A brisa salgada e fresca do mar tocava minha pele enquanto eu caminhava pela praia. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu de tons laranja e rosados. Eu adorava esse horário. O mar, com suas ondas suaves batendo contra a areia, parecia sempre trazer uma sensação de tranquilidade, uma calmaria que contrastava com a agitação do resto do dia. Os barcos começavam a retornar ao porto, suas velas desgastadas refletindo a luz dourada do sol. Era quase como se o mar os estivesse engolindo lentamente, como uma visão submersa, à medida que eles se aproximavam da costa.
O som dos barcos deslizando sobre a água misturava-se com o grito distante das gaivotas, que voavam em círculos sobre o mar. Eu podia ouvir os pescadores conversando animadamente enquanto descarregavam os peixes, a água batendo contra os cascos dos barcos de madeira e o cheiro da maresia preenchendo o ar.
De repente, o Sr. Antônio apareceu, seu rosto enrugado marcado pela idade e pelo trabalho árduo do mar. Ele estava de pé ao lado de seu barco, com as mãos calejadas segurando o cabo de uma rede. O barco de Antônio era simples, de madeira desgastada pelo tempo, com os bancos de pesca cobertos de sal e areia. Havia sempre o cheiro de peixe fresco em sua embarcação, misturado com o odor da madeira úmida e o vento que vinha do mar. Ele me olhou e acenou com a cabeça, sorrindo suavemente, como sempre fazia.
"Ah, Joyce, minha querida", disse ele com sua voz rouca e cansada. "Hoje a pesca foi difícil. Parece que os peixes estão se escondendo do nosso alcance, como se uma maldição tivesse caído sobre essas águas."
Quando ele falou a palavra "maldição", uma sensação estranha percorreu minha espinha, como um arrepio. Eu sabia que o mar, com sua imensidão e mistério, tinha seus próprios segredos. Algo me dizia que havia mais por trás disso do que eles imaginavam.
"Mas o senhor vai precisar de ajuda hoje, Sr. Antônio?" perguntei, tentando disfarçar o desconforto que essa palavra me causou.
Ele parou por um momento, olhando para mim com um semblante sério, como se ponderasse. Então, com um suspiro profundo, foi até um dos baldes de pesca, onde peixes ainda saltavam, lutando para se libertar das redes. Ele retirou um peixe do tamanho médio e o entregou a mim, com um sorriso cansado nos lábios.
"Isso é para você, Joyce. Os compradores não gostam muito desse peixe, mas você pode usá-lo para sua refeição. Cozinhe na panela de pressão, fica mais macio", ele disse, colocando o peixe em minhas mãos.
"Obrigada, Sr. Antônio. Eu vou fazer isso, prometo", respondi, com a voz baixa, mas sincera. Eu sabia o quanto ele se importava, mesmo que fosse difícil para ele aceitar a ajuda dos outros. A generosidade dele era algo que eu sempre admirava.
Enquanto eu me afastava, o som dos barcos começando a ser descarregados misturava-se com o murmúrio distante dos pescadores. A conversa deles se arrastava, cheia de piadas e risadas, mas o que chamou minha atenção foi o som de um dos velhos pescadores, o mais bêbado de todos, que falava sobre uma história estranha, algo sobre a lenda da Fênix. Quando ouvi essa palavra, algo dentro de mim se mexeu. Era como se uma porta dentro de mim fosse aberta, revelando uma sensação que eu não conseguia entender.
"O que é isso que você está dizendo, Sr. Antônio?", perguntei, me aproximando dele enquanto ele se acomodava na areia. Ele me olhou com um sorriso travesso, sabendo que eu estava curiosa.
"Sente-se aqui, Joyce. Vou te contar uma história que vai arrepiar seus ossos. Uma história sobre amor, brigas, sofrimento... e uma Fênix", ele disse, gesticulando para que eu me sentasse ao seu lado. O vento fazia com que seus cabelos grisalhos se movessem, e o som das ondas quebrando na praia parecia intensificar a magia daquela história.
Eu me sentei ao lado dele na areia, e a sensação de estarmos sozinhos no mundo, apenas o mar e nós, me envolveu. O som do vento que passava por nós, o farfalhar das folhas das palmeiras ao longe e o murmúrio dos pescadores ao fundo, tudo isso se misturava com as palavras de Sr. Antônio. Ele começou a falar, e sua voz era baixa, quase como se ele estivesse prestes a contar um segredo.
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Atualizado até capítulo 57
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