de couro gasto. Uma lembrança congelada no tempo.
E então ela perguntou, sem nem saber por quê:
— Você conhecia ele bem?
Oliver respirou fundo. Por um segundo, hesitou.
— Mais do que gostaria.
O silêncio entre eles agora era outro. Cheio de camadas, de pontas soltas, de promessas perigosas. Lia sabia que aquele homem era mais do que um mecânico com frases filosóficas.
E, de algum jeito, sabia também... que ele podia destruir tudo o que ela levou anos tentando manter sob controle.
Era para ser só uma visita rápida. Saber da moto. Pegar a chave. Ir embora.
Mas Lia estava ali há quase vinte minutos, observando Oliver trabalhar como se ele fosse uma cena difícil de esquecer.
Ele se movia com precisão. As mãos grandes e firmes, sujas de graxa, tratavam o motor com uma delicadeza quase... íntima. A camiseta justa colava nas costas largas, manchada de suor. E o cheiro — uma mistura de couro, metal e algo puramente masculino — fazia o ar na oficina parecer mais denso.
— Tá olhando o quê? — ele perguntou sem virar, com um sorriso sutil nos lábios.
Ela cruzou os braços, defensiva.
— Só tentando entender o que você tem que o deixava tão próximo do meu pai.
Oliver se endireitou, pegou um pano para limpar as mãos, e veio até ela.
Parou perto demais. Centímetros demais.
— Você sempre é assim com todo mundo? Ou só comigo?
— Assim como?
— Fria. Arrogante. Tentando parecer que nada te afeta... mesmo quando seus olhos dizem outra coisa.
Lia sentiu o corpo inteiro reagir. Um calor subiu pelo peito, e ela odiou o quanto aquilo a mexia. Ele estava perto. Muito perto. E os olhos dele pareciam ler mais dela do que qualquer um jamais conseguira.
— Você não me conhece, Oliver.
— Ainda não. Mas quero.
O silêncio se esticou entre eles como um fio prestes a romper.
Lia mordeu o lábio, indecisa entre recuar ou provocá-lo ainda mais.
— Isso parece perigoso — sussurrou.
Ele inclinou o rosto até quase tocar o dela. Os lábios a um sopro de distância.
😊😊😊
Oliver.. 😌
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Thamara Nobre
precisava só do personagem vestido como tá descrito. pra imagem casar melhor. 😉
2025-05-03
2
Elenice Martins
lindo
2025-05-02
1