Enfim faculdade!
Morei em São Paulo a vida inteira, mas eu sempre quis estudar em outro lugar, longe. Minha intenção original era o exterior. Mas, tentar convencer pais extremamente protetores disso aos 18 anos foi impossível. Assim que terminei o ensino médio eu viajei para o exterior fui fazer um intercâmbio em Tokio e viver um pouco o mundo.
Meus pais deram um jeito de familiares aparecerem para dar uma conferida e eles mesmo foram me visitar 2x! Pais protetores? Temos! Não reclamei, nesta circunstância até foi bom. Meu combinado era ir e voltar, e eles me lembravam disso diariamente. Foi fantástico viver com tanta liberdade.
Por isso quando passei em vários vestibulares eu decidi escolher uma boa faculdade em outro estado. Eu me sentia sufocado, meus pais acharam isso um absurdo. Dividir casa era um absurdo, viver sozinho era perigoso, tudo era problemático e eu não sou de brigas e imposições. Então, eu aos 19 anos lutei para convencê-los. Por fim, eles iam me dar esta liberdade, mas escolheram onde eu moraria, definiram que seria sozinho e perto da faculdade. O percurso com o carro novo que me deram dava 10 minutos, porque obviamente eu não poderia usar transporte público, isso seria o fim do mundo para eles!
No meu primeiro dia foram comigo até lá, na verdade a primeira semana inteira. Eles fizeram questão de montar um quarto para eles no meu apartamento, assim poderiamos ficar pertinho quando quiséssem. O combinado era ficar no máximo 15 dias sem visitar, então eu podia escolher ir ou recebê-los na minha casa. O primeiro mês foi horrível, eles me enlouqueceram. Ligavam a cada hora, principalmente a minha mãe. Precisei brigar para combinar no máximo duas ligações por dia. E não seria de vídeo, só se eu quisesse.
O curso de TI sempre foi meu plano original, sempre gostei da área de criação e tecnologia. Meu sonho era desenvolver softwares, redes, talvez games, também gostava de robótica. Ainda não tinha certeza da minha área de atuação, mas sabia que seria algo dentro disso.
Eu estava no segundo mês da faculdade quando vi o Felipe pela primeira vez, mais precisamente em uma aula de robótica, ele se sentou duas cadeiras depois da minha. Eu vi quando entrou na sala e subiu três fileiras escolhendo um lugar. Alto, forte, o cabelo era um loiro escuro, e os olhos, o que era aquilo? Seriam de verdade? Verdes, extremamente verdes, um tom muito claro do tipo hipnóticos. Eu precisei abaixar a cabeça para parar de encarar ele antes que me percebesse.
Não nos falamos naquele dia nem nos 2 meses seguintes, ele sempre estava batendo papo com alguém, nunca era eu, ele nem sabia da minha existência até aquele momento. Foi só no quarto mês em que estávamos estudando juntos que nos conhecemos. O professor deu um projeto em grupo de 7 pessoas, e por obra do destino ficamos no mesmo grupo. Seriam dois meses trabalhando juntos.
E aí cara? Tranquilo? - disse me estendendo a mão, o sorriso largo de um cara que sabe ser simpático, o extremo oposto do que eu era. Senti sua mão calejada, áspera na minha que parecia de uma seda. - Eu sou o Felipe.
Lee. - Não falei mais que isso, fiquei constrangido com ele. E se ele achasse que eu o estava encarando?
Você é brasileiro? - perguntou, deve ter pensado que eu não sabia falar português. Eu só estava morrendo de vergonha mesmo.
Sim, paulista. - Ele balançou a cabeça até que um idiota chamado Ian chegou segurando meu ombro.
Esse é o dorama. Ele é coreano. - um idiota que nunca soube meu nome, falou zoando como outros vinham fazendo a alguns dias, eu olhei para o nada. Quis sair de lá.
Sua família é coreana? - Felipe perguntou interessado
Não, vieram do Japão.
Gente, podemos começar? - a única garota do grupo chamou a atenção de todos e para minha sorte conseguiu.
As horas seguintes foram de muitas ideias e poucas soluções, o idiota falava sem parar a garota cortava ele, parecia um duelo. Eu fiquei calado, disseram que eu faria o desenho e eu só concordei. Seria fácil, Felipe deu sugestões e naquele dia vi que ele era um cara interessado. A garota tocava ele a cada frase, claro que ela sentou do lado dele. Ele parecia não perceber, era isso ou não ligava.
No final, todos passaram seus números e criaram um grupo de WhatsApp para trocar ideias. Na despedida ouvi alguns perguntando ao Felipe sobre uma festa, não falaram comigo, e fingi não ouvir enquanto guardava as minhas coisas. O idiota veio me atormentar outra vez, eu fiquei sem reação por uns segundos e naquele momento eu ganhei meu dia.
Ei cara, para! Tá chato. - Felipe falou sério. - O nome dele é Lee.
Tô zoando ele, né não dorama? - perguntou fingindo uma brincadeira e forçando uma aproximação. - Tá de boa, né não?
Tá. - Eu idiota abaixei a cabeça sem graça.
O grupo dispersou e ele foi um dos primeiros a sair sendo seguido pela garota e mais um cara. Acho que com aquele ato a minha atração que era totalmente física começou a se tornar também afetiva.
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Psycho
O Felipe é protetor
2025-02-11
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