O Primeiro Pecado é Encontrado (e Ele Está Deslumbrante)

A noite caiu sobre Tóquio como uma amante sussurrando promessas perigosas.

O céu estava limpo, as estrelas acesas como olhos silenciosos observando de longe. Mas algo... algo rompeu o véu.

Lá do fundo, das sombras mais profundas da Terra — não aquelas que os humanos conhecem, mas da Terra real, do ventre do mundo, do espaço entre mundos — ele veio.

Lúcifer.

O Primeiro. O Caído. O Belo. O CEO. E agora... um turista em missão de resgate.

Rasgou os céus com uma névoa negra que se torcia como serpentes em êxtase, se dissipando entre as correntes de vento, mas encontrando refúgio na cobertura de um dos mais altos arranha-céus da cidade.

A névoa se condensou. Girou. E então... ele apareceu.

Chifres expostos. Asas abertas. Poder puro.

Por um instante, Tóquio silenciou. Um silêncio cósmico. Os olhos dos gatos se voltaram para o alto. Os semáforos piscaram mais forte. Um bebê chorou sem motivo. Uma velha senhora sentiu um arrepio e se benzeu. O ar vibrou — porque o Inferno acabara de colocar os pés na Terra.

Mas é claro, Lúcifer não é nenhum amador.

Ao pousar no prédio, recolheu os chifres e as asas com um simples pensamento. Manteve-se na forma humana — sedutora, maliciosa, cruel e incrivelmente... normal, para os padrões do Japão.

Agora sim, um homem alto, de beleza afiada e inumana, vestindo um sobretudo negro com detalhes vermelhos no forro, passos seguros como um rei sem pressa. Mas seus olhos ainda queimavam — só para quem olhasse fundo demais.

— “Tch... essa cidade é um caldeirão.” — murmurou ele, analisando o fluxo de energia no ar.

Tóquio era tudo ao mesmo tempo.

Luz e sombra. Bondade e desespero. Virtudes e pecados.

Tantos humanos em conflito, superando uns aos outros na generosidade... e na crueldade. Alguns ajudando idosos a atravessar a rua. Outros desejando silenciosamente que o chefe fosse atropelado por um caminhão de sushi podre. Uma festa para qualquer sensitivo. Uma desgraça para um rei tentando se concentrar.

As energias estavam embaralhadas, confundindo até mesmo Lúcifer.

Ele sentia seus concubinos por ali. Sim. Eles estavam próximos. Mas onde, exatamente?

Ora, ele era o Rei do Inferno. Não o Criador. E se tivesse GPS celestial, estaria quebrado há milênios.

— “Shopping.” — decidiu ele, já caminhando pela calçada.

Porque onde há pecado em abundância, há consumo.

E onde há consumo em massa, há um templo sagrado: o shopping.

Ginza Six.

O mais luxuoso de Tóquio.

Um palácio moderno da vaidade. Mármore reluzente. Escadas rolantes que pareciam passarelas. Lojas de marcas que soam como feitiços caros. Pessoas com roupas que gritam “sou melhor que você” — e estavam dispostas a pagar caro por isso.

Era perfeito. Era ridículo. Era divino.

Lúcifer adentrou o local como se fosse o dono (e quem sabe não era?).

Seus olhos percorreram o ambiente. Perfumes, roupas, maquiagens, jóias, champanhe artesanal, lingeries de ouro.

E então ele o viu.

Ah... o Orgulho.

Lá estava ele.

Uma figura esbelta, etérea, com um porte tão impecável que até as vitrines refletiam melhor quando ele passava.

Alto, mas não tanto quanto Lúcifer — algo em torno de 1,85m.

Corpo andrógino, de curvas suaves, postura perfeita, e uma leveza no caminhar que parecia milimetricamente coreografada. Um rosto fino, traços delicados, nariz aristocrático, lábios rosados e olhos puxados, delineados com perfeição. Sua pele? Alva, luminosa, praticamente retocada com luz divina.

Cabelos longos e sedosos, de um tom loiro platinado quase branco, lisos até o meio das costas, com uma franja levemente inclinada cobrindo parte da testa.

Vestia uma blusa de seda levemente translúcida em tom creme com babados finos no colarinho, calça skinny preta de alfaiataria com salto baixo dourado — sim, salto. Andava como um modelo em desfile, mas com o desdém de quem acha que todos ao redor são figurantes na sua vida perfeita.

Estava diante de uma loja da Gucci, observando um colar com cristais que refletiam sua beleza de mil ângulos.

— “Tsc...” — Lúcifer pigarreou — “Você aí.”

A voz não precisou ser alta. Apenas... imperativa.

O Orgulho congelou. E então... sorriu.

Aquele sorriso. Arrogante, belíssimo, cheio de certeza.

Virou-se lentamente, os olhos brilhando em satisfação.

— “Lúcifer...” — suspirou ele, os lábios se curvando em êxtase puro.

Em segundos, correu com graça dramática e se atirou nos braços do Rei.

— “Aaaah, eu sabia! Eu fui o primeiro, né? Eu fui o primeiro a ser encontrado, não fui?! Eu sabia que você se importava. Oh, meu amor... que saudade da sua cara de tédio demoníaco.”

Lúcifer revirou os olhos, segurando o corpo leve como pluma do concubino.

Sua voz saiu em um tom baixo, irritado:

— “O que deu na cabeça de vocês pra saírem do Inferno? Sem aviso? Sem permissão? Sem NADA?”

O Orgulho riu, sem vergonha na cara.

— “Ah, a gente só queria passear... ver o mundo, saciar uns pecados pessoais. Você sabe como é.”

— “Vocês têm castelos inteiros pra isso. Reinos. Uma legião de almas gritando de dor sob seus pés.” — retrucou Lúcifer, seco. — “E mesmo assim, quiseram vir aqui?”

O Orgulho, claro, ergueu o queixo com altivez.

— “É diferente. Aqui tem... possibilidades. Onde mais a gente vê pecadores e salvadores dividindo fila na Starbucks? Tem um charme na tragédia cotidiana. E eu... eu precisava ver o reflexo do meu ego em vitrines humanas.”

Ele voltou a se grudar em Lúcifer como um gato mimado.

— “Mas agora que você me encontrou... podemos ir buscar os outros, né? Anda. Anda, vamos! Quero ver a cara do Inveja quando souber que eu fui o primeiro a ser encontrado!”

Lúcifer suspirou. Profundamente.

— “Vai ser uma longa noite.”

E com o Orgulho agarrado ao seu braço como um broche reluzente de vaidade, Lúcifer saiu do shopping, já sentindo os próximos pecados se agitarem pelas ruas caóticas de Tóquio...

(Continua...)

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