Para Sempre e Sempre

Para Sempre e Sempre

o peso do silêncio

Alexa olhou para o pote de vidro, suas mãos tremendo levemente enquanto o tocava, como se o contato com aquele objeto fosse a única coisa capaz de trazer alguma sensação de realidade em meio ao vazio que havia se instalado dentro de si. As bolinhas de gude estavam ali, pequenas esferas coloridas que pareciam tão simples, mas que carregavam um peso tão grande que ela mal conseguia entender.

A tia Zoe sempre fora sua âncora. Uma mulher forte, generosa, com um sorriso que iluminava até os dias mais sombrios. Ela era a confidente, a amiga e, mais do que tudo, a pessoa que Alexa sabia que sempre teria ao seu lado. Mas a vida é cruel e, em um piscar de olhos, a tia foi arrancada dela, deixando um vazio profundo, impossível de preencher.

Quando Zoe faleceu, de repente, sem avisos ou sinais, uma parada cardíaca a tirou do mundo. Alexa se sentiu perdida, abandonada, como se o chão tivesse sumido sob seus pés. O funeral foi uma mistura de dor e incompreensão. As palavras de consolo de amigos e familiares eram meros sussurros distantes, porque nada poderia aliviar a dor de perder quem se amava tanto.

No entanto, antes de partir, a tia havia lhe deixado um último presente: um pote de vidro, com bolinhas de gude coloridas, dispostas com uma perfeição quase inquietante. Alexa não entendia a princípio. Zoe nunca mencionara algo sobre isso antes, mas quando a garota, ainda com o rosto pálido de tanto chorar, abriu o pequeno presente, encontrou uma carta dobrada ao lado das bolinhas.

A letra da tia era legível, mas o conteúdo das palavras parecia ir além do que Alexa podia compreender naquele momento:

“Essas bolinhas de gude são para você, minha querida. Cada uma delas representa um dos dez momentos em que o seu futuro amor te amará com uma intensidade que você nunca imaginou ser possível. Essas bolinhas não são apenas pedras coloridas, Alexa. Elas são um símbolo. Um símbolo do que virá, quando menos esperar. O amor verdadeiro pode ser tranquilo como um riacho, mas também pode ser avassalador como o mar. Você verá.”

Aquelas palavras foram como um golpe em seu coração. Ela não conseguia entender. Como a tia, que sempre soubera tanto sobre a vida, poderia ter deixado algo tão misterioso para ela? Como as bolinhas de gude poderiam ter algum significado em meio à dor da perda? O futuro parecia ser uma ideia distante, algo que não existia mais para ela.

Mas, à medida que os dias passavam, e o luto tomava conta de seu ser, Alexa começou a olhar aquelas bolinhas de gude com mais atenção. Cada uma tinha cores diferentes, algumas mais opacas, outras mais brilhantes, todas com uma pequena marca ou falha, como se cada uma tivesse sua própria história, sua própria trajetória.

Era impossível não imaginar, com o coração apertado, o que aquilo realmente significava. Zoe, com sua sabedoria e amor incondicional, não estava falando de um amor qualquer. Ela estava falando de um amor que transformaria sua vida de uma forma que Alexa ainda não podia compreender. Algo tão profundo que, a cada bolinha, ela poderia ver um futuro diferente, uma possibilidade de redenção e amor que ainda não havia chegado.

Mas tudo o que Alexa sentia agora era a solidão de sua perda. Era difícil acreditar que um amor tão intenso fosse real, que alguém um dia pudesse amá-la daquela forma. Ela pegou a primeira bolinha do pote, um azul profundo, e ficou olhando para ela por longos minutos. Talvez fosse uma ilusão. Talvez Zoe estivesse apenas tentando confortá-la de uma maneira que não fazia sentido. Mas, ainda assim, havia algo que ela não conseguia deixar de fazer: acreditar.

A primeira bolinha de gude era a única que ela havia tocado até então. Ela guardou dentro de seu bolso, como se estivesse carregando uma esperança que, mesmo dilacerada, ainda resistia.

-o futuro

Alexa sussurrou para si mesma

-talvez o futuro seja a única coisa que me resta.

E enquanto ela ficava ali, com a dor do luto e a dúvida do que viria pela frente, algo dentro de si se aquecia, tímido, mas persistente. O amor poderia estar distante, mas o que Zoe queria lhe mostrar estava começando a fazer sentido, mesmo que de forma tênue. Porque, apesar de tudo, as bolinhas de gude eram um lembrete: o amor, em algum lugar, ainda existiria. E talvez, apenas talvez, ele chegasse para ela, com a intensidade que a tia prometera

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Comments

Meire

Meire

autora você me pegou pela curiosidade, você soube jogar as palavras de um jeito que enquanto não desvendar o mistério das bolinhas de gude não vou sossegar!
então linda nem pense em parar dd escrever até o final! bjs.

2025-04-06

1

Sônia Ribeiro

Sônia Ribeiro

Começando hj 05-04-25 ♥️🥰

2025-04-06

0

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