A tarde era vibrante, cheia de celebração e expectativa. A praça da alcateia estava repleta de lobos, todos ansiosos pela Prova do Herdeiro. Era uma cerimônia sagrada, um evento que acontecia poucas vezes em uma geração. Havia danças, fogueiras acesas e grandes mesas com carne fresca e vinho.
Peter, no entanto, sentia como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. Ele estava sentado sobre uma grande pedra enquanto anciãs passavam tinta escura por sua pele, desenhando símbolos sagrados em seus braços, peito e rosto. Os traços representavam sua linhagem e o vínculo com a Lua.
Tom observava de perto, os braços cruzados e um sorriso brincando nos lábios.
— Nunca vi você tão quieto, pestinha. Está nervoso?
— Como se estivesse prestes a engolir um raio. — Peter tentou rir, mas sua voz estava tensa.
Leo, que estava ao lado de Tom, pousou uma mão reconfortante no ombro do caçula.
— Vai dar tudo certo. Você já provou sua força. Só precisa mostrar isso para a alcateia.
Peter assentiu, engolindo seco. Ele sabia que seus irmãos de alma confiavam nele. Mas a alcateia inteira? Isso era outra história.
Lia se aproximou, segurando um prato de frutas silvestres e mel.
— Você deveria comer um pouco, Peter. Não quer entrar na prova de barriga vazia.
Peter olhou para ela e sorriu. Lia sempre tinha uma palavra gentil e sabia exatamente quando acalmar alguém.
— Acho que nem conseguiria engolir agora.
Ela riu e sentou-se ao lado de Tom, que pegou uma fruta do prato dela sem cerimônia.
— Ei! — Lia bateu de leve no braço dele.
— Você trouxe comida, é justo que eu coma.
— Para Peter!
— Ele disse que não quer! — Tom argumentou com um sorriso travesso.
Lia revirou os olhos, e Peter não pôde evitar rir. A interação entre os dois era sempre assim: confortável, como se fossem irmãos de verdade. Ele gostava de saber que Lia fazia parte da vida deles, não apenas da de Leo.
Mas a tranquilidade durou pouco.
O Alfa subiu na pedra central da praça e ergueu as mãos, chamando a atenção de todos. O murmúrio da multidão cessou, e um silêncio reverente tomou conta do ambiente.
— Hoje, testemunhamos o Julgamento da Lua.Peter, o Herdeiro mais jovem a passar pela transformação que já houve, passará por sua prova. Se for digno, será reconhecido.
A multidão respondeu com um uivo uníssono.
O primeiro desafio era físico.
Peter caminhou até o círculo de combate, onde um guerreiro o aguardava em forma de lobo. Era um teste de resistência e habilidade—nenhum Herdeiro poderia ser reconhecido sem antes provar que podia se defender.
O guerreiro avançou primeiro, rápido como um raio. Peter mal teve tempo de reagir antes de ser atingido de lado e jogado contra a terra. O impacto arrancou o ar de seus pulmões.
— Levanta, pestinha! — Tom gritou.
Peter rolou para o lado, escapando de um segundo golpe. Ele precisava pensar rápido.
O guerreiro era maior, mais forte, mas Peter era ágil. Ele usou isso a seu favor, desviando dos ataques e esperando por uma abertura. Quando o guerreiro avançou novamente, Peter deslizou por baixo de seu corpo e agarrou sua pata traseira, puxando com força.
O lobo se desequilibrou.
Era a chance que ele precisava.
Peter saltou sobre seu adversário e pressionou os dentes contra sua nuca—a submissão simbólica que encerrava a luta.
O guerreiro rosnou, mas cedeu.
Peter o soltou e se afastou, ofegante. O Alfa se ergueu mais uma vez.
— Peter, você provou sua força.
A multidão aplaudiu, e Peter sentiu uma onda de orgulho misturada com exaustão. Mas a prova ainda não havia acabado.
O céu já estava escuro, e a Lua cheia pairava soberana sobre a alcateia. Era hora da segunda parte.
Peter caminhou até o círculo sagrado, sentindo cada olhar sobre ele. Seus músculos ainda doíam, mas nada disso importava agora.
O silêncio caiu novamente.
Então, a Lua chamou.
Foi como um choque elétrico percorrendo sua espinha. Seus ossos começaram a mudar, os músculos se contorcendo, a pele ardendo enquanto pelos escuros surgiam. Seus olhos queimavam.
A dor era intensa, mas breve.
Quando o processo terminou, Peter não estava mais ajoelhado no chão—ele estava sobre quatro patas, respirando fundo.
O silêncio pesava na praça. Então, um murmúrio percorreu a multidão.
Os olhos dele.
E a marca.
Ali, entre os olhos dourados, havia um símbolo na pelagem de sua testa, um traço ancestral que apenas os Herdeiros carregavam.
A prova definitiva.
O Alfa ergueu as mãos.
— Peter, filho da Lua, Herdeiro da alcateia, você provou sua essência. Você é digno.
A multidão rugiu em comemoração. Uivos ecoaram pela praça, as vozes de sua família e amigos o reconhecendo como um verdadeiro sucessor.
Peter sentiu uma onda de alívio e orgulho. Ele havia conseguido.
Leo se aproximou, ajoelhando-se ao seu lado. Sussurrou baixo, apenas para ele ouvir:
— Agora, eu posso partir em paz.
Peter piscou, confuso, mas antes que pudesse perguntar, Leo sorriu e bagunçou o pelo de sua cabeça com a mão.
A celebração seguiu com danças e banquetes. O vinho corria livremente, as fogueiras iluminavam a noite, e todos se entregavam à alegria da vitória do jovem Herdeiro.
Mas então, o uivo veio.
Um som longo, profundo e carregado de algo sombrio.
Ele veio do sul da alcateia.
O silêncio caiu instantaneamente. Os mais velhos franziram a testa, sentindo o cheiro do perigo no ar. Os guerreiros imediatamente se posicionaram, olhos atentos às sombras da floresta.
Então, eles vieram.
Lobos. Muitos lobos. Mas não eram estranhos. Eram seus próprios irmãos de alcateia.
Um ataque. Uma guerra interna.
Leo sentiu o sangue gelar. Darius. Ele havia esperado esse momento.
E agora, a alcateia estava dividida. Irmão contra irmão.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
•♫•♬•Íris Lunar•♫•♬•
vixi,gostei
2025-04-08
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