Depois que que entregamos o projeto e o 1º semestre de aulas acabou fui ficar na casa dos meus pais por alguns dias. Eles me enxiam de perguntas, mesmo tendo feito várias visitas supressa quebrando nosso combinado inicial, eu não gostava, minha mãe sempre brincava que era para ver se não tinham “periguetes” na minha casa. Segundo ela eu sou muito inocente e não saberia identificar se alguém estava se aproveitando de mim.
Precisei conversar com eles e com o meu terapeuta de longa data sobre limites. Sobre como eu me sentia oprimido com todo este controle exagerado. Entendo o que eu significo para eles, mas agora que estão aposentados e só vão às lojas quando querem tudo ficou pior. Meus pais tem uma rede de supermercados que agora tem um administrador e com isso eles tem muito tempo. Meu terapeuta conseguiu convencê-los de que precisávamos de limites. E combinamos como seriam as visitas a partir de agora. Nada de surpresas e invasão da minha privacidade.
Quando voltei para o Rio comecei a me enturmar com duas pessoas da minha aula de desenho, o Caio e a Bárbara. Nós descobrimos que tínhamos muito em comum e foi natural. Eles foram as primeiras pessoas fora da minha família a frequentar meu apartamento. Comecei a sair e conhecer mais pessoas, sentia que minha vida estava começando de verdade.
No final do segundo semestre eu já tinha muitos conhecidos, fazíamos várias competições de games, encontros para jogos de tabuleiros e todo tipo de coisa nerd. Foi nesta época que a pornografia entrou na minha vida. Morando na casa dos meus pais eu sempre morria de medo, tudo era muito vigiado, tive minhas fases de masturbação, e fazia isso pensando em filmes que podem passar até na sessão da tarde. Eu me colocava no lugar das garotas e fantasiava ser tomado por aqueles caras.
Na adolescência eu tive uma namoradinha, beijava ela porque era o que se esperava, mas quando se tem 16 anos e não tenta nada com a namorada da escola ela acha estranho. Os hormônios da adolescência são cruéis e quando ela terminou comigo saiu espalhando isso, que eu era um frouxo, coitada. Ela não sabia de nada, nunca sequer me conheceu.
Depois disso fiquei com outra garota, eu sempre levava lanche para ela e ficávamos com frequência, mas foi a Veronica que realizou a minha introdução sexual, ela era mais velha 4 anos e me dava aula particular. Ficávamos sozinhos na minha casa e um dia ela ofereceu para bater uma para mim, depois se ofereceu para me chupar, ela não era quem eu queria, mas eu sempre podia fechar os olhos e imaginar outra pessoa. Imaginar os meninos no vestiário de educação física. Eu não ficava secando eles, nenhum em específico, mas estava sempre os admirando com cuidado.
Foi assim que eu vi o primeiro pau que não era o meu, eu era um manja rôla, eles me zoavam achando que eu só era tímido, sabiam que fiquei com garotas, mal sabiam as sacanagens que se passavam na minha cabeça vendo eles, eu imaginava como seria a sensação de tocar em um pau alheio, pensava se beijar um cara era diferente de beijar uma mulher.
Eu ficava olhando os casais de namorados da escola nos intervalos, eu vivia com um fone, ou desenhando sentado com meus iguais, os casaizinhos ficavam se agarrando, se beijando, um sentando no colo do outro e eu tinha este desejo escondido. Queria viver estas sensações, já que as minhas experiências não me fizeram eu sentir quase nada.
Eu sabia que eu era o diferente, o errado. Na comunidade japonesa, pensar como eu era um absurdo. Eu seria motivo de vergonha para a minha família. Então, eu fui vivendo nas sombras, me escondendo dentro de mim. Tentando calar os meus desejos e sentimentos. Ninguém sabia sobre este meu lado, só eu.
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Atualizado até capítulo 98
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