Yukio estava sentado à sua mesa, olhando para o laptop com os olhos fixos na tela, mas sua mente estava longe. Os dedos, que normalmente dançavam pelo teclado com rapidez, estavam agora parados. Ele suspirou e virou a cadeira para a janela, permitindo que a luz suave da manhã invadisse o pequeno apartamento. O calor da primavera já se fazia sentir, e ele olhou para o céu, notando as nuvens se dissipando lentamente. A cidade lá embaixo continuava sua rotina frenética, mas ele estava em outro lugar, em outra dimensão.
Hana estava em sua mente novamente. Ele não sabia por que ela ocupava seus pensamentos com tanta intensidade, mas, em algum lugar no fundo, ele sabia a razão. Era o jeito dela. Era a maneira como ela o fazia rir, como suas conversas se desenrolavam de forma natural, como ele se sentia à vontade ao estar com ela. Era algo mais do que apenas uma conexão superficial. Mas Yukio sabia que o que ele queria da vida era muito diferente daquilo que ela buscava. Ele tinha planos, sonhos, coisas que ele queria realizar sozinho, sem a necessidade de dividir seu espaço com ninguém.
Quando ele a viu pela primeira vez, algo despertou nele, algo que ele não estava preparado para sentir. O brilho nos olhos dela, a suavidade de sua voz, tudo parecia se encaixar de forma perfeita. Mas, logo que a noite terminou, ele se encontrou em um dilema. Ele sabia que não poderia seguir por esse caminho. Ele tinha a sensação de que havia algo que ele não poderia oferecer a ela, algo que ela merecia, mas que ele não estava disposto a dar. Ele era como uma folha flutuando no vento, sem um destino certo, e Hana, tão radiante, merecia algo mais sólido.
Ele balançou a cabeça, afastando esses pensamentos, e voltou a olhar para o laptop. Mas a mente não parava de voltar para ela. *Será que ela percebe o quanto sua presença me afeta? Será que ela sente a mesma coisa?*
E, de repente, o pensamento o atingiu com força. *E se eu estiver apenas criando falsas expectativas?*
Yukio se levantou de repente, incapaz de ficar parado. Ele andou de um lado para o outro no pequeno apartamento, tentando processar o turbilhão de sentimentos que o invadiam. O que ele queria da vida era tão claro para ele, e ela não fazia parte desse plano. Ele era um escritor, um artista, alguém que acreditava na beleza do efêmero, nas conexões fugazes, na liberdade de poder viver sem as amarras de um relacionamento convencional.
Ao mesmo tempo, ele sabia que a atração que sentia por Hana era algo raro, algo que talvez nunca mais acontecesse. E era isso que o fazia hesitar, o que o fazia pensar ainda mais profundamente. Ele queria estar com ela, mas a realidade de sua vida e os compromissos que ele havia feito consigo mesmo eram muito mais fortes. Ele já havia prometido a si mesmo que nunca se perderia em um relacionamento. Ele acreditava no amor, mas não naquele tipo de amor que exige sacrifícios, que exige mudanças. Para ele, o amor era uma arte, algo que se criava e se apreciava por um momento, mas que nunca deveria ser aprisionado.
Enquanto pensava nisso, o celular vibrou na mesa. Uma mensagem de Hana. Ele não resistiu e abriu rapidamente.
*“Estou tão ansiosa para nos encontrarmos mais tarde! Tenho certeza de que será ótimo. :)”*
As palavras dela, com o toque de animação e esperança, fizeram seu peito apertar. Ele sentiu uma onda de carinho por ela, mas também um sentimento de culpa. Ele queria responder, queria dar a ela um pouco de seu tempo, um pouco de sua atenção, mas ele sabia que as coisas não poderiam continuar assim. Não era justo com ela.
*“Será que ela entende o que eu estou sentindo? Será que ela vai me perdoar quando eu me afastar?”* Yukio pensou enquanto encarava a tela do celular. Ele sabia que precisava fazer isso, sabia que precisava ser honesto consigo mesmo. Mas ele não queria feri-la. Ela era uma pessoa tão sensível, tão cheia de vida, e ele, no fundo, temia que o que ele tivesse para oferecer fosse simplesmente insuficiente.
De repente, ele se deu conta de algo que ele já sabia, mas que havia se recusado a aceitar. *Eu estou mentindo para ela. Eu estou mentindo para mim mesmo.*
Ele andou até a janela e olhou para a cidade, tentando encontrar algum tipo de clareza. Não havia mais espaço para os dois mundos que ele estava tentando equilibrar. O mundo de Hana, com sua sinceridade e pureza, e o seu mundo, cheio de incertezas e fugas. Ele sentiu uma tristeza profunda tomar conta dele. Ele sabia que estava deixando escapar algo precioso, mas não conseguia encontrar um caminho que os unisse.
*Eu não posso dar a ela o que ela precisa*, pensou. *Eu não posso ser o homem que ela merece. Não agora. Não enquanto eu estou tão perdido nas minhas próprias ambições.*
Ele suspirou e voltou a olhar para o celular. Uma resposta de Hana chegou logo depois, uma simples mensagem de carinho, com um toque de ternura. E isso o fez se sentir ainda mais culpado. Como ele podia fazer isso com ela? Como ele podia simplesmente desaparecer, quando ela tinha se mostrado tão genuína, tão disposta a compartilhar momentos com ele?
Mas, ao mesmo tempo, a pressão de seus próprios sonhos e objetivos pesava sobre seus ombros. Ele queria viajar, explorar o mundo, criar novas histórias, escrever sobre o que o tocava de verdade. Ele sabia que, para alcançar tudo isso, ele precisaria de tempo e espaço. E ele temia que, ao entrar em um relacionamento, perderia a liberdade que ele tanto valoriza. A liberdade de escrever sem restrições, de viver sem compromissos, de ser quem ele era.
Mas, então, por que ele não conseguia parar de pensar nela? Por que, quando fechava os olhos, a imagem dela surgia em sua mente, tão clara e vívida, como se fosse parte dele? Ele sabia que a resposta estava ali, mas não conseguia aceitá-la.
*Eu tenho medo*, pensou, com uma dor silenciosa. *Eu tenho medo de que, se me aproximar de Hana, vou acabar me perdendo. Eu tenho medo de que ela me faça querer mudar tudo aquilo em que acredito.*
Yukio ficou parado, olhando para a tela do celular, onde as palavras dela ainda brilhavam. Ele queria responder, queria se abrir, mas a insegurança o impedia. Ele sabia o que ele queria dizer, mas não sabia se teria coragem.
A dor de pensar que ele tinha que se afastar de Hana era quase insuportável. Ele sabia que havia algo verdadeiro entre eles, mas ao mesmo tempo, ele sabia que sua vida estava em um ponto onde ele não poderia comprometer seus planos por causa de um relacionamento, por mais promissor que fosse. Ele precisava ser fiel a si mesmo.
E, assim, com uma sensação amarga no peito, ele sentou-se de volta à sua mesa. O celular ainda na mão, ele respirou fundo, pronto para enviar uma mensagem que poderia mudar tudo.
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Atualizado até capítulo 20
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