...\~Hanna James\~ ...
Ser filha de Matteo James significava muitas coisas. Significava carregar um sobrenome que valia bilhões. Significava crescer em meio a eventos de gala, jantares luxuosos e ter o mundo inteiro de olho na sua vida. Mas, acima de tudo, significava ter uma família incrível.
Eu não poderia desejar pais melhores. Meu pai era um dos homens mais poderosos da Inglaterra, um empresário brilhante, admirado por todos. Mas, apesar da posição que ocupava, ele sempre fez de tudo para nos manter fora dos holofotes. Para o mundo, Matteo James era um gigante no mundo dos investimentos, um milionário influente, um estrategista implacável. Porém, para mim e para meu irmão Davi, ele era apenas nosso pai.
Minha mãe, Mia Thompson, era a mulher mais forte que já conheci. Inteligente, bondosa e determinada. Não importava o quão ocupado meu pai estivesse, ela sempre garantia que nossa casa continuasse sendo um lar.
Eu cresci cercada por amor, por segurança, por tudo o que alguém poderia desejar. Mas havia um segredo na família James, algo que ninguém além da minha família sabia—algo que levou anos para me contarem.
Eu não sou filha biológica deles.
Era um segredo bem guardado, nunca exposto ao mundo. Para todos, eu era a herdeira da família James, a destinada a assumir o império dos investimentos.
Meu pai nunca me tratou de forma diferente, nunca deixou que eu me sentisse menos parte da família. Mas eu sabia. E, por saber, eu nunca consegui aceitar o destino que me era imposto.
— Hanna, você precisa começar a pensar no futuro — meu pai costumava dizer.
Mas eu já pensava. Só que meu futuro não era o mesmo que ele imaginava. Eu nunca quis assumir a empresa. Nunca quis carregar esse legado. Meu irmão Davi era o herdeiro legítimo, e eu sabia que ele poderia ser um líder incrível no futuro. Eu não.
Não porque eu não fosse capaz, mas porque não me sentia digna.
Cada vez que esse assunto surgia, eu repetia as mesmas palavras:
— Eu não quero.
E cada vez que eu dizia isso, via um lampejo de frustração nos olhos do meu pai. Ele nunca brigava comigo por isso. Nunca me obrigou a nada. Mas eu sabia que ele queria que eu seguisse seus passos. E eu também sabia que nunca faria isso.
Mesmo com tudo isso, havia algo que sempre ocupava minha mente. Uma lembrança de anos atrás.
Eu devia ter uns quatro anos quando aconteceu. Eu estava no aeroporto, quase sendo sequestrada, até que consegui fugir. O pânico foi instantâneo e eu só conseguia correr. Mas então, esbarrei em um garoto.
Ele era um pouco mais velho do que eu, talvez uns dois ou três anos. Tinha olhos intensos e um jeito tranquilo que me fez confiar nele no mesmo instante. Ele segurou minha mão, me escondeu e ajudou a encontrar meus pais.
E, antes de ir embora, disse algo que eu nunca esqueci:
— Um dia, irei voltar…
Por anos, esperei que ele cumprisse essa promessa. Por anos, me perguntei onde ele estaria, se ainda se lembrava de mim. Mas ele nunca voltou.
Agora, eu estou prestes a completar dezenove anos. Já era hora de seguir em frente, de esquecê-lo.
Não guardava mágoas. Não ficava triste com isso. Nós éramos apenas crianças. Ele provavelmente nem se lembrava mais de mim e eu não podia o culpar por isso.
Mas eu nunca o esqueci.
E, talvez, por muito tempo, eu tenha me prendido a essa lembrança, como se estivesse esperando algo que nunca aconteceria.
Mas agora, eu estou decidida a esquecer. Meu aniversário está chegando, e eu quero aproveitar essa nova fase da minha vida. Eu quero viver, me apaixonar, encontrar alguém que estivesse realmente aqui, ao meu lado.
Talvez fosse hora de arrumar um namorado. Talvez fosse hora de parar de esperar por um fantasma do passado.
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Dias Atuais
Estou me arrumando para ir em um evento beneficente.
Eu odiava esses eventos.
Sorrisos falsos, taças erguidas em brindes vazios, discursos ensaiados sobre caridade enquanto os convidados ostentavam joias que poderiam alimentar um país inteiro. Meu pai sempre me alertou sobre esses eventos, mas eram importantes para os negócios.
Mas agora, como estava iniciando a carreira de modelo, eu precisava me fazer presente. Fazer contatos. Construir uma imagem. E, acima de tudo, mostrar que eu era uma James.
— Hanna, estamos esperando! — a voz da minha mãe ecoou pelo andar de baixo.
Soltei um suspiro e dei os últimos retoques no batom vermelho. Meu vestido longo e preto abraçava minhas curvas na medida certa, elegante e sofisticado. O cabelo estava impecável, solto em ondas naturais que desciam pelas minhas costas. Tudo estava perfeito. Ou pelo menos parecia.
Desci as escadas, sentindo os olhos atentos dos meus pais. Minha mãe sorriu com aprovação.
— Você está linda, querida — minha mãe elogiou.
— Realmente, muito bonita — meu pai acrescentou.
Antes que eu pudesse agradecer, meu irmão, Davi, passou por nós segurando uma tigela de cereal, claramente a caminho do quarto. Ele me olhou de cima a baixo e arqueou uma sobrancelha.
— Até que não está tão feia.
Revirei os olhos.
— Tchau, pirralho.
Ele riu, seguindo seu caminho, e eu apenas balancei a cabeça. Era sempre assim.
Seguimos para o carro. O motorista nos levou até o hotel recém-inaugurado, um dos investimentos mais recentes da empresa James. Ao chegar, fiquei impressionada com a grandiosidade do lugar—lustres de cristal pendiam do teto, e as paredes eram revestidas com um mármore impecável.
Assim que entramos, os convidados começaram a nos cercar. Meu pai era o centro das atenções, como sempre. Homens de negócios, investidores e socialites queriam um minuto de seu tempo, uma conversa rápida, qualquer oportunidade de se aproximar.
E, claro, eu fui incluída nesse teatro.
— Hanna, querida, esta é a Sra. Beaumont. Ela é uma das maiores patrocinadoras do evento.
Sorri educadamente e apertei a mão da mulher mais velha, que me olhou de cima a baixo antes de soltar um comentário previsível:
— Você é ainda mais bonita pessoalmente. Sua carreira como modelo tem tudo para decolar.
— Obrigada — respondi, fingindo entusiasmo.
E assim continuou. Sorrisos, elogios ensaiados, conversas vazias sobre moda e filantropia. Eu sorria, brindava, fazia meu papel.
Depois de algum tempo, já tinha ouvido o suficiente sobre investimentos e novas tendências para a temporada. Peguei uma taça de champanhe e saí discretamente do salão. Meu pai certamente notaria minha ausência, mas sabia que eu voltaria antes que fosse um problema.
Encontrei um elevador, apertei para o terraço e fui para lá, respirando aliviada ao sentir o vento fresco contra minha pele.
A cidade brilhava abaixo de mim, com suas luzes douradas refletindo no rio que cortava Londres. Era uma vista espetacular, o tipo de cena que deveria me trazer paz. Mas, em vez disso, só me trouxe pensamentos.
Pensamentos sobre minha vida, sobre quem eu era e quem deveria ser. E o que o futuro reservaria para mim.
Estava tão perdida em minha mente que só percebi a presença quando uma voz grave soou atrás de mim:
— Está perdida?
Virei-me rapidamente, meu coração pulando com o susto.
Diante de mim, estava um homem segurando uma taça de champanhe.
Ele vestia um terno impecável, o tecido escuro moldando-se perfeitamente ao seu corpo esculpido. Tudo nele exalava poder e riqueza—mas não da maneira artificial daquelas pessoas no salão. Era algo natural, algo que parecia fazer parte de quem ele era.
Mas o que realmente me prendeu foram os olhos. Negros como a noite. Assim como os cabelos, ligeiramente bagunçados, mas que, de alguma forma, só o tornavam ainda mais atraente. Ele era, sem dúvida, o homem mais lindo que eu já tinha visto.
Fiquei encarando por tempo demais. E percebi isso tarde demais, quando um sorriso surgiu em seus lábios perfeitamente desenhados. Um sorriso presunçoso.
Senti meu rosto esquentar.
— Eu… não estou perdida — respondi, tentando recuperar a compostura.
— Tem certeza? — Ele inclinou levemente a cabeça, ainda com aquele olhar intenso sobre mim. — Você parece um pouco… deslocada.
Havia um tom de provocação na sua voz. Cruzei os braços, erguendo uma sobrancelha.
— E você parece alguém que gosta de tirar conclusões precipitadas.
Ele riu, um som rouco e baixo que me fez sentir um arrepio estranho.
— Talvez. Mas eu sou bom nisso.
O olhar dele permaneceu fixo no meu, como se estivesse me analisando, tentando me decifrar. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que alguém realmente me via.
Não como a herdeira James. Não como a garota que deveria assumir uma empresa que não queria. Mas como… eu.
O estranho deu um passo à frente, ainda sorrindo.
— Meu nome é Atlas. E o seu?
Engoli em seco.
\~ Atlas.
O nome soou familiar de um jeito estranho. Como um eco de algo esquecido, mas nunca realmente perdido.
\~ Não podia ser!?
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Atualizado até capítulo 113
Comments
Diana
Hanna é tão linda 🥹
2025-07-07
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