Capítulo Dois
Luisa Borges
Levei dois dias para conseguir andar de novo, fiquei recebendo comida no quarto, o melhor disso, é que Caim não voltou, não veio me ver, nem mandou nenhum recado, e isso me deixava tranquila, para pensar no meu plano de fuga.
Já estava de noite, coloquei uma camisola branca confortável, olhei para janela, e vi que estava mais vazio do que o normal nos arredores da casa. Havia apenas alguns seguranças, e isso me deixou curiosa, mas resolvi ficar tranquila. Me deitei na cama e peguei um livro para ler.
O tempo foi passando e ouvi um barulho no corredor, fechei meu livro e coloquei em cima da mesinha, me sentei na beirada da cama e olhei para porta, e então quase pulei quando ela foi aberta com tudo, Caim entrou, cheio de sangue. Meus olhos se arregalaram com a cena.
— Está acordada ainda, meu amor. — Ele se aproxima e eu me afasto. — Não se afaste do seu marido. — Ele me pega pelo cabelo com força, e gruda meu corpo ao dele, deixando minha camisola toda suja de sangue. — Você tem que ser uma boa menina, Luisa, para não ser punida.
Meus olhos enchem de lágrimas, e meu corpo é jogado no chão. — Vou te ensinar a ser uma mulher de verdade. — Ele tira o terno que está usando e joga no chão ao meu lado.
Olho para o lado e vejo algo brilhar no chão, onde ele acabou de jogar seu terno. Olho para Caim e ele está vindo para cima de mim. Ele se ajoelha no chão e me puxa pelas pernas, me debato, mas não sou forte o suficiente. Seu corpo prende o meu no chão e suas mãos começam a passear pelas minhas pernas nuas.
O cheiro metálico do sangue é horrível, e sei bem que nem dele é, e está por todo meu corpo agora. Senti sua língua nojenta no meu corpo, e queria a todo custo tirar ele de cima de mim. Olhei para cima, e vi a faca de novo, levantei meu braço e tentei pegá-la, mas estava difícil.
— Por mais que esteja, toda machucada, ainda sim gosto de comer sua bucetinha, ela sempre é bem apertadinha. — Ele sussurra no meu ouvido, e ouço o ziper da sua calça abrir.
Tentei novamente me soltar, e não consegui, mas meu corpo e o dele, foi mais para trás, o que me ajudou a pegar a faca, e em um único golpe, enfiei nas costas dele. Caim gritou e saiu de cima de mim, não esperei pela sua reação, eu apenas levantei e corri, saí pela porta, ainda segurando a faca em minhas mãos, passei pelo corredor e desci as escadas, realmente tinha pouquíssimos homens aqui.
Peguei minha esquerda e fui pelo corredor que leva até a porta dos fundos, não parei, só fui, temendo encontrar alguém. Assim que passei pelas portas que dava no jardim atrás da casa, senti o vento frio bater em meu corpo que estava praticamente à mostra. O cheiro de chuva invadiu minhas narinas, e tinha certeza que logo começaria a chover.
Corri pelo jardim, pois sabia que tinha uma saída, para o meio da floresta que cercava a casa, e se eu corresse o bastante, sei que conseguiria chegar a algum lugar.
Segui meu caminho estranhando ninguém ter aparecido, passei pela passagem e cheguei a floresta, estava tudo muito escuro, mas sabia onde deveria ir, continuei e senti meus pés doerem, sabia que já tinha machucado eles, por estar descalça, mas não parei um segundo sequer, essa era a única chance que eu teria de conseguir fugir do inferno que vivia.
Notei que o lugar em si era bem chique, e sabia que estava em algum condomínio fechado, ou algo do tipo. Precisava sair daqui logo, ou ele me acharia fácil.
Um relâmpago iluminou o céu, e seu barulho fez meu corpo se arrepiar, e então pequenas gotas de água começaram a cair em meu rosto, olhei para cima ainda andando e acabei tropeçando e caindo, senti minha perna arder, e quando um novo relâmpago iluminou tudo, vi que havia cortado a minha perna em alguns galhos. Me levantei rapidamente e continuei meu caminho.
Meu corpo estava fraco, a chuva caia de forma densa, meu sangue escorria das feridas, e minha camisola que antes era branca, estava completamente suja e encharcada. Meu coração acelerado, e minha respiração descompassada, me deixavam mais cansada, não sabia se conseguiria.
Pisquei meus olhos algumas vezes, por causa da chuva, e então no final daquela enorme mata vi a estrada, senti um alívio enorme, e com a última força que tinha, corri até ela. Minha vista estava ficando embaçada, e eu tinha certeza que estava perdendo meus sentidos. Assim que pisei os pés na estrada meu corpo paralisou, olhei para o lado e uma luz forte invadiu meus olhos.
E então eu senti o baque…
Meu corpo foi jogado para o lado, e rolei três vezes, e nesse momento uma dor me invadiu, tentei gritar, mas não conseguia, a chuva estava cada vez mais forte, e agora estava caindo sobre meu rosto.
— Porra, oque essa mulher ta fazendo aqui no meio do nada? — Ouço a voz de alguém.
— Não sei patrão, mas acho melhor ajudarmos ela. — Outro homem diz.
Tento olhar para eles, e ver quem são, mas não consigo nem mexer meu rosto. Alguém me ergueu no colo e sinto a quentura do seu corpo. Fecho meus olhos e tentei dissipar a dor avassaladora que estou sentindo.
Quando senti o couro do carro, não aguentei e desmaiei…
— Princesa, você não pode fugir de mim, eu sou a sombra mais escura da sua vida, e vou atrás de você, vou te pegar, e te torturar de todas as formas. — A voz de Caim invade minha mente.
Abro os olhos assustada, e um grito sai da minha boca. — NÃO… NÃO… — berro e comecei a me debater, ele não podia me achar. Não podia.
— Ei, calma, respira. — Duas mãos fortes me seguraram com força, e nesse momento eu travei de medo.
— Não me machuca, por favor — Sussurrei e senti meu rosto ser banhado por lágrimas.
— Não vou te machucar, só que preciso que se acalme. — Ele diz tranquilamente.
Tento ver seu rosto, mas por conta das lágrimas, tudo está embaçado, sem falar que estou começando a ficar tonta, e sei que vou desmaiar novamente.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 54
Comments
Iara Drimel
Quem disse que seria fácil? A fuga tem seus perigos e andar em uma floresta é bem provável que se machuque
2025-04-04
2
Iara Drimel
Sempre tem chuva em fugas assim, é como se o céu lavasse todo os obstáculos para o inocente fugir
2025-04-04
2
Iara Drimel
Monstro! A garota está toda machucada, inclusive foi você quem a machucou, vê se dá um descanso
2025-04-04
2