Uma Conexão Instantânea

---

O cheiro de café fresco pairava no ar, misturando-se ao calor aconchegante da pequena cafeteria. Do lado de fora, a chuva continuava caindo, tamborilando suavemente contra as janelas embaçadas. O mundo lá fora parecia distante, quase irrelevante, enquanto Lúcia e Rafael se sentavam frente a frente em uma mesa próxima à vidraça.

— Então, você sempre esbarra nas pessoas assim ou hoje foi um dia especial? — Rafael brincou, mexendo distraidamente o café com a colher.

Lúcia riu, soprando suavemente a espuma do próprio cappuccino.

— Só quando o destino resolve ser inconveniente.

— Bom, se ele te trouxe até aqui, acho que posso perdoá-lo.

Havia algo na forma como Rafael falava que a deixava à vontade. Sua voz era firme, mas leve. Ele não parecia estar tentando impressioná-la, o que tornava tudo ainda mais natural.

— E você? — perguntou Lúcia, inclinando-se um pouco para frente. — Sempre convida estranhos para tomar café depois de esbarrar neles na rua?

Rafael sorriu, encostando-se na cadeira.

— Nem sempre. Mas algo me disse que seria um erro deixar você ir embora sem ao menos saber seu nome.

Lúcia sentiu um leve rubor subir pelo rosto, mas disfarçou bebendo um gole do cappuccino.

— Lúcia — disse, finalmente.

— Rafael.

Os nomes pairaram no ar entre eles, como se, ao pronunciá-los, estivessem selando um acordo silencioso.

O tempo passou sem que percebessem. A conversa fluiu de maneira surpreendentemente fácil, como se já se conhecessem há anos. Falaram sobre gostos musicais, filmes favoritos e até os lugares que sonhavam visitar. Rafael contou sobre sua paixão por viagens, sobre como gostava de explorar cidades desconhecidas sem um roteiro fixo. Lúcia, por outro lado, confessou que sempre preferiu a segurança do que já conhecia.

— Acho que viajar sem um plano me deixaria ansiosa demais — disse ela, brincando com a alça da xícara.

— Mas é isso que torna tudo mais emocionante — Rafael rebateu. — A ideia de que qualquer coisa pode acontecer.

Ela sorriu, balançando a cabeça.

— Você parece gostar de correr riscos.

— Talvez um pouco. Mas alguns riscos valem a pena.

A forma como ele disse isso fez com que o coração de Lúcia acelerasse, mas ela desviou o olhar para a chuva lá fora, tentando ignorar a sensação estranha que crescia dentro dela.

Depois de mais de uma hora conversando, Lúcia olhou o relógio e percebeu que o tempo havia passado rápido demais.

— Acho que preciso ir — disse, relutante.

Rafael assentiu, mas não pareceu decepcionado.

— Posso te acompanhar até sua casa?

Ela hesitou por um momento, mas acabou sorrindo.

— Acho que não tem problema.

Caminharam lado a lado pelas ruas úmidas, agora apenas sob uma garoa fina. Rafael contou algumas histórias engraçadas sobre sua infância, fazendo Lúcia rir mais do que havia rido nos últimos meses. Quando chegaram à porta do prédio dela, o silêncio se instalou entre os dois por um breve instante.

— Eu gostei muito dessa noite — Rafael disse, finalmente.

— Eu também.

Ele pareceu considerar algo por um momento antes de sorrir de lado.

— Então, se o destino nos colocou no mesmo caminho uma vez, talvez ele faça isso de novo.

Lúcia arqueou uma sobrancelha.

— Ou talvez a gente possa dar uma ajudinha para ele.

Rafael riu.

— Eu gosto dessa ideia.

Ela pegou o celular e digitou rapidamente seu número antes de entregá-lo a ele. Rafael salvou o contato e olhou para ela uma última vez antes de dar um passo para trás.

— Boa noite, Lúcia.

— Boa noite, Rafael.

E, com um último sorriso, ele se virou e desapareceu pela rua.

Lúcia ficou parada ali por alguns instantes, sentindo o coração batendo mais rápido do que deveria. Algo nela dizia que aquele encontro não havia sido apenas uma coincidência.

O destino, afinal, tinha um jeito peculiar de escrever histórias.

---

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!