Um Jogo de Palavras

O salão estava iluminado de forma majestosa, com lustres imensos espalhando o seu brilho sobre os convidados. A valsa fluía pelo ambiente, conduzindo casais bem-apessoados pelo piso reluzente, e Nora sentia cada par de olhos pousado sobre si.

Ela era a jovem solteira mais cobiçada da noite, e sabia disso.

Mas, ao contrário do que sua mãe esperava, isso não lhe trazia qualquer satisfação.

Os sussurros e olhares aumentaram quando um homem alto, de presença marcante, atravessou o salão em sua direção. O duque de Ashford.

Ele era exatamente como haviam descrito e, ainda assim, diferente do que esperava. Vestia-se com uma elegância impecável, carregava um ar confiante, mas havia um certo divertimento em seu olhar, como se enxergasse tudo ao seu redor com entusiasmo.

— Lady Elionora Clifford. — Sua voz era firme e grave, mas envolvente, como uma melodia perigosa. Ele fez uma leve reverência.

Nora ergueu o queixo levemente, mantendo a compostura.

— Vossa Graça — respondeu, sem se apressar em retribuir a saudação.

Os olhos do duque brilharam com interesse. Ele claramente estava acostumado com donzelas deslumbradas e obedientes. Nora não era nenhuma dessas coisas.

— Ouvi dizer que a senhorita é a joia mais reluzente deste salão.

— E ouvi dizer que Vossa Graça tem o costume de colecionar joias — retrucou ela, um leve sorriso no canto dos lábios.

O duque inclinou a cabeça, como se estivesse analisando-a sob uma nova perspectiva.

— Temo que tenha ouvido boatos imprecisos. Eu não coleciono, Lady Nora. Eu admiro.

— De longe, espero. — Ela arqueou uma sobrancelha.

— Quando algo é realmente fascinante, manter distância torna-se um sacrilégio.

Nora não pôde evitar uma risada leve. Ele era astuto, tinha que admitir. Mas ela não pretendia tornar as coisas fáceis.

— Então, Vossa Graça é um admirador da beleza?

— Sou um admirador da singularidade.

Ela sentiu o olhar dele deslizar sobre si, analisando-a não apenas pela aparência, mas pelo desafio que sua atitude representava.

— Que conveniente — murmurou Nora. — Imagino que isso torne as suas noites extremamente ocupadas, considerando a quantidade de beldades neste salão.

O duque sorriu, inclinando-se levemente para mais perto.

— Algumas beldades são passageiras. Outras são inesquecíveis.

— E suponho que Vossa Graça já tenha encontrado muitas inesquecíveis.

— Talvez. Mas não como a senhorita.

A resposta veio rápida, e dessa vez Nora não teve um comentário afiado na ponta da língua.

Ele sabia exatamente o que dizer e como agir.

O silêncio entre eles durou um segundo a mais do que deveria, e então o duque estendeu a mão.

— Me concederia esta dança?

Ela sentiu o olhar de sua mãe sobre si. Sabia o que esperavam dela. Sabia que uma recusa poderia ser um escândalo.

Engolindo a frustração, pousou a mão sobre a dele.

A música mudou para uma melodia lenta e elegante enquanto ele a guiava para a pista de dança. Sua mão em sua cintura era firme, mas respeitosa. Ele dançava com precisão, sem hesitações, e Nora, apesar de si mesma, percebeu que ele era um excelente parceiro de valsa.

— Não parece feliz por estar aqui, Lady Nora. — Ele afirmou a encarando.

— Talvez porque eu não tenha escolhido estar.

— Mas poderia escolher apreciar a noite.

Ela riu suavemente.

— E o que faz Vossa Graça pensar que não estou?

Ele a girou com facilidade, e então inclinou a cabeça levemente, observando-a.

— Porque há algo em seu olhar que diz que preferia estar em qualquer outro lugar.

Nora sentiu um aperto no peito. Porque ele estava certo. Porque sua mente não estava ali, mas sim em um certo par de olhos verdes, em um sorriso que um dia prometeu voltar, e que a cada mero segundo que passava aumentava a sua saudade.

E ela esperava. Mas por quanto tempo poderia esperar?

O duque parecia pronto para continuar a conversa, mas então a música chegou ao fim.

Ele manteve sua mão na dela por um segundo a mais do que o necessário antes de soltá-la.

— Foi um prazer dançar com a senhorita. Espero que possamos repetir.

— Isso dependerá do destino, Vossa Graça. — Nora o respondeu com um leve sorriso.

Ele sorriu, divertindo-se com sua resposta evasiva.

— Ou da nossa própria vontade.

Ele se afastou, deixando Nora com um peso no peito.

A sua mãe se aproximou quase de imediato, um sorriso satisfeito nos lábios.

— Ele gostou de você.

Nora manteve os olhos no duque, que conversava com outros nobres, mas sua mente estava longe dali.

Ele podia até ter gostado dela, mas ela não estava pronta para isso, não com o duque.

Não quando seu coração pertencia a um homem que estava a quilômetros de distância, e que já deveria ter voltado para ela.

— Duque Arthur Ashford

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Comments

Carolina Luz

Carolina Luz

só tem gente linda nesse livro parabéns autora tô gostando muito 🌹❤️

2025-03-25

1

Dulce Gama

Dulce Gama

as fotos dos personagens são realmente linda tomara que Leonora não sofra muito pra ser feliz ❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁👍👍👍👍👍🌹🌹🌹🌹🌹

2025-03-23

1

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