Inglaterra

Três dias depois

Três dias desde que soube que ela finalmente tinha um sobrenome, uma vida, uma família.

Hanna James.

Eu andava pelos corredores da mansão, o eco dos meus passos preenchendo o silêncio. Meus pensamentos estavam a mil, mas minha expressão permanecia impassível. Meu pai havia me chamado ao seu escritório, e, se eu conhecia Lincon, aquilo não era apenas uma conversa casual.

Parei diante da porta de madeira escura e bati duas vezes.

— Entre.

Girei a maçaneta e adentrei o escritório. Lincon estava atrás de sua mesa, como sempre, com a postura impecável e olhar afiado. A única diferença era o envelope que repousava sobre a mesa de mogno, bem à sua frente.

Ele pegou o envelope e jogou para mim.

— Aí está o que você queria.

Franzi o cenho, puxei uma cadeira e me sentei. Meus dedos deslizaram pelo papel antes de abrir o conteúdo. E lá estava tudo.

Nome: Hanna James. / Filha de Matteo James e Mia Thompson. / Família milionária. / Um pai que desistiu de alguns milhões para passar mais tempo com a família e, mesmo assim, continuou entre os mais ricos da Inglaterra.

Continuei lendo, absorvendo cada detalhe. O tipo de vida que ela levava, sua rotina, sua família. Ela não era apenas um nome perdido no passado. Ela era real.

Respirei fundo e fechei o envelope. Então, ergui o olhar para Lincon.

— Por que está me mostrando isso agora?

Lincon cruzou os braços sobre a mesa.

— Porque você encontrou quem estava procurando. Agora, o que pretende fazer com essa informação?

Permaneci em silêncio por alguns segundos.

— Isso é uma decisão minha.

Ele assentiu levemente.

— Sim. Mas esteja preparado para as consequências da escolha que fizer.

Minhas sobrancelhas se uniram em um vinco.

— Consequências?

Lincon se inclinou levemente para frente.

— A garota tem uma vida boa. Um pai que largou milhões para estar com ela. Uma mãe presente. Eles são ricos, sim, mas não parecem ser do tipo que sacrificariam a família por status ou poder.

Fiquei em silêncio.

— Então te pergunto, Atlas: você realmente quer tirá-la dessa vida excelente para trazê-la ao nosso mundo?

Travei o maxilar.

Eu sabia que ele estava certo. Se Hanna estivesse sofrendo, se estivesse perdida e sem rumo, eu não hesitaria. Mas ela tinha uma família que claramente a amava.

Eu tinha o direito de interferir nisso? Eu tinha o direito de fazê-la minha e a colocar em perigo?

Lincon manteve o olhar fixo em mim.

— Você pode apenas vê-la, descobrir mais sobre ela. Ou pode reivindicá-la. Mas, se escolher essa última opção, certifique-se de que está preparado para bater no peito e aceitar as consequências.

Meus punhos se fecharam sobre os braços da cadeira.

— Por que está me dizendo isso?

Ele soltou um suspiro discreto.

— Porque eu conheço esse mundo melhor do que ninguém. E, mais do que isso, eu conheço você!

Meu olhar permaneceu fixo nele. Lincon não era do tipo que demonstrava preocupação abertamente. Mas, no fundo, essa era a forma dele de me alertar.

— Amanhã, Scorpion irá com você.

Levantei uma sobrancelha.

— Scorpion?

— Sim. Ele é meu braço direito, e eu nunca deixaria você ir para um território desconhecido sem um segurança.

Cruzei os braços e soltei um riso nasalado.

— E eu achando que você confiava em mim.

— Eu confio. — Lincon sorriu de canto. — Mas confiar não significa ser ingênuo e deixar meu único filho em risco.

Suspirei e me levantei, pegando o envelope.

— Até lá, você já terá sua resposta — ele disse, me observando. — Faça a escolha certa, Atlas. E lembre-se: nunca decida nada pela emoção.

Assenti.

Deixei o escritório e caminhei pelo corredor, sentindo o peso da decisão sobre meus ombros.

Eu havia passado anos procurando Hanna, a menina da minha promessa. Agora que a havia encontrado, a pergunta não era mais onde ela estava, mas sim o que eu faria a respeito disso?

...----------------...

O aeroporto estava movimentado como sempre. O som de malas sendo arrastadas, anúncios ecoando pelos alto-falantes e pessoas indo e vindo preenchia o ambiente.

Eu estava ao lado de Scorpion, esperando o embarque para a Inglaterra. Ele tinha os braços cruzados e o olhar entediado, como se preferisse estar em qualquer outro lugar do mundo. O que, na verdade, era verdade.

Ele bufou e balançou a cabeça.

— No final das contas, sempre sobra para mim estar em uma viagem com um filho de um Salvatore. Incrível isso.

Dei um meio sorriso, entrando na pilha dele.

— Pelo menos, dessa vez, você não vai querer comer um Salvatore.

Scorpion me lançou um olhar mortal, enquanto eu segurava o riso.

— Muito engraçado, pirralho. Se não fosse seu pai me obrigando a vir, eu estaria em um lugar melhor.

— E você acha que eu te queria aqui?

Ele sorriu sarcástico.

— Acha mesmo que eu também queria vir? Eu estaria muito melhor com a sua prima.

Revirei os olhos.

— É impressionante como você fala isso sem vergonha nenhuma.

Ele riu, dando de ombros.

— Diferente de você, eu já sei o que eu quero.

Ignorei o comentário e peguei meu celular, verificando o horário do voo. Scorpion cruzou os braços e me encarou.

— E então, vai me dizer o que exatamente estamos indo fazer na Inglaterra?

Levantei uma sobrancelha.

— Meu pai não te contou?

— Você sabe como ele é. Só disse que você queria ir e que eu deveria acompanhar.

Fiquei levemente surpreso. Lincon costumava ser bem detalhista com seus homens de confiança, mas, dessa vez, manteve sigilo, respeitando meu segredo.

— Estou indo cumprir uma promessa.

Scorpion soltou uma risada seca.

— Ótima explicação. Isso esclarece tudo, já sei o que irei fazer. Se você levar um tiro do nada, eu digo para seu pai que foi a promessa.

Dei de ombros.

— Você não precisa saber de tudo. Sinta como se estivesse tirando umas férias.

Ele revirou os olhos.

— Se fosse para tirar férias, eu escolheria um lugar onde minha namorada estivesse.

— Reclama com o seu chefe, então.

Ele suspirou.

— Ótimo. Acabei virando a babá de um Salvatore.

Sorri de canto.

— Pelo menos você já tem experiência.

Scorpion apenas revirou os olhos e puxou a mala, pronto para o embarque.

Depois de algumas horas, chegamos na Inglaterra. O clima estava um pouco mais frio do que eu lembrava. A viagem foi tranquila, sem nenhum problema no trajeto. Assim que saímos do aeroporto, um carro já nos esperava para nos levar ao hotel.

Scorpion parecia mais relaxado, mas eu sabia que ele estava alerta a cada detalhe ao redor, nada passa despercebido. Ele era assim: um soldado treinado, leal a Lincon antes de qualquer coisa.

Ao chegarmos ao hotel, fizemos o check-in e fomos para os quartos. Assim que joguei minha mala no chão, virei-me para Scorpion.

— Amanhã teremos um evento beneficente para ir.

Ele me olhou com descrença.

— Sério? E onde entra minha parte nisso?

— Em nada. Só precisamos ser discretos. Ninguém precisa saber quem somos.

Scorpion riu pelo nariz.

— E desde quando você gosta de eventos beneficentes?

— Desde que precisei de um motivo para estar neles.

Ele estreitou os olhos, mas não insistiu.

— E segurança? Quer que eu verifique tudo? Algum inimigo?

Balancei a cabeça.

— Não precisa se preocupar com isso.

Ele cruzou os braços.

— Isso você pode dizer. Mas as ordens que recebi foi bem diferente, seu pai me mandou para ficar de olho em você.

Soltei um suspiro.

— Sei que vai ficar alerta o tempo todo, então nem adianta tentar te manter longe.

— Inteligente da sua parte.

Balancei a cabeça e peguei um copo de água, observando a vista da cidade pela janela. Estou feliz por estar aqui.

— Tem dois quartos, Graças a Deus. — Scorpion diz se jogando em uma cama.

— Eu que não iria dividir uma cama com você!

— Prefiro dormir no chão!… Na viagem com sua prima, só tinha uma maldita cama.

— Me poupe os detalhes dessa viagem de vocês. — Eu digo balançando a cabeça, eu não quero nem pensar no que aconteceu lá.

Estou grato por meu pai ter mandado Scorpion e não outro membro. A gente se trata como cunhados e eu tenho uma grande admiração por ele, mas eu não digo é óbvio. Sem contar que ele foi meu treinador, se hoje eu sei atirar e me defender, é por causa dele. E estando ao seu lado, não preciso me preocupar com nada.

Amanhã será um grande dia.

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Comments

Diana

Diana

esses dois adoram fazer uma graça , tou ansiosa será que Hanna vai reconhecer atlas 🫣

2025-07-07

0

Celia Teotônio

Celia Teotônio

Scorpions sendo Scorpions kkkkkkkkkk

2025-10-25

0

Mavia Dantas

Mavia Dantas

/Angry/

2025-05-06

0

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Capítulos
1 Avisos
2 O Príncipe da Máfia
3 Fardos
4 Inglaterra
5 Terraço
6 Atlas!?
7 Noite
8 Mais que Amigos
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12 Ele!
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14 Noite Inesquecível
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109 Carga
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112 Emaranhados 2
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Atualizado até capítulo 113

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