Estou nervosa. Respiro fundo, tentando me acalmar, mas o nervosismo toma conta de mim. A ansiedade é evidente. Balanço as pernas incessantemente, enquanto minhas mãos insistem em ter autonomia. Olho ao redor, observo pessoas indo e vindo pelo corredor. Na cadeira ao lado, minha bolsa repousa; embaixo dela, o envelope contendo toda a documentação exigida pelo concurso.
Finalmente fui chamada para exercer o cargo pelo qual tanto me esforcei. Este é meu mérito, minha conquista. Uma moça sai da sala de Recursos Humanos e caminha em minha direção. Meu coração acelera.
— Anna Lacerda? — ela chama.
— Sim. — Levanto-me rapidamente da cadeira.
— Por favor, me acompanhe.
Sigo-a até a sala. Meu coração está inquieto. Entro e vejo outras pessoas atendendo candidatos. A moça indica um lugar para eu me sentar. Entrego o envelope com minhas mãos ligeiramente trêmulas, enquanto ela analisa os documentos.
— Você é a primeira a trazer toda a documentação certinha! — ela comenta com um sorriso sereno.
Esbanjo um sorriso de alívio.
— Aqui está a documentação que você precisa assinar. Leia tudo com calma e preencha corretamente. — Ela me entrega os papéis e completa: — Qualquer coisa, é só me chamar. Estarei ali na impressora.
— Obrigada! — murmuro, envergonhada pelo meu nervosismo evidente.
Começo a ler cada documento com atenção e preencho todas as informações solicitadas. Por fim, escrevo uma carta à mão sobre o cargo que irei exercer. Finalmente sou uma servidora pública — e efetiva! Sinto uma alegria profunda. Penso em como a freira Gabriela ficaria orgulhosa de mim.
Cresci em um pequeno orfanato administrado por freiras. Nunca fui adotada, então não havia pessoas que esperassem muito do meu futuro. Deixar a cidade de Velkan e vir para Nova Alvorada, aos 18 anos, foi um grande passo. Vim para estudar psicologia e encarar um mundo novo. Agora, recém-formada aos 23 anos, estou conquistando meu primeiro cargo público. É uma vitória imensa.
— Anna, terminou? — A moça se aproxima novamente, sentando-se ao meu lado.
— Sim. — Entrego os papéis preenchidos.
Ela analisa os documentos com cuidado e sorri.
— Parabéns, Anna! Você passou em primeiro lugar!
— Obrigada! — Respondo com um brilho nos olhos.
— Agora você será a psicóloga da Unidade de Saúde Santo Agostinho. Eles estão sem psicólogo há meses. Espero que faça um ótimo trabalho. — Ela me entrega um envelope menor. — Apresente isso na unidade.
— Muito obrigada!
Antes de sair, não resisto.
— Sei que é repentino, mas vou comprar uma casa financiada ainda hoje! — Minha empolgação a faz rir.
— Para isso, vou precisar comprovar renda e efetivação. Pode me ajudar com isso?
— Claro! Vou providenciar os documentos.
Saio da prefeitura caminhando nas nuvens. Meu alívio é indescritível. Estou na Avenida do Sol, a principal via da cidade, cheia de árvores, comércios e restaurantes. O Banco Brinford está logo à frente. Antes de atravessar o semáforo, faço uma oração fervorosa para Santo Antônio, pedindo por aquela casa que visitei dias atrás.
A casa é média, com dois quartos, sala conjugada com cozinha, banheiro e varanda. Recém-construída, está novinha em folha.
— Santo Antônio, dê uma forcinha divina para eu conseguir meu lar!
Entro no banco com uma esperança renovada.
Três Meses Depois
Minha casa é exatamente como imaginei. Pequena, mas cheia de charme e aconchego. Logo na entrada, uma varanda espaçosa recebe os visitantes. Decorei-a com vasos de plantas: samambaias, begônias e uma pequena trepadeira que cresce ao redor da grade.
A porta principal leva diretamente à sala, que é integrada com a cozinha. Pintei as paredes de um tom claro para ampliar o espaço e coloquei almofadas coloridas no sofá cinza, dando um toque de alegria. Na cozinha, armários brancos e uma bancada de madeira deixam o ambiente moderno e funcional. Um pequeno pôster com a frase “Cozinhar é um ato de amor” decora a parede.
Os quartos são simples, mas acolhedores. Meu quarto tem uma cama de casal com roupa de cama floral, uma prateleira cheia de livros e uma escrivaninha onde trabalho à noite. O outro quarto ainda está vazio, mas penso em transformá-lo em um espaço de leitura ou até um quarto de visitas.
O banheiro é pequeno, mas bem iluminado. Decorei com toalhas verdes e um vaso de bambu da sorte no canto da pia. O chuveiro é elétrico, e às vezes o barulho da água caindo me traz uma sensação de calma.
Finalmente, o quintal é o meu lugar favorito. Não é muito grande, mas tem espaço suficiente para uma rede e um pequeno jardim que começo a cultivar. Plantei manjericão, hortelã e alecrim. Durante as tardes, adoro sentar na rede com um bom livro, ouvindo os sons do bairro.
Minha casa representa mais do que apenas um lar. Ela é a prova da minha determinação, da minha jornada. Cada canto reflete meu esforço e minha esperança. Aqui, sinto que finalmente encontrei meu lugar.
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Atualizado até capítulo 23
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