O Silêncio das Estrelas

Quando Hana entrou em sua casa, o silêncio parecia mais presente do que nunca. A luz suave da sala, filtrada pelas cortinas brancas, refletia na madeira do piso, criando sombras tênues. Ela fechou os olhos por um momento, permitindo que o cheiro da chuva e o eco do abraço de Yukio se misturassem à sua memória. A sensação de estar em paz, mas ao mesmo tempo inquieta, tomou conta dela.

Ela passou pela sala e entrou no pequeno quarto, sentando-se na beirada da cama. Seus pés ainda estavam descalços, e ela os balançava lentamente para frente e para trás, como se tentasse dar sentido àquela noite.

A lembrança do olhar de Yukio, daquela maneira como ele a observava com tanta intensidade, a fez sorrir involuntariamente. Era como se ele estivesse capturando todos os pedaços dela, guardando-os sem pressa, como se tudo o que acontecesse fosse de alguma forma significativo. E ela, sem saber, havia se entregue àquele momento, àquela presença tão tranquila, mas tão cheia de profundidade.

O cheiro de misto quente ainda estava em seus sentidos, a sensação de conforto do lanche simples, mas feito com carinho, ecoava em sua mente. Ela sorriu novamente, agora mais claramente, se sentindo boba, mas ao mesmo tempo, grata. O simples fato de ele ter se oferecido para levá-la até em casa fez com que ela se sentisse valorizada de uma maneira que nunca havia experimentado. No fundo, ela sabia que não se tratava apenas da ação em si, mas da forma como ele a tratava, com um cuidado tão genuíno.

Ela levantou-se, caminhou até a janela e abriu a cortina com um movimento suave. A noite estava calma, o céu estava limpo, com um véu de estrelas cintilando, e a lua parecia mais brilhante do que nunca. Hana olhou para as estrelas e sentiu uma leveza no peito. A sensação de algo novo começando parecia ficar mais forte a cada segundo.

Ela se virou para a cama, pegando o celular na mesinha ao lado e, de maneira quase instintiva, abriu o aplicativo de mensagens. Não estava surpresa ao ver que Yukio havia lhe mandado uma mensagem, logo depois que ela entrou em casa. Algo nela o esperava, como se soubesse que ele não deixaria de enviar uma palavra, uma frase, qualquer coisa para deixar claro que a noite havia sido especial para ele também.

*“Boa noite, Hana. Espero que tenha chegado bem. Cuide-se. :)”*

As palavras dele a fizeram sorrir ainda mais, e ela respondeu rapidamente, sentindo uma urgência em manter aquela conexão viva, mesmo que virtualmente.

*“Cheguei bem, sim. Obrigada por me acompanhar. Até logo. :)”*

Enquanto aguardava pela resposta dele, ela sentiu uma onda de tranquilidade, uma sensação de que tudo estava se encaixando, como se o destino tivesse finalmente colocado as coisas em seus devidos lugares. Mesmo sem saber exatamente o que o futuro reservava, ela sentia que naquele momento, ao lado dele, havia algo profundo e bonito acontecendo.

Os minutos se arrastaram até que o celular vibrou novamente. Ela olhou para a tela, um sorriso brincando nos lábios. A mensagem de Yukio estava ali, simples e direta, mas ainda assim tocante.

*“Até logo, Hana. Que suas noites sejam tão calmas quanto a nossa conversa.”*

Ela leu a mensagem várias vezes, absorvendo cada palavra. E, ao fazer isso, sentiu uma nova compreensão de algo que ela ainda não conseguia explicar. Era como se, a partir daquele momento, ela estivesse começando a enxergar o mundo de uma maneira diferente. Não era apenas sobre os encontros casuais, sobre as palavras trocadas e sobre os momentos simples. Era sobre as conexões silenciosas que poderiam existir entre duas pessoas, sem pressa, sem pressões. Um tipo de conexão que não precisava de muitas palavras, mas que ainda assim, tinha um poder transformador.

Hana deitou-se na cama, mas ao invés de fechar os olhos para dormir, ficou ali, olhando para o teto e deixando seus pensamentos flutuarem. O som da chuva que havia começado a cair novamente do lado de fora da janela era como uma canção suave. E enquanto ela se permitia ser envolvida por aquele momento, não podia deixar de pensar em Yukio. O jeito como ele a tratava, com uma leveza, mas também com uma atenção que parecia ir além do superficial, mexia com ela de uma forma que ela não sabia definir.

A noite foi passando lentamente, e Hana acabou adormecendo com um sorriso nos lábios, o pensamento de Yukio ainda presente em sua mente, como se ele fosse uma melodia suave tocando em seu coração.

O sol da manhã seguinte entrou pela janela, trazendo com ele um novo começo, uma nova perspectiva. Hana acordou cedo, como sempre fazia, mas dessa vez a sensação de que o dia seria diferente estava no ar. O café da manhã pareceu mais saboroso, a casa mais iluminada e a cidade lá fora, com sua agitação habitual, parecia estar em um ritmo mais tranquilo, mais acolhedor.

Ela se vestiu com calma, colocou seus sapatos e pegou sua bolsa. Estava pronta para sair, mas antes, uma última olhada no celular. Por algum motivo, ela sentia que ele poderia ter enviado uma mensagem. Ela sorriu ao ver o nome de Yukio na tela.

*“Bom dia, Hana. Espero que tenha descansado bem. Estarei por aí mais tarde. Que tal a gente se encontrar para um café mais tarde? :)”*

Ela sentiu um calor tomar conta dela ao ler aquelas palavras, e uma felicidade simples, mas profunda, a preencheu. Yukio queria vê-la novamente. E isso, por mais simples que fosse, tinha um significado grande para ela.

Ela respirou fundo, respondeu rapidamente:

*“Bom dia, Yukio! Claro, seria ótimo. Onde e a que horas?”*

Não demorou muito para que ele respondesse com a sugestão de um pequeno café local, um lugar discreto, simples, mas encantador, perfeito para uma conversa tranquila.

*“Às 14h, no café perto da estação. Não precisa se apressar, é só um café. :)”*

A mensagem fez seu coração bater mais forte. Era apenas um café, mas para ela, representava algo mais. Algo que ela ainda não sabia definir, mas que a fazia sentir como se a vida estivesse oferecendo algo novo e promissor. Ela sorria, esperando o momento com uma ansiedade doce.

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