O cheiro de sangue ainda impregnava a praça.
Um mês havia se passado desde a morte de Leo e do Alfa. Desde que Darius tomou a alcateia com suas garras manchadas de traição. As casas destruídas ainda estavam em ruínas, cinzas espalhadas pelo chão, lembranças de batalhas que não deveriam ter acontecido entre irmãos.
Lia caminhava entre os destroços, sentindo o peso da derrota sobre os ombros. A alcateia estava irreconhecível. As ruas antes cheias de risos agora eram silenciosas, apenas o vento cortava entre as construções devastadas. Os mais fracos haviam sido submetidos, dobrando-se a Darius ou desaparecendo. Os que ainda resistiam mantinham a cabeça baixa, fingindo obediência, esperando um momento seguro para agir.
Ela sentiu o estômago revirar, não apenas pelo cheiro de sangue que ainda impregnava o chão, mas pelo que estava prestes a acontecer.
Darius queria falar com ela.
Lia entrou na antiga casa do conselho, agora transformada no centro do poder de Darius. O traidor estava sentado na cadeira que antes pertencia ao Alfa, sua postura era relaxada, mas seus olhos afiados estavam fixos nela, avaliando-a.
— Você tem sido quieta, Lia — ele disse, sem rodeios. — Isso me preocupa.
Ela manteve o rosto impassível.
— O que há para dizer? Você venceu.
Darius riu, inclinando-se para frente.
— Não me confunda com seu antigo lider. Não vou ter misericordia de um inimigo. sei que você era próxima dos Herdeiros.
A menção ao nome de Leo fez seu peito arder, mas ela não reagiu.
— Você era forte, Lia — ele continuou. — Ainda é. Não quero que desperdice isso. Quero você ao meu lado.
Lia apertou os punhos.
— Ao seu lado?
— Sim. Você não quer ver sua gente protegida? Não quer um lugar onde possa usar sua força sem precisar se esconder?
Ela sentiu nojo. Darius queria que ela se dobrasse, que aceitasse a nova ordem, que traísse tudo pelo que Leo lutou.
Mas ela apenas forçou um sorriso.
— Vou pensar sobre isso.
Darius estudou-a por um momento antes de assentir.
— Faça isso. Mas não demore.
Lia virou-se e saiu antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, sentindo os olhos dele queimando em suas costas.
---
O chalé onde Lia vivia não era grande, mas havia se tornado um refúgio para algumas mulheres e crianças que ainda temiam as represálias do novo regime. As que haviam perdido maridos e irmãos na guerra que Darius travava contra os resistentes.
Assim que entrou, foi recebida pelo cheiro de ervas e o murmúrio baixo de conversas.
— Como foi? — Maeve, uma das mulheres que se refugiavam ali, perguntou enquanto servia uma tigela de sopa para uma das crianças.
— Ele quer que eu fique ao lado dele — Lia respondeu, sentando-se pesadamente sobre um banco de madeira.
As mulheres trocaram olhares.
— E o que você vai fazer? — outra perguntou.
Lia respirou fundo.
— O que for necessário para sobreviver.
As mulheres assentiram. Sobrevivência era tudo o que restava.
— Você está pálida, Lia — Maeve disse, franzindo o cenho. — Tem comido direito?
Lia abriu a boca para responder, mas hesitou. Nos últimos dias, o cansaço parecia insuportável. Seu estômago revirava constantemente, e tudo parecia ter um cheiro forte demais.
— Estou bem — murmurou, levando uma mão ao rosto.
— Tem certeza? — Maeve insistiu. — Você anda cansada, pálida, e... tem vomitado?
Lia piscou.
— Eu...
As mulheres se entreolharam, até que uma delas sorriu de leve.
— Você não acha que pode estar grávida?
O ar pareceu desaparecer dos pulmões de Lia.
Ela riu, nervosa.
— Isso é impossível.
Mas no fundo, sabia que não era.
Maeve cruzou os braços.
— Lia, quando foi sua última regra?
Lia abriu a boca para responder, mas nenhum som saiu. Sua mente girava, procurando por uma resposta, por qualquer lembrança de que seu ciclo estava normal. Mas tudo o que encontrou foi silêncio.
Um silêncio avassalador.
— Meu Deus... — ela sussurrou.
Suas mãos tremiam quando as levou ao ventre.
Ela carregava um filho de Leo.
Seus joelhos fraquejaram, e ela precisou se apoiar na mesa para não cair.
A verdade era um fardo pesado.
Um filho de Leo… Um herdeiro.
Se Darius descobrisse, ele não hesitaria em matá-la.
Lia apertou os olhos, tentando conter as lágrimas. Leo tinha morrido para proteger Peter, para impedir que Darius tomasse tudo. Mas agora, havia algo que ele não poderia prever.
Leo ainda vivia, de alguma forma, dentro dela.
— Lia? — Maeve tocou seu ombro com cuidado.
Ela respirou fundo e olhou para as mulheres que a observavam com expressões de surpresa e preocupação.
— Ele não pode saber — disse, sua voz baixa, mas firme.
— E o que você vai fazer? — Maeve perguntou, a voz cheia de cautela.
Lia levantou o olhar, a determinação crescendo dentro de si.
— Vou proteger essa criança.
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Lia sabia que não poderia ficar ali por muito tempo.
Darius já a observava, tentando trazê-la para seu lado. Mas se ele soubesse da gravidez…
Ela precisava esconder.
Se manter forte.
E encontrar uma forma de escapar antes que fosse tarde demais.
A noite caía sobre a alcateia, e a lua cheia brilhava no céu.
Por um instante, Lia fechou os olhos e respirou fundo, sentindo a presença de Leo ao seu redor.
Ela não permitiria que o sacrifício dele fosse em vão.
Ela foi interrompida dos seus pensamentos pela voz de Elisa, uma senhora que perderá o marido e filho no ataque.
— Não vai contar ao conselho?
Lia a olho com espanto, mas Elisa continuou.
— Já vi o seu lobo, um grande lobo branco de olhos amarelos, olhos raros, minha querida. Se for menino, terá a marca do destino, será um herdeiro.
A ficha caiu, ela e Leo tinham olhos amarelos, e quase se igualavam em tamanho sobre quatro patas, um filho dos dois não seria diferente. Em desespero ela olhou para Elisa que segurava as suas mãos com carinho.
— Não conte a ninguém.
Agora Lia teria que lutar contra o tempo para salvar o legado de Leo.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Nazaré Ferreira
a Lia tbm é herdeira?
2025-03-19
1
Lilith_
Tá grávida 🤰 🤰 🤰
2025-03-22
0
Arthur Bezerra
a lia é herdeira ?/Hey/
2025-03-19
2