O Anúncio de Mattheo
O celular de Mattheo vibrou sobre a mesa.
Ele olhou para a tela e bufou ao ver o nome de Matthias.
Pegou o aparelho e atendeu, levando-o ao ouvido sem dizer nada.
A voz do irmão soou do outro lado, carregada de um falso tom amigável.
MATTHIAS: (teatral, como se fosse um aviso importante) — Mattheo, o conselho quer uma reunião com você.
Mattheo não demonstrou nenhuma reação.
MATTHEO: (frio, direto) — Quando?
MATTHIAS: (fingindo pesar) — Amanhã à noite. Eles querem discutir algo… importante.
Mattheo sorriu de lado. Ele já sabia exatamente do que se tratava.
MATTHEO: (calmo, sem hesitar) — Estarei lá.
E desligou.
Ele se recostou na cadeira, girando o copo de uísque nos dedos, pensativo.
Eles estavam finalmente fazendo o movimento que ele esperava.
E ele estava pronto.
Na noite seguinte, Mattheo entrou na sala de reuniões do conselho como se fosse dono do mundo.
Ele vestia um terno impecável, a postura relaxada, mas os olhos atentos a cada detalhe.
À sua frente, estavam os membros do conselho, todos homens influentes da máfia, figuras respeitadas, mas também manipuláveis.
À direita da mesa, Matthias e Luigi estavam sentados.
Eles tentavam manter uma expressão neutra, mas Mattheo conhecia os dois bem o suficiente para notar a satisfação escondida em seus olhos.
CONSELHEIRO: (sério, firme) — Mattheo, chamamos você aqui porque chegamos a uma decisão difícil.
Mattheo cruzou os braços, esperando.
CONSELHEIRO: (direto, mas cuidadoso) — Sua liderança tem sido… eficiente, mas há um problema que não podemos ignorar.
MATTHEO: (arqueando a sobrancelha, debochado) — E que problema seria esse?
O homem respirou fundo antes de continuar.
CONSELHEIRO: (solene) — Você não tem uma família. Não tem um herdeiro. Isso coloca em risco a estabilidade da nossa organização.
Mattheo sorriu de canto.
Ele já esperava por isso.
Matthias e Luigi trocavam olhares satisfeitos, como se já soubessem o desfecho daquela conversa.
Mas Mattheo estava prestes a esmagar a pequena alegria deles.
Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa, e soltou a bomba com a maior tranquilidade do mundo:
MATTHEO: (simples, mas letal) — Então é bom que comecem a mudar seus planos… porque eu vou me casar.
A sala caiu em um silêncio absoluto.
Os membros do conselho se entreolharam, surpresos.
Matthias e Luigi perderam o sorriso na hora.
A vitória que achavam que tinham na mão escorregava pelos dedos.
E Mattheo apenas observava, satisfeito, enquanto o caos se instalava ao redor da mesa.
O silêncio na sala de reuniões era tão espesso que poderia ser cortado com uma faca.
Os membros do conselho ainda tentavam processar a bomba que Mattheo havia acabado de soltar.
Matthias e Luigi, que antes estavam prestes a comemorar a queda do chefe, agora tinham expressões fechadas, tentando esconder o desespero.
Foi Luigi quem quebrou o silêncio primeiro.
LUIGI: (incrédulo, estreitando os olhos) — E por que só agora você está nos dizendo isso?
Mattheo manteve seu sorriso discreto e confiante.
MATTHEO: (calmo, mas firme) — Porque não era o momento certo.
Luigi franziu o cenho, mas Mattheo não se importou.
Na verdade, naquele instante, sua mente já estava longe dali.
Um flashback tomou conta de sua memória.
Naquela mesma manhã, Mattheo estava sentado no escritório de Heitor, um homem que já havia sido respeitado na máfia, mas agora não passava de um empresário falido, endividado e desesperado.
Heitor tentava disfarçar seu nervosismo, mas Mattheo via o medo estampado em seus olhos.
HEITOR: (engolindo seco) — Você quer… se casar com a minha filha?
Mattheo girava o copo de uísque entre os dedos, sua expressão impassível.
MATTHEO: (tranquilo, mas perigoso) — Quero.
Heitor passou a mão na testa, visivelmente desconfortável.
Ele conhecia a fama de Mattheo. Sabia que ele não fazia pedidos. Fazia exigências.
E recusar um pedido de Mattheo Ferrari não era uma opção inteligente.
HEITOR: (hesitante, tentando argumentar) — Mattheo, minha filha… ela não tem nada a ver com esse mundo. Ela não é como você.
Mattheo inclinou a cabeça, como se refletisse sobre aquilo.
MATTHEO: (sorrindo de leve, mas frio) — E quem disse que eu quero alguém como eu?
Heitor apertou as mãos sobre a mesa, como se tentasse conter o tremor nos dedos.
HEITOR: (num sussurro desesperado) — Isso não é um pedido, não é?
Mattheo se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa. Seus olhos azuis-cristal perfuravam a alma de Heitor.
MATTHEO: (calmo, mas letal) — Não.
A respiração de Heitor ficou pesada. Ele sabia que estava encurralado.
Se recusasse, perderia tudo.
E, se aceitasse…
Ele olhou para Mattheo, para aquele homem que comandava a máfia com um punho de ferro, e percebeu que não havia escolha.
Com um último suspiro resignado, ele fechou os olhos por um instante antes de finalmente dizer:
HEITOR: (derrotado) — Tudo bem.
HEITOR: (voz fraca, quase um sussurro) — minha filha será sua esposa.
Mattheo sorriu de lado.
O flashback se dissipou, trazendo-o de volta à reunião do conselho.
Ele voltou a focar em Luigi, que ainda o encarava com desconfiança.
Mas agora, Mattheo tinha a vantagem.
E ele nunca perdia quando estava no controle do jogo.
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Atualizado até capítulo 80
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