Atlas

O silêncio entre nós é intenso, como uma tempestade prestes a explodir. Ele ainda está perto, perto demais, e meu corpo inteiro se mantém em alerta.

Atlas é grande, forte, e a presença dele preenche cada canto do espaço ao meu redor. Ele me observa com aquele olhar afiado, como se estivesse esperando algo. Um movimento, um erro, qualquer coisa.

Mas eu não sou tão fácil de quebrar.

— Você não respondeu — sua voz é grave, arranhando cada canto do meu corpo como um aviso. — Tem medo de mim, fêmea?

Minha garganta seca. Não porque estou intimidada, mas porque tudo nele é bruto, primitivo. Um instinto afiado como uma lâmina. Um predador no mais puro sentido da palavra.

— Não — respondo, firme.

Ele sorri. Um sorriso lento, carregado de algo que eu não consigo decifrar.

— Bom — ele diz, dando mais um passo.

Dessa vez, ele me toca.

É um toque mínimo. O dorso dos dedos passando pelo meu braço, como se estivesse testando. Mas o impacto que isso causa em mim é absurdo. Um choque corre pela minha pele, minha respiração falha por um segundo, e minha marca queima como nunca antes.

Eu recuo instintivamente.

Atlas nota.

E gosta.

— Interessante — ele murmura, os olhos presos nos meus.

— Não brinque comigo — minha voz sai mais dura do que eu esperava. — Você não tem ideia do que eu posso fazer.

Ele inclina a cabeça.

— Ah, eu tenho sim.

O jeito como ele diz isso, como se soubesse mais do que eu, me irrita profundamente. Meu poder pulsa dentro de mim, a magia se agita, querendo responder a essa provocação. Mas eu me seguro.

Ele quer uma reação.

Ele quer ver até onde pode me levar.

E eu não vou dar isso a ele.

— Se quer ficar, então fique. — Dou um passo para trás, apontando para a cabana. — Mas saiba que eu não sou sua presa.

Atlas ri. Não um riso de escárnio, mas de puro interesse.

— Então me mostre, fêmea. Me mostre do que você é feita.

A promessa em sua voz faz meu sangue ferver.

O jeito que ele me olha é insuportável. Como se já soubesse algo que eu não sei. Como se estivesse à espera do momento certo para me desmontar, me testar, me levar ao limite.

Atlas é perigoso.

Mas eu também sou.

— Não tenho nada para te mostrar — retruco, cruzando os braços. — Só quero que pare de agir como se fosse dono deste lugar.

Ele dá um passo à frente, e eu me recuso a recuar.

— E se eu quiser ser?

Minha respiração trava por um segundo. Ele está perto de novo. Mais perto do que qualquer um jamais ousou chegar.

— Você não pode — sussurro.

Ele sorri.

— Você pode tentar me impedir.

A ousadia me tira do sério. Meus dedos se apertam ao redor da energia que pulsa dentro de mim, quente e inquieta, pronta para reagir.

— Se tentar me tocar sem permissão, eu te derrubo — aviso, minha voz saindo firme. — Magia não é brincadeira.

— E nem eu.

As palavras são ditas como um desafio. Como se ele quisesse ver até onde posso ir. Como se soubesse que eu não sou fraca, mas ainda assim quisesse testar meus limites.

Atlas não desvia o olhar, e eu sei que ele está esperando.

Esperando para ver se vou usar a magia contra ele.

Se vou fazer algo.

Mas eu não dou esse prazer.

Ele pode ser forte, bruto e intimidante, mas eu não sou uma fêmea qualquer.

— Pode ficar aqui até se recuperar. Só não ache que pode me dar ordens — digo, mantendo minha posição.

Ele levanta uma sobrancelha, como se estivesse se divertindo.

— Você gosta de mandar, não é?

— Eu gosto de não ser pisada.

— Boa sorte com isso — ele murmura, o olhar escuro passando pelo meu rosto, estudando cada detalhe.

Minha pele arrepia sem permissão.

A marca no meu corpo pulsa.