Sombras do Passado

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Lúcia acordou naquela manhã sentindo um peso no peito. A mensagem de André na noite anterior ainda ecoava em sua mente. Não importava o quanto tentasse enterrá-lo no passado, ele sempre encontrava uma forma de retornar, como uma sombra persistente que nunca desaparecia por completo.

Ela se levantou devagar, arrastando-se até a cozinha para preparar um café. O aroma forte preencheu o pequeno apartamento, mas nem mesmo isso ajudou a dissipar o desconforto que sentia. Tentava se convencer de que bloquear o número de André resolveria tudo, mas sabia que era uma ilusão. Ele não desistiria tão facilmente.

Seu celular vibrou na bancada, e por um segundo, seu coração disparou. Mas, ao olhar a tela, sentiu um alívio imediato: era Rafael.

“Bom dia, dorminhoca. Espero que seu dia esteja tão bonito quanto seu sorriso.”

Lúcia sorriu, sentindo um calor gostoso se espalhar por seu peito. Como alguém podia ter esse efeito sobre ela tão rapidamente? Rafael era como um raio de sol, iluminando até os cantos mais escuros da sua vida.

“Bom dia! Com essa mensagem, acho que meu dia acabou de melhorar.”

Ela enviou a resposta e tomou um gole do café, sentindo-se um pouco mais leve. Talvez fosse possível deixar o passado para trás. Talvez, pela primeira vez em muito tempo, ela pudesse se permitir ser feliz.

No entanto, essa sensação durou pouco.

Quando saiu para o trabalho, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ao olhar ao redor, teve a impressão de que alguém a observava. Seu olhar percorreu a rua movimentada, mas tudo parecia normal. Pessoas caminhavam apressadas, motoristas buzinavam impacientes no trânsito, e a vida seguia seu curso.

"Estou paranoica", pensou, sacudindo a cabeça e apertando o passo.

Mas, no fundo, sabia que não era apenas paranoia.

Um Passado Que Insiste em Voltar

Durante o dia, tentou se concentrar no trabalho, mas sua mente continuava inquieta. O tempo passou arrastado, cada minuto parecendo mais longo que o normal. Quando finalmente saiu do escritório, já estava exausta, tanto física quanto mentalmente.

Caminhava para casa quando seu celular vibrou novamente. Dessa vez, um número desconhecido.

Seu corpo gelou.

Ela hesitou antes de atender, mas algo dentro dela dizia que já sabia quem era.

— Alô?

Um silêncio de poucos segundos do outro lado da linha. Então, a voz que ela tanto temia soou, baixa e firme:

— Lúcia… achei que você não fosse atender.

O coração dela martelou contra o peito.

— O que você quer, André? — Sua voz saiu mais fria do que esperava.

— Precisamos conversar. Você sabe que precisa me ouvir.

— Eu não te devo mais nada. Você não faz mais parte da minha vida — ela retrucou, tentando manter a firmeza na voz.

— Você pode até tentar se convencer disso, mas nós dois sabemos que não é tão simples assim.

Lúcia fechou os olhos, sentindo um aperto na garganta.

— Me deixa em paz.

Ela desligou o telefone antes que ele pudesse responder. Seus dedos tremiam enquanto guardava o celular no bolso. Respirou fundo e olhou ao redor, sentindo-se inquieta. Tinha a sensação de que, a qualquer momento, André poderia surgir das sombras, invadindo novamente sua vida.

Apurou o passo até seu prédio e só relaxou quando a porta do apartamento se fechou atrás dela.

Mas sabia que aquilo estava longe de acabar.

Refúgio em Rafael

Horas depois, quando Rafael apareceu com uma garrafa de vinho e um sorriso encantador, Lúcia sentiu que poderia, ao menos por um momento, esquecer seus medos.

— Pensei que um bom vinho e uma ótima companhia poderiam melhorar sua noite — ele disse, piscando para ela.

Ela sorriu, tentando disfarçar o turbilhão de emoções dentro de si.

— Você definitivamente tem boas ideias.

Os dois se sentaram no sofá, rindo e conversando. Rafael sempre conseguia arrancar dela sorrisos sinceros, mesmo nos dias mais difíceis. Mas, dessa vez, ele percebeu que havia algo diferente nela.

— Você parece distante hoje… aconteceu alguma coisa?

Lúcia hesitou, segurando a taça de vinho entre os dedos. Parte dela queria contar tudo. Confiava em Rafael, mas o medo de assustá-lo era grande demais.

— Só um dia difícil no trabalho — mentiu, forçando um sorriso.

Ele estudou seu rosto por um instante, como se tentasse decifrar a verdade por trás de suas palavras.

— Tem certeza?

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio.

— Sim… só cansaço.

Rafael não pareceu convencido, mas não insistiu. Em vez disso, passou o braço ao redor dela e a puxou para perto.

— Tudo bem — disse, beijando sua testa. — Só quero que saiba que estou aqui.

Lúcia fechou os olhos e se permitiu relaxar contra ele. No calor de seus braços, sentia-se protegida.

Mas, no fundo, sabia que aquilo não duraria para sempre.

Porque, mais cedo ou mais tarde, o passado voltaria para cobrá-la.

E ela não sabia se Rafael ficaria ao seu lado quando descobrisse toda a verdade.

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