Capítulo 2 – As Sombras da

Quando eu tinha três anos, o mundo era um lugar barulhento demais — e ainda assim, o que mais doía era o silêncio entre os gritos.
A casa era simples, com paredes finas e o chão de madeira que rangia a cada passo. Mas pra mim, parecia um campo de batalha escondido dentro de um lar. E as trincheiras? Eram os cantos da casa onde eu me encolhia pra tentar desaparecer.
A casa era simples, com paredes finas e o chão de madeira que rangia a cada passo. Mas pra mim, parecia um campo de batalha escondido dentro de um lar. E as trincheiras? Eram os cantos da casa onde eu me encolhia pra tentar desaparecer.
O Estopim
Era uma noite quente, abafada. O ventilador velho no canto só fazia barulho, sem refrescar nada. Minha mãe estava lavando a louça, e meu pai chegou do trabalho com os passos pesados, já chutando a porta.
Spike
Spike
> — “De novo esse arroz empapado, Hannah?!” — ele gritou, jogando a mochila no sofá com violência.
Minha mãe nem olhou pra ele. Continuou lavando os pratos como se cada gota d'água fosse uma oração silenciosa.
Hannah
Hannah
> — “É o que tem, Spike. Se quiser algo melhor, vá fazer.”
Ela disse com voz firme, mas cansada. Eu estava sentado no chão da sala, com um carrinho de brinquedo na mão. Parado. Sem brincar. Ouvindo tudo.
Spike
Spike
— “Você me desafia agora? É isso? Vai começar o showzinho na frente do moleque?”
Hannah
Hannah
— “Você já faz o show sozinho. Eu só tento proteger meu filho.”
A voz dela tremeu um pouco. Não de medo. De dor.
O que veio depois eu não vi. Só ouvi. Barulho de copo quebrando. Um prato batendo na parede. E o som do choro dela tentando não escapar.
Eu me encolhi atrás do sofá. O carrinho caiu da minha mão. Naquele momento, aprendi que silêncio também pode ser grito.
--- Minha Relação com Minha Mãe
Minha mãe era minha única certeza em meio ao caos. Ela me abraçava como se quisesse me esconder do mundo. Cantava baixinho músicas antigas enquanto eu dormia. E quando eu perguntava por que o papai gritava tanto, ela só dizia:
Hannah
Hannah
Porque ele tem medo de si mesmo, meu amor. Mas você não precisa ser como ele.”
Ela nunca falava mal dele diretamente. Mas cada vez que limpava uma lágrima minha com as mãos cansadas, ela dizia tudo com os olhos.
--- Minha Relação com Meu Pai
Meu pai era o tipo de homem que causava medo só de abrir a porta. Ele quase nunca me tocava com carinho. Só dava ordens, gritava, ou ignorava minha existência.
Spike
Spike
— “Homem não chora.”
Spike
Spike
— “Engole esse drama.”
Spike
Spike
Você tem que ser forte, moleque.”
Eu cresci tentando ser invisível pra não ser o alvo. E ao mesmo tempo... desejando que um dia ele me olhasse com amor.
Mas o amor dele era uma promessa nunca cumprida.
--- Reflexão Final
Aos três anos, aprendi que nem todo pai é abrigo. E que às vezes, o maior ato de coragem de uma criança... é continuar acreditando que existe algo melhor do que aquilo.
E foi assim que minha vontade de lutar começou. Nasceu no meio da dor, alimentada pelo silêncio e protegida pelo colo da minha mãe. ---

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