O baile continuava em sua glória habitual, com risadas melodiosas e passos ritmados ecoando pelo salão ornamentado. Lustres reluziam no teto, espalhando reflexos dourados sobre os tecidos refinados dos vestidos que rodopiavam na pista. Homens em fraques impecáveis trocavam cumprimentos calculados, e damas sussurravam por trás de leques rendados, avaliando possíveis pretendentes.
Nora retornou para dentro, mantendo a postura ereta e a expressão indecifrável, embora o breve encontro com o Duque de Ashford ainda ecoasse em sua mente. Ele era diferente do que esperava. Mais perspicaz, mais paciente. Havia algo nele que despertava a sua inquietude, mas isso não significava que ela cederia facilmente.
Seu devaneio foi interrompido pela figura sempre alerta de sua mãe, Mary, que a encontrou rapidamente, como se já soubesse que a filha tentaria escapar.
— Ah, aí está você! — Mary segurou sua mão com firmeza, examinando-a com olhos atentos, como se buscasse vestígios do que havia acontecido. — O Duque conversou com você, não foi?
Nora suspirou, resistindo ao impulso de revirar os olhos.
— Sim, mamãe, ele conversou. E ainda estou solteira, veja só.
Mary crispou os lábios, mas manteve a compostura.
— Não brinque com algo tão sério, Nora. O Duque gostou de você, eu percebi, na verdade muitos aqui perceberam. Esse é um bom começo.
— Para quem, exatamente? — retrucou, erguendo uma sobrancelha com um sorriso insolente.
Mary suspirou novamente, segurando o impulso de repreendê-la em público.
— Apenas aproveite a noite. Dance um pouco. Seja encantadora.
Antes que Nora pudesse contestar, um cavalheiro de expressão gentil se aproximou e pediu-lhe a honra da dança. Ela hesitou por um segundo, mas não havia alternativa. Com um sorriso ensaiado, aceitou, permitindo que ele a guiasse até o centro do salão.
A música começou, e os dois se moviam conforme a cadência da valsa. Nora seguia os passos com graça, em um canto do salão um olhar intenso a observava.
O Duque de Ashford pegou mais uma taça de vinho, os seus olhos acompanhando cada um dos seus movimentos. Havia algo de intrigante em Nora, algo que o desafiava, e o Duque nunca fora um homem de desistir facilmente do que ele desejava.
Quando a dança terminou, Nora agradeceu educadamente ao parceiro e começou a se retirar para buscar um refresco, mas seu caminho foi abruptamente bloqueado por uma presença firme e imponente.
O Duque de Ashford.
Ele não precisou anunciar sua chegada. O seu olhar fez isso por ele.
— Aceitaria uma dança, Lady Nora?
Não era exatamente um pedido. Sua voz era uma mistura de autoridade e charme contido, uma afirmação que poucos ousariam recusar. Mas Nora não era como as outras.
Ela inclinou a cabeça ligeiramente, passou a mão no vestido por um instante, antes de deslizar as mãos suavemente para trás do vestido, num gesto de calculada indiferença.
— Vossa Graça não se cansa tão facilmente, não é?
Um sorriso se formou nos lábios do Duque, discreto, mas carregado de significado.
— Apenas quando algo não me intriga.
— Ah, então sou um mistério agora?
— Com certeza. Um dos mais fascinantes.
Nora bufou suavemente, mas cedeu, estendendo a mão em aceitação. Os dedos dele se fecharam ao redor dos dela, firmes, quentes, seguros. Ele a conduziu ao salão, e logo a música recomeçou.
Os seus corpos se moviam em perfeita sincronia, os passos impecáveis, o contato mínimo, mas eletrizante. O toque da mão do Duque na cintura de Nora era um lembrete silencioso da proximidade entre eles, e o modo como ele a guiava demonstrava não apenas habilidade, mas controle — um controle que Nora não estava disposta a conceder facilmente.
— É estranho — murmurou ele, enquanto girava Nora elegantemente —, mas tenho a sensação de que você preferiria estar em qualquer outro lugar.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Ora, Duque, que tipo de dama recusaria um belo salão, boa música e a companhia de um cavalheiro tão estimado?
— Esse tom de ironia não passa despercebido, Lady Nora.
Ela sorriu de lado, desafiadora.
— E por que se importa tanto?
O Duque apertou levemente a sua mão, sem interromper o ritmo perfeito da dança.
— Porque quero entender você.
Nora piscou, surpresa. A maioria dos homens apenas queria possuí-la, transformá-la em uma esposa obediente, moldada para agradar a sociedade. Mas o Duque... ele parecia realmente interessado no que havia por trás das palavras afiadas e do olhar calculadamente indiferente.
— Talvez não haja nada para entender — respondeu ela, tentando manter a distância emocional.
O olhar dele, no entanto, permaneceu fixo nela, perscrutador.
— Discordo. Acho que há muito mais em você do que está disposta a mostrar.
Por um instante, a compostura de Nora vacilou. Ele estava certo. E isso a incomodava mais do que queria admitir.
A dança chegou ao fim, e ele a guiou com elegância para a lateral do salão.
— Foi um prazer dançar com você, Lady Nora.
Ela fez uma pequena reverência, um sorriso travesso nos lábios.
— O prazer foi todo seu, Vossa Graça.
O Duque riu baixo, genuinamente divertido.
— Até a nossa próxima dança.
Nora o observou enquanto ele se afastava, cumprimentando outros convidados com sua postura impecável e charme inegável.
Ele era um adversário digno.
Mas o seu coração pertencia a um homem que talvez nunca voltasse.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Carolina Luz
o Duque gostou dela porque não é igual as outras que parecem que foram programadas pra falar, andar etcetera já ela tem pensamentos e opinião própria que o atrai muito, não acho que ele será um vilão
2025-03-25
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Dulce Gama
gostaria de saber qual é a do duque um homem bonito Rico e fica como se tivesse jogado que ganha quem perde ainda não entendi qual é adele 🎁🎁🎁🎁🎁👍👍👍👍👍🌹🌹🌹🌹🌹❤️❤️❤️❤️❤️
2025-03-23
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