A sala havia mudado.
O espelho agora ocupava quase toda a parede em frente a Mitsuri. A superfície era antiga, manchada — como se armazenasse memórias distorcidas de todas as vítimas que já o encararam.
Mitsuri se aproximou, hesitante. Seu reflexo estava lá… mas havia algo estranho. Um leve atraso nos movimentos, como se o espelho tivesse vontade própria.
Reflexo
Reflexo de Mitsuri (voz na mente dela):
Você sabe que ele não vai te soltar.
Você sabe que está quebrando…
E eu estou aqui pra te lembrar disso.
Mitsuri
Você… não é real.
Você é só o que ele quer que eu veja.
Reflexo
Ou talvez eu seja o que você tem medo de ser…
Fraca.
Substituível.
Inútil.
Ela recuou um passo, sentindo o peito apertar. O som de correntes se arrastando no chão ecoou de algum lugar além da porta. Mitsuri se abraçou instintivamente, tentando manter a sanidade.
Obanai entrou novamente — desta vez acompanhado de dois capangas, cada um segurando uma maleta.
Ele ignorou completamente o estado dela e abriu uma das maletas sobre a mesa. Lá dentro, documentos, fotos… e um celular.
Obanai
Sua irmã não é tão esperta quanto pensa. — disse, lançando o celular em sua direção.
Na tela, um vídeo começou automaticamente. Mia. Sentada, amarrada. Sangue no canto da boca. Muzan atrás dela, com um sorriso sádico e casual.
vídeo gravado]
Muzan (olhando para a câmera):
Obanai…
Ela me vendeu sua fortuna.
Mas agora eu peguei ela também.
Quer ela viva?
Então devolva o que é meu.
Ou mate a irmã dela. Tanto faz pra mim.
Mia (sussurrando):
Mitsu… corre. Ele não vai parar...
O sangue gelou nas veias de Mitsuri.
Ela olhou para Obanai, que apenas cruzou os braços, indiferente.
Obanai
Agora você tem duas opções — ele disse, com aquela frieza calculada. — Ou me ajuda a recuperar tudo. Ou… vira uma isca.
Ela não respondeu. O espelho atrás dele tremeluzia. Ela viu algo que não sabia se era real: uma sombra de si mesma… sorrindo.
[Mente de Mitsuri]
Mitsuri:
Talvez… eu tenha que deixar de ser eu mesma.
Talvez… a Mitsuri boazinha tenha que morrer.
Talvez… seja a hora de me tornar tão perigosa quanto eles.
Ela ergueu os olhos.
E pela primeira vez… Obanai hesitou.
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