"Fingindo Ser Seu"
O bar estava lotado. O som da música vibrava contra as paredes, e a luz baixa tornava o ambiente ainda mais caótico. O cheiro de álcool e perfume misturava-se no ar quente, e a pista de dança estava cheia de universitários aproveitando a noite.
Than nunca gostou de bares. Mas lá estava ele, segurando um copo de vodca tônica, encostado no balcão enquanto tentava ignorar Phak, que se aproximava com aquele sorriso confiante que Than aprendera a detestar.
— Achei que você tinha dito que não gostava de sair — disse Phak, inclinando-se para perto demais.
Than revirou os olhos e deu um gole na bebida, sentindo o álcool queimar sua garganta. Ótimo. Lá vamos nós.
— Não gosto. Mas algumas pessoas me arrastam — respondeu, lançando um olhar rápido para “May” , sua melhor amiga, que dançava na pista, alheia ao seu sofrimento.
— Então, talvez seja um sinal. O destino quer que a gente se encontre.
Than suspirou, forçando um sorriso educado. Quantas vezes mais ele teria que dizer não?
— Phakin, eu já falei…
— Você nunca me deu uma chance de verdade — interrompeu Phak, tocando de leve o braço de Than. — Eu posso te provar que sou a pessoa certa pra você.
Than congelou. Ele não queria ser rude, mas Phak não entendia indiretas. Nem diretas.
Antes que pudesse responder, uma voz grave soou ao seu lado.
— Ei, amor, o que você está fazendo tão longe de mim?
O coração de Than parou por um segundo antes de perceber quem era.
Sarut Wongchai.
Ele estava ali, parado com uma cerveja na mão, usando sua expressão habitual de despreocupação, como se nada no mundo o afetasse. Os olhos escuros tinham um brilho divertido, e o canto da boca estava curvado em um meio sorriso.
Phak piscou, confuso.
— Vocês…?
— Estamos juntos — respondeu Sarut sem hesitar, lançando um olhar cúmplice para Than.
Than prendeu a respiração. O quê?
Sarut continuou como se fosse a coisa mais normal do mundo.
— Não sabia? Pensei que estivesse bem óbvio.
Than piscou algumas vezes. Seu cérebro tentava acompanhar a situação, mas a única coisa que conseguiu pensar foi: bom, essa é uma saída interessante.
Ele olhou para Phak, que parecia processar a informação. E, naquele momento, Than percebeu que essa poderia ser a única maneira de finalmente afastá-lo.
Então, ele suspirou dramaticamente e, antes que Sarut desistisse da farsa, entrou no jogo.
— Eu ia contar pra ele, mas você sabe como é… — Ele se virou para Sarut e apoiou uma mão no peito do outro, sentindo o tecido da camisa fina sob seus dedos. — Você me distrai fácil demais.
Sarut ergueu a sobrancelha, como se dissesse bom improviso, e então deslizou um braço ao redor da cintura de Than, puxando-o para mais perto. O movimento foi tão natural que Than quase acreditou por um segundo que aquilo era real.
Phak olhou para os dois, depois franziu o cenho.
— Sério isso? Desde quando?
— Um tempo já — respondeu Sarut.
Than forçou um sorriso.
— A gente só não queria tornar público ainda. Mas, bom, acho que agora não tem mais como esconder, né?
Phak estreitou os olhos, analisando os dois. Than sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando o olhar dele se demorou na mão de Sarut em sua cintura.
Então, Phak soltou um suspiro longo.
— Que pena — disse, finalmente. — Mas, se um dia você perceber que merece algo melhor, me avisa, Than.
Com isso, ele virou as costas e desapareceu na multidão.
Than só relaxou quando teve certeza de que Phak não voltaria.
— Você tá me devendo uma — murmurou Sarut antes de soltar a cintura de Than e dar um gole em sua cerveja.
Than virou-se para encará-lo.
— Eu que tô te devendo uma? Você que se enfiou nisso do nada!
Sarut deu de ombros.
— Você parecia precisar de ajuda.
— E você decidiu bancar meu namorado falso?
— Por que não? Foi divertido.
Than cruzou os braços.
— Você acha isso engraçado, mas agora Phakin acredita que estamos juntos.
Sarut sorriu.
— Problema resolvido, então. Agora ele vai te deixar em paz.
— Ou vai ficar obcecado pela ideia de nos separar.
— O que é só mais um motivo pra continuarmos fingindo — disse Sarut, inclinando-se contra o balcão.
Than franziu o cenho.
— Espera… você tá sugerindo que a gente continue com isso?
— Bom, funcionou, não? Além disso… — Sarut deu um pequeno sorriso. — Vai ser interessante.
Than o encarou, sem saber se queria rir ou chorar.
— Você só pode estar brincando.
— Eu nunca brinco.
Than bufou.
— Isso é uma péssima ideia.
— Então me diz uma alternativa melhor.
Than abriu a boca, mas nenhuma resposta veio. Ele realmente não queria que Phak continuasse insistindo, e fingir estar em um relacionamento com alguém como Sarut afastaria qualquer outro pretendente inconveniente.
Mas… era Sarut. Misterioso, popular e sempre cercado de pessoas. Than nunca imaginou que teria algum tipo de interação com ele, muito menos fingindo estar em um relacionamento.
— Vai aceitar ou não? — perguntou Sarut, arqueando uma sobrancelha.
Than passou uma mão pelo rosto.
— Eu não acredito que vou dizer isso, mas… tudo bem.
Sarut sorriu, levantando sua cerveja como se brindasse.
— Ótimo. Isso vai ser divertido.
Than tinha um pressentimento de que “divertido” não era a palavra certa para o que estava por vir.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 28
Comments