Refém do Desejo
Capítulo1: Cativa por Engano
O cativeiro cheirava a sangue seco e fumaça de cigarro. As correntes frias apertavam os pulsos delicados de Mitsuri, enquanto seus olhos cor-de-rosa brilhavam com medo e confusão. Ela não entendia por que estava ali — não até o homem de olhar serpentino e voz cortante entrar novamente na sala.
Obanai Iguro.
Líder implacável da máfia mais temida do submundo.
Frio como aço. Cruel como a noite.
Obanai
— Você achou mesmo que poderia me enganar, Mitsuri? — sua voz saiu baixa, venenosa. — Roubou minhas armas, minhas joias, minha confiança… e agora vai pagar por isso.
Mitsuri
— Eu não sei do que está falando! — ela tentou explicar, os olhos marejando. — Eu nunca...
Antes que pudesse terminar, a porta foi arrombada com força. Uma figura entrou. Cabelos como os dela. Olhos como os dela. Mas a aura era diferente. Escura. Selvagem. Mortal.
Mia
— Solte ela, Obanai. Foi eu quem roubou você.
Sua voz ecoou como um trovão no silêncio tenso da sala.
Obanai virou-se lentamente, um sorriso torto se formando em seus lábios.
Obanai
— Sabia que havia algo estranho... Vocês são iguais, mas o cheiro da culpa está em você.
Ele se aproximou de Mia, os olhos cravando nos dela.
Obanai
— Mas não vou soltá-la. Não até que você me devolva tudo o que tirou.
Mia cruzou os braços, desafiadora.
Mia
— Já vendi. As armas, as drogas, as joias... Tudo.
O nome saiu de seus lábios como uma sentença de morte:
O ar congelou.
Obanai cerrou os punhos, mas manteve o controle.
Obanai
— Você acabou de declarar guerra.
Mia virou as costas, imperturbável.
Mia
— Então comece quando quiser. Mas não ouse machucar minha irmã.
Sem esperar resposta, ela desapareceu pela porta.
Silêncio.
Obanai olhou novamente para Mitsuri. Agora ele sabia que ela era inocente… mas não a soltou.
Disse, com um tom mais baixo, mais denso.
Obanai
Até que eu recupere o que é meu. Mesmo que isso leve uma eternidade.
Mitsuri sentiu o peso das palavras.
Ela era refém de um homem perigoso, sim...
Mas o que a assustava mais era a forma como ele a olhava agora — como se, mesmo por engano, ela fosse dele.
Capítulo 2 – “Ela Não É Você”
O chão frio e úmido tocava as pernas nuas de Mitsuri, arrepiando cada pedaço da sua pele. A sala em que ela estava presa parecia respirar junto com ela — abafada, pesada… sufocante. O silêncio era tão denso que ela podia ouvir o próprio coração batendo em descompasso.
De repente, passos lentos e arrastados ecoaram no corredor.
A maçaneta girou com um estalo seco.
Ele entrou.
Obanai.
Impecável como sempre. Rosto coberto, olhar letal. Havia algo nos olhos dele que parecia atravessar a alma.
Obanai
— Então… já decidiu parar de fingir? — ele disse, a voz baixa, calma… e mais ameaçadora do que um grito.
Mitsuri
Eu já falei… Eu. Não. Sou. A. Mia.
Obanai
O DNA é o mesmo. O sangue é o mesmo.
Sabe o que muda?
A intenção.
E a sua, até agora, é sobreviver mentindo.
Mitsuri
Por que ainda estou aqui? Ela já te contou tudo!
Obanai
Porque a sua irmã pode ter falado…
Mas não pagou.
Mitsuri
Você quer dinheiro?
Obanai
Quero o que era meu: armas, drogas e 5 milhões em joias.
E até tudo voltar… você fica.
Mitsuri engoliu em seco. Era como se estivesse no meio de um jogo que não conhecia as regras — e seu oponente já sabia o final.
Ela tentou recuar, mas estava encurralada entre a parede e o olhar dele.
Ele se aproximou devagar. A mão coberta por uma luva fria ergueu seu queixo. Ela não conseguia desviar o olhar.
Obanai
— Tem algo de errado no seu silêncio — ele murmurou. — Você não grita. Não implora. Isso me intriga.
Mitsuri
— Eu não vou te dar o prazer de me ver fraca — ela respondeu, com a voz trêmula mas firme.
Obanai
Interessante...
Talvez haja mais da Mia em você do que imagina.
Mitsuri
Você é um monstro.
Obanai
E você é meu erro favorito.
Ele girou nos calcanhares e saiu, deixando a porta aberta apenas o suficiente para ela ouvir…
Obanai (gritando para fora):
Tragam o espelho. Ela vai conversar com ela mesma hoje.
Mitsuri ficou paralisada.
Espelho? Que tipo de tortura psicológica era essa?
Uma risada ecoou pelo corredor, distorcida. E então, uma nova mensagem apareceu no chão, projetada por um pequeno dispositivo de luz:
> ❝Não confie nos reflexos. Eles mostram o que você quer ignorar.❞
Ela sentiu um arrepio rasgar a espinha. Estava realmente sozinha? Ou apenas começando a perder a razão?
Capítulo 3 – “Reflexos Que Gritam”
A sala havia mudado.
O espelho agora ocupava quase toda a parede em frente a Mitsuri. A superfície era antiga, manchada — como se armazenasse memórias distorcidas de todas as vítimas que já o encararam.
Mitsuri se aproximou, hesitante. Seu reflexo estava lá… mas havia algo estranho. Um leve atraso nos movimentos, como se o espelho tivesse vontade própria.
Reflexo
Reflexo de Mitsuri (voz na mente dela):
Você sabe que ele não vai te soltar.
Você sabe que está quebrando…
E eu estou aqui pra te lembrar disso.
Mitsuri
Você… não é real.
Você é só o que ele quer que eu veja.
Reflexo
Ou talvez eu seja o que você tem medo de ser…
Fraca.
Substituível.
Inútil.
Ela recuou um passo, sentindo o peito apertar. O som de correntes se arrastando no chão ecoou de algum lugar além da porta. Mitsuri se abraçou instintivamente, tentando manter a sanidade.
Obanai entrou novamente — desta vez acompanhado de dois capangas, cada um segurando uma maleta.
Ele ignorou completamente o estado dela e abriu uma das maletas sobre a mesa. Lá dentro, documentos, fotos… e um celular.
Obanai
Sua irmã não é tão esperta quanto pensa. — disse, lançando o celular em sua direção.
Na tela, um vídeo começou automaticamente. Mia. Sentada, amarrada. Sangue no canto da boca. Muzan atrás dela, com um sorriso sádico e casual.
vídeo gravado]
Muzan (olhando para a câmera):
Obanai…
Ela me vendeu sua fortuna.
Mas agora eu peguei ela também.
Quer ela viva?
Então devolva o que é meu.
Ou mate a irmã dela. Tanto faz pra mim.
Mia (sussurrando):
Mitsu… corre. Ele não vai parar...
O sangue gelou nas veias de Mitsuri.
Ela olhou para Obanai, que apenas cruzou os braços, indiferente.
Obanai
Agora você tem duas opções — ele disse, com aquela frieza calculada. — Ou me ajuda a recuperar tudo. Ou… vira uma isca.
Ela não respondeu. O espelho atrás dele tremeluzia. Ela viu algo que não sabia se era real: uma sombra de si mesma… sorrindo.
[Mente de Mitsuri]
Mitsuri:
Talvez… eu tenha que deixar de ser eu mesma.
Talvez… a Mitsuri boazinha tenha que morrer.
Talvez… seja a hora de me tornar tão perigosa quanto eles.
Ela ergueu os olhos.
E pela primeira vez… Obanai hesitou.
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