Testando Limites

Than pensou que fingir um relacionamento com Sarut seria simples.

Mas ele estava muito, muito enganado.

Desde o episódio no refeitório, Sarut parecia decidido a tornar tudo o mais real possível. E, por mais que Than tentasse se convencer de que estava tudo bem, ele sabia que não estava.

Ele sabia que aquilo tudo tinha começado como uma simples mentira, uma farsa necessária para afastar o interesse de Phakin. Mas quanto mais Sarut se aproximava, mais difícil se tornava manter a linha entre o que era falso e o que era real.

Sarut fazia questão de andar perto demais, de tocar o ombro de Than quando falava, de jogar o braço sobre sua cadeira nas aulas. E, pior ainda, Sarut fazia tudo isso com uma naturalidade irritante. Como se fosse a coisa mais normal do mundo. Como se não fosse nada de mais.

Mas para Than, tudo parecia ser demais. Cada toque, cada sorriso, cada olhar. Ele sentia o rosto esquentar, o peito apertar, a mente ficando confusa a cada vez que alguém olhava para eles com curiosidade. Como se ele tivesse sido descoberto. E, na verdade, ele tinha sido. Não fisicamente, mas emocionalmente. Ele estava sendo consumido por algo que não conseguia mais controlar.

Na terceira vez em que Sarut segurou sua mão no corredor, Than explodiu.

— Você pode parar com isso?! — exclamou, se afastando bruscamente.

Sarut olhou para ele, a expressão tranquila e desconcertante que sempre carregava, como se não fosse possível se abalar com nada.

— Parar com o quê? — Sarut perguntou, um sorriso divertido nos lábios, como se achasse graça na reação de Than.

Than o encarou, o rosto vermelho, os dedos ainda tremendo pela sensação do toque de Sarut. Ele estava prestes a responder, mas a sensação de cair na própria armadilha o fez perder as palavras. Ele sabia o que queria dizer, mas não sabia se deveria dizer. Ele estava perdendo o controle.

— Isso! — Than apontou para as mãos deles, ainda no espaço entre eles, como se o simples ato de estar perto fosse um crime. — Tocar em mim assim, do nada!

Sarut olhou para ele, levantando uma sobrancelha, o olhar desafiador.

— Casais fazem isso, Than.

Than se afastou mais um passo, tentando ignorar a sensação estranha que crescia dentro de si.

— Casais reais fazem isso! — ele tentou afirmar, mas sua voz soou mais fraca do que gostaria.

Sarut sorriu, sem desviar os olhos dele.

— Exato. — A voz de Sarut ficou mais suave, mais persuasiva. — E não queremos que descubram que somos falsos, certo?

Than não sabia o que dizer. Ele não queria ser tocado assim, mas ao mesmo tempo, ele não queria que isso acabasse. Ele queria sentir mais, mesmo sabendo que deveria se afastar. Porque cada vez que Sarut o tocava, ele sentia alguma coisa. Algo forte, algo real. Algo que não podia mais ignorar.

Ele suspirou pesadamente, seus olhos desviando para o chão.

— Você está se divertindo com isso, não está? — perguntou, a voz embargada, com um toque de frustração.

Sarut deu de ombros, um movimento tão despreocupado que fez Than se sentir ainda mais tenso.

— Eu gosto de desafios. — A resposta foi simples, direta, mas cheia de algo indefinido. Algo que Than não soube identificar.

Antes que Than pudesse retrucar, uma voz familiar se fez ouvir atrás deles.

— Que cena adorável.

Than virou-se rapidamente, e o que viu fez seu estômago revirar.

Phakin estava parado ali, encostado na parede do corredor, os braços cruzados, observando-os com aquele sorriso enigmático e cínico que ele sempre usava. O sorriso que fazia Than sentir como se estivesse sendo devorado por dentro.

— O que você quer, Phak? — Than conseguiu dizer, embora a pergunta saísse mais amarga do que ele gostaria.

Phakin não se apressou a responder. Ele apenas os observava, os olhos fixos em Than por um longo momento. Than podia sentir a pressão aumentada a cada segundo, como se a atmosfera tivesse se tornado densa e pesada, incapaz de respirar.

— Só queria ver isso de perto. — Phakin finalmente falou, com um tom de voz que insinuava algo que Than não conseguia identificar. — Você e Sarut são mesmo um casal… interessante.

Aquelas palavras pairaram no ar como uma bomba prestes a explodir. Than sentiu uma tensão crescente, o suor frio começando a se formar na nuca. Mas ele não queria dar essa satisfação a Phakin.

Sarut, por outro lado, manteve a expressão calma, inabalável, como sempre fazia. O que deixou Than ainda mais perplexo. Ele não estava nem um pouco preocupado com o que Phakin poderia dizer.

— Ficamos bem juntos, né? — Sarut respondeu, com um tom casual que contrastava totalmente com o olhar afiado que ele lançava a Phakin.

Phakin riu baixinho, e o som parecia cortante no silêncio que se seguiu.

— É. Mas me pergunto… por quanto tempo essa farsa vai durar? — As palavras de Phakin saíram quase como um desafio. E Than não soube o que sentir. Sentiu um calafrio percorrer sua espinha, uma sensação estranha, como se ele estivesse sendo observado de todos os ângulos, como se Phakin já soubesse mais do que ele gostaria.

Phakin sabia. Ele sabia que a linha entre o que era falso e o que estava começando a se tornar verdadeiro estava começando a desaparecer.

Mas, antes que Than pudesse dizer algo, Sarut deu um passo à frente, ficando perigosamente perto de Phakin. A tensão no ar aumentou ainda mais. Than podia ver os músculos tensos de Sarut, o olhar fixo e determinado.

— Por que não senta e aproveita o show? — Sarut disse, com uma leveza que, na verdade, aumentava ainda mais a tensão. Ele estava provocando Phakin, estava desafiando.

Phakin estreitou os olhos, a expressão um pouco mais severa.

— Eu gosto de ver as coisas desmoronando. — Phakin respondeu, sua voz mais baixa, mais cortante.

Sarut sorriu, mas o sorriso não era amigável. Era algo mais… perigoso.

— Então vai ser uma longa espera. — Ele respondeu com uma calma absoluta.

Os dois se encararam por um momento tenso, sem piscar, sem desviar o olhar. Than ficou ali, parado, sem saber o que fazer. Ele estava entre os dois, no centro de uma batalha invisível. Não sabia se deveria intervir, se deveria ficar em silêncio ou se deveria se afastar dali.

Finalmente, Phakin soltou um riso seco, um som vazio que não transmitia nenhum tipo de diversão genuína.

— Vamos ver. — Ele disse, antes de virar-se e começar a se afastar pelo corredor.

Than só relaxou quando Phakin sumiu de vista. O ar, finalmente, pareceu voltar a ser respirável. Ele olhou para Sarut, ainda com o coração acelerado.

— Ele sabe. — Than murmurou, a voz baixa e carregada de tensão.

Sarut olhou para ele, os olhos firmes, sem qualquer vestígio de medo ou incerteza.

— Ele desconfia. — Sarut corrigiu. — Mas isso não é um problema.

Than franziu a testa.

— Como assim não?! — ele não conseguia entender. Como Sarut podia estar tão tranquilo em relação a isso?

Sarut sorriu, e Than sentiu um arrepio. O sorriso de Sarut era sempre enigmático, mas agora havia algo mais. Algo mais perigoso.

— Porque vamos provar que ele está errado. — Sarut disse, e a determinação em sua voz fez Than engolir em seco.

Than sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele tinha certeza de que Sarut estava se divertindo demais com isso. E, de alguma forma, isso o preocupava mais do que Phakin. Era como se Sarut estivesse jogando um jogo, e Than era a peça no tabuleiro.

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