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4 - O Acordo Imposto

O Salão dos Espelhos, o mais imponente aposento da mansão dos Raventhorn, estava iluminado por velas cintilantes. O duque viúvo, Luca Verendale, estava de pé diante da enorme janela, observando a chuva fina que caía sobre os jardins escuros. Sua expressão era fria, dura como mármore, mas o punho fechado ao lado do corpo denunciava a tempestade que se formava dentro dele.

Do outro lado da sala, sentado com a compostura rígida de um homem acostumado a ditar destinos, estava o Duque de Raventhorn, seu pai. Seu olhar penetrante e calculista fitava o filho com a impaciência de quem já tomara uma decisão inegociável.

— Você precisa se casar novamente, Luca. O título exige um herdeiro. O ducado precisa de estabilidade.

O jovem duque fechou os olhos por um breve instante, tentando conter a onda de irritação que subia por sua garganta. Ele já ouvira aquelas palavras inúmeras vezes desde a morte de Eleanor. Já havia recusado, deixado claro que jamais tomaria outra esposa. Mas agora, sentia que o pai não lhe daria escolha.

— Não há necessidade de pressa. O luto ainda pesa sobre esta casa — respondeu, sua voz firme, mas cansada.

O duque mais velho bufou, inclinando-se para a frente.

— O luto não encherá os cofres vazios do ducado. E sua resistência infantil apenas tornará nossa situação pior. Recebi uma proposta esta manhã.

Luca virou a cabeça na direção do pai, os olhos estreitando-se em desconfiança.

— Que tipo de proposta?

— Um casamento. Com Seraphina Valtieri.

O silêncio caiu sobre o salão como uma lâmina afiada. Luca ficou imóvel por um momento, como se não tivesse ouvido direito. Mas então, uma risada curta e amarga escapou de seus lábios.

— Seraphina Valtieri? Está sugerindo que eu me case com… a Berração de Valmont?

O pai não demonstrou qualquer emoção diante do sarcasmo do filho.

— Estou sugerindo que você faça o que é necessário. Os Valtieri têm fortuna de sobra, e sua filha precisa de um título para se livrar do desprezo da sociedade. É uma aliança conveniente para ambos os lados.

Luca sentiu o peito arder de fúria. Ele conhecia Seraphina Valtieri. Já a vira em bailes, sempre escondida sob aquela ridícula peruca e aquelas lentes de cor opaca. Uma jovem que não parecia se encaixar em lugar nenhum, sempre à sombra dos sussurros maldosos da sociedade. O simples pensamento de compartilhar sua vida — sua cama — com uma mulher que ele não escolheu lhe dava náuseas.

— Não. Isso é ridículo. Meu casamento com Eleanor…

— Eleanor está morta, Luca! — a voz do duque mais velho reverberou pelas paredes, fazendo o candelabro balançar levemente. — E ela não voltará, por mais que você passe o resto da vida se agarrando à memória dela. Você tem um dever para com este ducado.

Luca engoliu em seco, o peito subindo e descendo com a respiração pesada. Ele não queria ouvir aquilo. Não queria aceitar que seu luto não significava nada diante da realidade cruel de um título falido e de um pai disposto a tudo para manter o legado da família.

Mas ele ainda tinha uma escolha. Ele podia recusar.

— Encontre outro jeito. Não serei forçado a esse casamento.

O duque mais velho sorriu levemente, um sorriso carregado de algo sombrio.

— Então talvez devesse saber que já dei minha palavra ao Barão Valtieri. O contrato já está sendo redigido. Você pode resistir o quanto quiser, Luca, mas em breve, Seraphina Valtieri será sua esposa.

Luca sentiu o sangue gelar nas veias.

Seu destino havia sido selado sem seu consentimento.

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