Entre Suores, Gritos e Glitter: Luxúria & Inveja

O inferno é uma orquestra sinfônica de gemidos e açoites, mas Tóquio...

Ah, Tóquio é uma rave de luxos e pecados comprimidos em prédios com ar-condicionado e cheiro de incenso caro.

Lúcifer andava pelas ruas com seu mini séquito do apocalipse sensual:

— Preguiça, babando literalmente no pescoço real desde o restaurante.

— Gula, arrastando os passos, segurando sua blusa e choramingando com olhos úmidos de anime mal alimentado.

— E o Orgulho... Ah, o Orgulho! Continuava com o queixo erguido como se fosse uma coroa invisível, vomitando declarações de amor-próprio.

— “Você sabe, Lúcifer, não foi sorte. Foi destino. EU ser o primeiro a ser achado. EU sou seu favorito. Todos sabem disso. É só olhar pro seu rosto... tão contido... tentando esconder que quer sorrir pra mim...”

— “Eu tô tentando esconder que não quero te matar.” — respondeu o Diabo, impassível.

Mas ele já estava cansado. E não queria descontar isso nos seus concubinos.

Afinal... eram seus pecados favoritos.

E como num sussurro cósmico do universo maldito, Lúcifer parou diante de um bordel de luxo.

Um lugar de paredes vermelhas, veludo, cheiro de suor doce e ambrosia carnal.

A fachada tinha neon rosa. O nome? The Crimson Touch. Porque claro, se é pra pecar, que seja com branding.

Lúcifer suspirou fundo.

Seu corpo já absorvia energia do ambiente, como um vampiro inalando luxúria no ar.

Pecados aqui, outros ali, sussurros, gemidos abafados, orgasmos pagos em cartão de crédito...

Ele entrou.

E o chão pareceu tremer sob seus pés.

Corpos dançavam.

Perfumes colidiam.

Mentes humanas se diluíam entre prazer e culpa.

E então, ele o viu.

Luxúria.

Dançando no pole dance como se o pecado original tivesse corpo, rosto e bumbum.

Quase sem roupas — quer dizer, se aquilo pudesse ser considerado roupa... eram mais faixas simbólicas do que tecido real. Um fio dental rendado, meias 7/8 presas por cinta-liga, e um top minúsculo que parecia desafiar as leis da física e da moral.

Luxúria era o corpo ideal.

Não para satisfazer. Mas para provocar fome eterna.

Alto, algo entre 1,80m e 1,85m, de proporções absurdamente sensuais. Ombros largos, cintura fina, quadris flexíveis. Pele dourada, como se beijada por fogo e pecado.

Cabelos longos e ruivos, ondulados, caindo como labaredas pelas costas suadas.

Olhos violetas, pupilas felinas, boca carnuda sempre úmida. Um brinquedo divino com manual escrito em latim erótico.

Dançava no pole com movimentos hipnóticos.

Girar. Deslizar. Descer devagar. Rebolar em câmera lenta.

As coxas se fechando na barra com precisão cirúrgica. Os dedos roçando a própria boca.

Era arte. Pornográfica. Diabólica. Perfeita.

Lúcifer já ia se aproximar, bufando um “Luxúria...” entre os dentes afiados, quando ouviu uma bufadinha familiar.

Aquela bufada emburrada de “ninguém me ama”.

Seus olhos vasculharam o salão... até acharem ele.

Inveja.

Sentado num banquinho discreto, encolhido, rodeado por gente que nem o via.

Com a cara franzida, o olhar ácido e um biquinho adorável de ódio estético.

Inveja tinha um corpo pequeno, extremamente delicado.

Parecia ter sido esculpido com o pincel mais fino, por uma mão que tremia de contenção.

Estatura baixa (quase um metro e meio), corpo mignon, curvas suaves, pele leitosa com um leve tom de rosa.

Cabelos negros e lisos até a cintura, franja reta. Olhos verdes vívidos e sombrios, como se engolidos por ciúmes eternos.

Vestia um vestido de lolita preto com rendinhas, meias longas e sapatinhos com fivelas douradas. Uma bonequinha amaldiçoada por possessividade.

Ele encarava o Luxúria dançar.

Com inveja.

Dos homens olhando.

Do corpo.

Do palco.

Do aplauso.

Lúcifer se aproximou sem som.

Pegou-o pela blusa, como se fosse um gato arisco, e o levantou com uma mão só, como se pesasse menos que um suspiro.

— “AH—?!” — Inveja arregalou os olhos, assustado, até que viu...

— “LÚCIFER!!!”

Um sorriso se abriu. Os olhos brilharam.

— “Você saiu do escritório! Eu sabia que me ama...!”

Mas então...

Ele viu.

Preguiça no colo.

Gula pendurado na blusa.

Orgulho todo emperiquitado no braço.

Luxúria, bom, ainda pelado dançando.

O sorrisinho morreu.

— “Eu não fui o primeiro... nem o segundo... NEM O TERCEIRO?!” — os olhos se encheram d’água de raiva. — “VOCÊ ME DEIXOU PRA TRÁS!”

— “Pelo menos não foi o último.” — respondeu Lúcifer, ainda segurando-o suspenso no ar como uma mochila emocional. — “E para de fazer birra. Quem está puto aqui sou eu. Depois a gente vai ter uma conversa. Unilateral. Eu falo. Você ouve. E talvez chore.”

O Orgulho riu.

— “Poxa, que pena... eu fui o primeiro... estava sozinho... fui o único que o Lúcifer caçou com dedicação pessoal.”

— “CALAAAAA A BOCA!” — Inveja explodiu, se contorcendo como um gato ensaboado. — “Você acha que é melhor que todo mundo! Seu nariz empinado vai ser enfiado no chão um dia!”

Enquanto isso...

Luxúria viu Lúcifer.

Seus olhos se arregalaram. Um sorriso indecente surgiu.

Ele saltou do palco.

Empurrou o Preguiça com o cotovelo.

Subiu nele como uma escada sonâmbula.

— “QUE CARALHOS?” — Preguiça acordou, sendo pisoteado. — “EU TE MATO, FILHO DA—”

Mas Luxúria já estava escalando o Lúcifer, enroscando braços e pernas, colando o corpo suado no Diabo como um perfume possessivo.

— “Ai, amor... que saudade do seu calor infernal.” — sussurrou ele, beijando o pescoço do Rei com desfaçatez.

— “Você tava dançando nu pra meia Tóquio.” — murmurou Lúcifer, irritado.

— “É arte... e pré-aquecimento.”

E assim, o grupo saiu do bordel.

Gula ainda segurando a blusa.

Orgulho enrolado no braço.

Luxúria pendurado no pescoço.

Preguiça de volta no colo, resmungando.

Inveja do outro lado, bufando como um gato ofendido.

Lúcifer... apenas andava.

Silencioso.

Exausto.

Bela.

Diabolicamente magnânimo.

Só faltavam dois.

— Avareza... Ira... onde vocês se enfiaram...?

(Continua...)

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