Saphira estava recostada no sofá, ainda segurando sua xícara de chocolate quente, e sentia a presença de Amara ao seu lado, que observava a amiga com atenção. A conversa sobre o que havia acontecido na igreja parecia ter aliviado a pressão no coração de Saphira, mas, ao mesmo tempo, o vazio deixado por Valentim ainda estava ali. Ela sabia que não seria fácil seguir em frente, mas o que Amara dissera a estava ajudando a enxergar uma saída para a dor.
— Eu sei que você tem razão, Amara. Não é minha culpa o que aconteceu. Mas, ainda assim… Como ele pôde fazer isso? Eu fiquei esperando por ele a vida inteira, e de repente, ele simplesmente desfez tudo.
Amara a observou com um olhar sincero e acolhedor. Ela sabia que não havia respostas fáceis, mas também sabia que a dor de Saphira precisava ser vivida e expressada.
— Saphira, você não é responsável por ele ou pelas escolhas dele. E, se eu puder ser franca, pelo menos você está livre desse Jurandir — Amara brincou com um sorriso maroto, tentando aliviar um pouco o clima pesado.
Saphira soltou um suspiro entre risos, aliviada pela tentativa de Amara de fazer a situação parecer menos dolorosa. Ela sabia que a amiga tinha razão, mas, ainda assim, o peso no peito não desaparecia.
— Eu só… não sei por onde começar, sabe? O que eu faço agora?
Amara se levantou um pouco do sofá, ajustando-se para ficar mais próxima de Saphira. Ela então se sentou novamente, mais perto da amiga, com o olhar suave, mas firme.
— Agora você começa por você mesma. Não precisa fazer tudo de uma vez. Vai dar tempo. O tempo vai te ensinar a recomeçar. Mas, por enquanto, se permita sentir o que está sentindo, e saiba que está tudo bem não ter todas as respostas ainda.
Saphira respirou fundo, deixando as palavras de Amara marcarem seu coração. A amizade dela sempre foi um refúgio, e agora, mais do que nunca, ela precisava dessa força. Ela ainda sentia o peso de tudo o que havia vivido com Valentim, mas também sabia que não poderia se deixar consumir por isso.
— Você tem razão. Mas a parte difícil, Amara, é que ele foi meu companheiro durante tanto tempo. Como eu posso simplesmente seguir em frente depois disso? Como posso voltar a confiar nas pessoas?
Amara lhe deu um sorriso compreensivo, a mão sobre a dela.
— Confiança é algo que se reconquista, Saphira. Não de um dia para o outro. E não se cobra por isso. O que aconteceu foi doloroso, eu sei, mas você vai aprender a confiar de novo, com o tempo. E quando isso acontecer, vai ser porque você se redescobriu e viu o seu próprio valor.
Saphira olhou para sua amiga, absorvendo as palavras com uma leveza que não sentia há semanas. Ela sabia que o caminho seria longo, mas também começava a acreditar que a dor não seria eterna. A vida não a havia deixado sem alternativas; ela só precisava procurar o que vinha a seguir.
— Eu sei, amiga. Mas é tão difícil… Quero tanto voltar a ser quem eu era antes disso tudo. Eu queria que as coisas pudessem ser diferentes.
— Eu entendo. Mas, lembra, Saphira… Recomeçar não significa apagar tudo o que aconteceu. Não é uma folha em branco, é mais como uma página rasgada que você escolhe emendar, uma palavra de cada vez. E você não precisa fazer isso sozinha. Eu estou aqui. Sempre vou estar.
Saphira olhou para Amara e, pela primeira vez desde o fatídico dia, sentiu uma leveza crescente. Talvez o caminho fosse longo, talvez os passos fossem pequenos, mas ela não estava sozinha. E, por mais difícil que fosse acreditar agora, ela sabia que a cada dia, ela daria mais um passo em direção ao recomeço.
— Obrigada, Amiga. Por estar aqui, me apoiando, mesmo quando eu não sei o que fazer. Acho que, pela primeira vez, estou começando a acreditar que posso me reerguer.
Amara sorriu, e juntas, elas ficaram ali, sentadas no sofá, bebendo seu chocolate quente e permitindo-se um momento de tranquilidade. O futuro ainda era incerto, mas, naquele instante, Saphira sabia que tinha ao seu lado a força de uma amizade verdadeira.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
thiago fernandes
que linda amizade
2025-05-04
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