O Jogo Começou
O relógio na parede marcava 23h47.
Mattheo estava em seu escritório, os olhos fixos nas luzes da cidade que se estendiam além da parede de vidro. O mundo lá fora continuava girando, alheio às traições e conspirações que ocorriam nas sombras. Mas ele não.
Ele sabia exatamente o que estava acontecendo.
Ouviu a porta se abrir sem cerimônia. Não precisou se virar para saber que era Piettro.
PIETTRO: (sem rodeios) — O que foi agora?
Mattheo sorriu de leve. Piettro sempre sabia quando algo estava errado.
Ele se virou para encará-lo, os olhos frios como sempre.
MATTHEO: (calmo, porém letal) — O jogo começou.
Piettro estreitou os olhos, puxando a cadeira à sua frente e se sentando.
PIETTRO: (desconfiado) — Explica.
Mattheo pegou um charuto sobre a mesa, acendendo-o antes de continuar.
MATTHEO: (soprando a fumaça devagar) — Você sabe que eu sempre enrolei a máfia quando o assunto era casamento.
Piettro cruzou os braços.
PIETTRO: (impaciente) — E sei que sempre teve seus motivos.
Mattheo soltou uma risada seca.
MATTHEO: (com sarcasmo) — E agora tenho um novo.
Piettro inclinou a cabeça, atento.
MATTHEO: (direto, sem rodeios) — Eu ouvi meu tio e Matias conversando.
A expressão de Piettro endureceu na hora.
PIETTRO: (cerrando os dentes) — E aí?
Mattheo se levantou da cadeira, indo até o bar no canto da sala para servir um uísque.
MATTHEO: (tranquilo demais, o que sempre significava perigo) — Eles acham que eu sou incapaz de governar porque não tenho uma família para deixar o legado.
Piettro bufou, irritado.
PIETTRO: (com desdém) — Isso é ridículo. Você construiu esse império sozinho.
MATTHEO: (tomando um gole do uísque) — Ridículo ou não, é o que eles estão usando contra mim.
Piettro passou a mão no rosto, frustrado.
PIETTRO: (tentando raciocinar) — E qual é o plano deles?
Mattheo se apoiou na mesa, olhando diretamente para o amigo.
MATTHEO: (gélido, calculista) — Minar minha autoridade dentro da máfia. Fazer com que outros líderes duvidem da minha capacidade de manter a organização forte no futuro.
Piettro ficou em silêncio por um momento.
Ele sabia que, na máfia, tradição era tudo. E um líder sem herdeiros era visto como fraco.
Finalmente, ele exalou pesadamente.
PIETTRO: (sereno, mas atento) — E qual é o seu plano?
Mattheo sorriu de lado.
MATTHEO: (com um brilho perigoso no olhar) — Se eles querem um líder com família… então eu darei um a eles.
Piettro piscou, surpreso.
PIETTRO: (incrédulo) — Você vai…?
MATTHEO: (sem hesitação) — Me casar.
Piettro ficou em silêncio por um instante antes de soltar uma risada baixa e incrédula.
PIETTRO: (rindo, mas ainda chocado) — Você passou anos fugindo disso.
MATTHEO: (sorrindo de lado) — Passei anos sem precisar. Agora, preciso.
Piettro se recostou na cadeira, analisando o amigo.
PIETTRO: (direto) — E quem é a escolhida?
Mattheo não respondeu de imediato.
O silêncio no escritório era pesado.
Piettro olhava para Mattheo com um misto de irritação e incredulidade, os braços cruzados enquanto tentava entender o que diabos seu chefe estava pensando.
PIETTRO: (bufando, impaciente) — Você só pode estar brincando.
Mattheo, sentado à sua mesa, mantinha a expressão impassível.
MATTHEO: (tranquilo, girando o copo de uísque entre os dedos) — Estou muito sério.
Piettro passou a mão pelo rosto, visivelmente frustrado.
PIETTRO: (tentando argumentar) — Heitor está afundado em dívidas, Mattheo. Devia favores para todo mundo, e agora ninguém quer se associar a ele.
MATTHEO: (arqueando uma sobrancelha) — E por isso mesmo ele vai fazer tudo o que eu mandar.
Piettro estreitou os olhos, estudando Mattheo por alguns segundos.
PIETTRO: (desconfiado) — Você realmente confia nele para algo assim?
MATTHEO: (sorrindo de lado, perigoso) — Não. Mas ele não precisa ser confiável. Só precisa estar desesperado o suficiente para me dever ainda mais.
Piettro soltou um riso seco, balançando a cabeça.
PIETTRO: (reprovando a ideia) — Isso é um erro.
MATTHEO: (calmo, mas firme) — É necessário.
O olhar dos dois se manteve firme por alguns segundos, um desafiando o outro em silêncio.
Por fim, Piettro bufou e pegou o celular.
PIETTRO: (resmungando enquanto digitava) — Vou marcar essa maldita reunião, mas quando der errado, não venha dizer que eu não avisei.
Mattheo sorriu, satisfeito.
MATTHEO: (descontraído) — Nunca disse que você não era um bom conselheiro. Só não sou muito bom em ouvir.
Piettro revirou os olhos, mas a reunião foi marcada para o quanto antes.
Agora, tudo estava em movimento.
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Atualizado até capítulo 80
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