Capítulo Quatro
Luisa
Abro meus olhos devagar e uma luz branca faz eu piscar algumas vezes até me acostumar. Em segundos, sinto uma dor invadir todo meu corpo, tento me mexer, mas piora. Olho ao redor e vejo uma mulher e um homem parados de costas para mim.
Entro em pânico, e me viro devagar, mesmo com uma dor rasgando meu corpo. Quando olho para a direção em que virei, me arrependo na hora. Tento me segurar, mas não resolve, e caio com tudo no chão. Na mesma hora, solto um grito alto, com a dor que sinto.
— Você é doida, porra. — A voz de um homem me assusta. Olho para ele e tá tudo embaçado. Forço a vista e por um segundo acho que é o Caim.
Me viro e tento me arrastar para longe, e sinto suas mãos em mim. — Não, por favor. — Grito e começo a me debater. — Eu juro que não faço mais isso, só não me machuca. — Começo a chorar.
Ele me puxa com tudo, e me pega no colo, minha cabeça começa a doer muito, e vejo várias pessoas aparecendo. Sinto uma picada no meu braço e então tudo fica escuro.
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Acordo de novo e não abro meus olhos, fico pensando onde estou, será que consegui fugir? Caim nunca me trouxe para um hospital, e parece que eu estou em um. Quem é o homem que me ajudou? Será que ele é confiável?
— Isso é muito estranho irmão. — A voz de uma mulher ecoa no quarto.
— Eu sei que é, mas só vamos saber algo quando ela acordar. — Novamente a mesma voz de mais cedo.
— Eu to com pena dela, seu corpo está cheio de hematomas, e depois de vários exames, contamos que ela foi abusada, não só uma vez. — A voz de preocupação é nítida. — Ela fugiu de alguém, e essa pessoa já estava com ela há um bom tempo. — Ela diz.
Eu realmente consegui fugir.
— Três…Três anos. — Falo com dificuldade e abri os olhos.
Viro para o lado e vejo um homem e uma mulher lado a lado. Eles me olham assustados e começam a se aproximar. Meu corpo involuntariamente começa a tremer e eles param.
— Não vamos te machucar, estamos aqui para ajudar você. — Ela diz, tentando me tranquilizar. — Me chamo Débora, sou médica. — Ela se aproxima devagar.
Olho para ela, e lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Eu.. eu consegui? — Falo em meio ao choro. — Eu fugi?
— Sim, você conseguiu. — Ela diz com a voz embargada, e me abraça.
Começo a chorar mais ainda. Eu realmente consegui sair daquele inferno. Eu posso enfim ter uma vida. Só não posso deixar aquele maldito me achar.
Debora me solta, e vejo o homem nos observando com os braços cruzados, seus olhos escuros, estão brilhando e vejo raiva e preocupação.
Debora olha para ele e o mesmo se vira e sai do quarto sem falar nada. — Como você se chama? — Ela pergunta.
— Luisa… Luisa Borges. — Digo.
— Luisa, vou fazer uns exames, para ver como você está. — Ela diz e apenas balancei a cabeça.
Debora me examina, e quando termina, se retira da sala dizendo que já iria voltar. Quando ela abre a porta, vejo o mesmo homem parado do outro lado do corredor, ele me olha, e não sei porque sinto um arrepio por todo meu corpo, sua cara séria, me dá medo, e por um segundo, temo ter caído nas mãos de uma pessoa pior que Caim.
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Depois que acordei, consegui comer uma sopa, e tomar um pouco de água. Debora conversou comigo sobre meu estado, e disse que ficaria mais um dia no hospital. Em nenhum momento perguntaram sobre o que aconteceu, e porque eu estou aqui.
Mas sei que logo, vão me perguntar, e eu terei que contar tudo, e rezar que eles sejam de confiança.
Estou sozinha no quarto, quando ouço alguém abrir a porta. Olho em sua direção e vejo aquele homem entrar. Ele para um pouco afastado de onde estou e fica me olhando por um tempo.
— Seu nome é Luísa, certo? — Ele pergunta, e sua voz me causa arrepios me fazendo encolher meu corpo na cama.
— Sim.. sim, é Luísa. — Respondo, quase em um sussuro.
— Mandei encontrarem algo sobre você mas não achei nada, seu nome é só Luisa Borges? — Ele me olha e cruza os braços.
— Sim. — Junto minhas mãos e começo a cutucar uma das minhas unhas, nervosa.
— Preciso que me conte o que aconteceu. — Ele descruza os braços e caminha até o canto da sala. Vejo o mesmo pegar uma cadeira, e trazer até o lado da minha cama e se sentar.
Fico olhando para ele que me encara seriamente. Engulo saliva presa na minha garganta, e sinto uma ardência no meu dedo, e vejo que acabei machucando minha unha.
— Luisa, se me contar, posso te ajudar. — Ele fala, e vejo sua postura rígida, ficar mais tranquila.
— Meu pai está morto, não tenho mais ninguém, antes de morrer ele.... — Viro meu rosto para o outro lado. — Ele me vendeu a um bordel, como moeda de troca. — Minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Lá fui vendida a um homem, chamado… Caim.
Volto a olhar para ele, e o mesmo está me olhando com a sobrancelha arqueada. — Continua. — Ele diz e cruza os braços de novo.
— Ele me levou para sua casa, e fiquei lá por três anos trancada. Não podia sair, e só ficar lá dentro. — Digo.
— Você sabe onde estava? — Ele pergunta.
— Eu sempre soube que estava no Rio de Janeiro, sabia que Caim é um miliciano muito conhecido. Mas quando fugi, soube que estava em um condomínio fechado, mas não sei qual. — Abaixo a cabeça.
O homem se levanta e começa a andar de um lado para o outro. Fico observando, e começo a ficar assustada. Olho para minha mão, e vejo muito sangue. Fiquei tão nervosa, que nem percebi que acabei me machucando demais.
Tento esconder minha mão, mas vejo a dele segurar a minha. — Porque fez isso? — Ele me encara.
— Eu… eu… — Não consigo dizer, e puxo minha mão da dele.
— Vou chamar minha irmã, já volto. — Ele se vira e sai.
Respiro fundo, e sinto meu peito doer, o medo que estou sentindo é demais, nunca pensei que conseguiria fugir, mas estar em um lugar totalmente desconhecido, me dá mais medo ainda.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Andressa Silva
eu acho que ela foi sequestrada por o maldito que dizia seu pai
2025-02-09
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