O cativeiro cheirava a sangue seco e fumaça de cigarro. As correntes frias apertavam os pulsos delicados de Mitsuri, enquanto seus olhos cor-de-rosa brilhavam com medo e confusão. Ela não entendia por que estava ali — não até o homem de olhar serpentino e voz cortante entrar novamente na sala.
Obanai Iguro.
Líder implacável da máfia mais temida do submundo.
Frio como aço. Cruel como a noite.
Obanai
— Você achou mesmo que poderia me enganar, Mitsuri? — sua voz saiu baixa, venenosa. — Roubou minhas armas, minhas joias, minha confiança… e agora vai pagar por isso.
Mitsuri
— Eu não sei do que está falando! — ela tentou explicar, os olhos marejando. — Eu nunca...
Antes que pudesse terminar, a porta foi arrombada com força. Uma figura entrou. Cabelos como os dela. Olhos como os dela. Mas a aura era diferente. Escura. Selvagem. Mortal.
Mia
— Solte ela, Obanai. Foi eu quem roubou você.
Sua voz ecoou como um trovão no silêncio tenso da sala.
Obanai virou-se lentamente, um sorriso torto se formando em seus lábios.
Obanai
— Sabia que havia algo estranho... Vocês são iguais, mas o cheiro da culpa está em você.
Ele se aproximou de Mia, os olhos cravando nos dela.
Obanai
— Mas não vou soltá-la. Não até que você me devolva tudo o que tirou.
Mia cruzou os braços, desafiadora.
Mia
— Já vendi. As armas, as drogas, as joias... Tudo.
Obanai franziu o cenho.
Obanai
— Pra quem?
O nome saiu de seus lábios como uma sentença de morte:
Mia
Muzan
O ar congelou.
Obanai cerrou os punhos, mas manteve o controle.
Obanai
— Você acabou de declarar guerra.
Mia virou as costas, imperturbável.
Mia
— Então comece quando quiser. Mas não ouse machucar minha irmã.
Sem esperar resposta, ela desapareceu pela porta.
Silêncio.
Obanai olhou novamente para Mitsuri. Agora ele sabia que ela era inocente… mas não a soltou.
Obanai
— Você vai ficar.
Disse, com um tom mais baixo, mais denso.
Obanai
Até que eu recupere o que é meu. Mesmo que isso leve uma eternidade.
Mitsuri sentiu o peso das palavras.
Ela era refém de um homem perigoso, sim...
Mas o que a assustava mais era a forma como ele a olhava agora — como se, mesmo por engano, ela fosse dele.
Comments