Cap 5°: O Peso de um Convite

Na manhã seguinte, Tyler acordou cedo, decidido a dar mais um passo para conquistar a confiança de Audrey. Ele foi até a cozinha e, com suas habilidades culinárias, preparou um café da manhã especial: panquecas macias cobertas com frutas frescas, mel e um toque de chantilly, acompanhadas de suco de laranja natural e uma pequena jarra de café.

Antes de terminar, chamou Clara.

- Clara, quero que você entregue isso para Audrey. Não diga que fui eu quem preparei. Só revele isso se ela comer tudo, está bem?

Clara assentiu, com um sorriso compreensivo.

- Deixe comigo, senhor Tyler.

Ele ficou observando enquanto Clara levava a bandeja até o andar superior. Uma sensação de nervosismo percorreu seu corpo. Sabia que cada gesto precisava ser calculado, que qualquer passo em falso poderia destruir a frágil ponte que começava a construir entre eles.

No quarto de Audrey

Clara bateu na porta e esperou.

- Audrey, bom dia. Trouxe algo para você.

Do outro lado, a porta se abriu lentamente. Audrey olhou para Clara e, depois, para a bandeja. Seus olhos expressavam surpresa e cautela, como se esperasse algo além do simples café da manhã.

- Obrigada. Pode entrar... - murmurou, recuando para dar espaço.

Clara colocou a bandeja sobre a mesa próxima à janela, onde a luz da manhã iluminava delicadamente o quarto.

- Vou deixar você comer tranquila, mas, se precisar de algo, é só me chamar.

Audrey hesitou, mordendo levemente o lábio inferior antes de responder:

- Pode... ficar? Eu... queria conversar um pouco.

Clara ficou surpresa, mas rapidamente assentiu e sentou-se em uma cadeira perto da cama.

- Claro, Audrey. Do que você quer falar?

A jovem abaixou os olhos, mexendo nervosamente nos dedos enquanto formulava sua resposta.

- A maioria das pessoas aqui são... homens. Isso me deixa nervosa. Mas você parece... diferente. Não sei explicar.

Clara sorriu, compreendendo a insegurança de Audrey.

- Não se preocupe. Estou aqui para te ajudar. Sempre que precisar de algo, pode contar comigo.

Ainda desconfiada, Audrey começou a comer as panquecas. O sabor a surpreendeu: eram deliciosas e reconfortantes. Uma sensação estranha e quase esquecida começou a se instalar em seu peito - algo próximo de segurança.

Quando terminou, Clara sorriu suavemente.

- Fico feliz que tenha gostado. Só para você saber, foi o senhor Tyler quem preparou tudo. Ele pediu que eu não te contasse até você terminar de comer.

Audrey congelou por um momento, segurando a xícara de café. O nome de Tyler trouxe um misto de confusão e desconforto, mas também uma leveza inesperada. Talvez, apenas talvez, ele não fosse como os outros homens que cruzaram seu caminho.

Clara percebeu o silêncio e segurou a mão de Audrey por um instante.

- Ele se importa com você, Audrey. Acho que está tentando provar isso da melhor forma que pode.

Audrey não respondeu. Seus olhos se fixaram no café, mas seu coração estava repleto de reflexões.

Mais tarde

Depois de horas pensando, Audrey tomou uma decisão. Mesmo que ainda se sentisse assustada, queria retribuir o gesto. Naquela noite, enquanto a casa estava silenciosa e Tyler ainda no trabalho, ela saiu do quarto pela primeira vez em dias.

Com passos hesitantes, foi até a cozinha. Clara, que arrumava algumas coisas, a notou imediatamente.

- Audrey? Está tudo bem?

- Eu... queria fazer algo. Um jantar. Para o Tyler. - murmurou, olhando para o chão. - Para agradecer e... pedir desculpas.

Clara abriu um sorriso caloroso e assentiu.

- Claro, querida. Vou te ajudar. O que você quer preparar?

Audrey pensou por um momento.

- Talvez uma massa com molho? E salada. Algo simples.

As duas começaram a trabalhar juntas. Audrey, embora nervosa, seguiu as instruções de Clara e preparou um prato simples, mas bem feito: uma tigela de massa fresca com molho de tomate caseiro e uma salada colorida.

- Está perfeito - disse Clara, colocando uma vela na mesa para criar um clima acolhedor. - Ele vai adorar.

Antes de voltar para o quarto, Audrey deixou um bilhete ao lado do prato:

"Tyler,

Eu sei que não tenho sido fácil de lidar e, talvez, tenha te tratado de maneira injusta. Quero pedir desculpas por isso. É difícil confiar depois de tudo que vivi, mas percebo que você está tentando.

Preparei este jantar para agradecer por tudo o que tem feito. Espero que goste.

Audrey."

Mais tarde

Quando Tyler chegou, notou imediatamente a luz da sala de jantar acesa. Surpreso, foi até lá e viu a mesa preparada com cuidado. O aroma do jantar se misturava ao calor reconfortante da vela acesa.

Ao lado do prato, encontrou o bilhete. Ao ler, um sorriso sincero tomou conta de seu rosto.

- Audrey... - murmurou, emocionado.

Depois de provar o jantar, percebeu o carinho colocado naquele gesto simples, mas poderoso. Ele sabia que esse era o maior passo que Audrey já havia dado.

Na manhã seguinte, deixou um bilhete sob a porta do quarto dela:

"Audrey,

Obrigado pelo jantar. Significou muito para mim.

Eu sei que ainda tenho muito a provar, mas espero que um dia você não tenha mais medo de mim.

Tyler."

Audrey encontrou o bilhete ao acordar. Segurando-o entre os dedos, não pôde evitar um pequeno sorriso tímido. Talvez, pela primeira vez em anos, sentisse que poderia confiar em alguém novamente.

-

Enquanto Tyler trabalhava em seu escritório, pensava nos próximos passos. Ele sabia que Audrey precisava de tempo, mas queria que ela começasse a ver o mundo fora daquele quarto.

Naquela tarde, decidiu organizar algo diferente. Quando Audrey saiu do quarto para pegar um copo d'água, encontrou Clara na cozinha segurando um vestido simples, mas elegante.

- Audrey, o senhor Tyler pediu para te entregar isso. Ele sugeriu que saíssemos para tomar um ar. Que tal?

Audrey hesitou, mas sabia que precisava tentar.

- Está bem... - respondeu, insegura, mas curiosa.

Audrey desceu as escadas com passos hesitantes, usando o vestido que Clara havia lhe entregado. Tyler estava à sua espera no hall, vestido com uma camisa social azul clara que destacava seus olhos. Ao vê-la, ele se levantou, com um sorriso sincero.

- O vestido lhe caiu muito bem, Audrey. - disse ele, com um tom calmo, mas carregado de intenções.

Audrey desviou o olhar, nervosa, e manteve-se perto de Clara, que a acompanhava.

Tyler caminhou até elas, mantendo uma distância respeitosa.

- Eu pensei que poderíamos dar um passeio, talvez conversar um pouco. - Ele hesitou antes de continuar. - Depois, gostaria de convidá-la para jantar.

Audrey ergueu os olhos, confusa.

- Jantar? - perguntou, quase inaudível.

- Sim, mas não será qualquer jantar. - Ele ajeitou os punhos da camisa. - Será um evento importante. Quero apresentá-la como minha futura esposa.

As palavras pareciam ecoar no ar. Audrey sentiu o corpo congelar. Seus olhos se arregalaram e, instintivamente, ela segurou com força o braço de Clara, como se a presença da mulher fosse a única coisa que a mantinha ancorada.

Clara, percebendo o desconforto de Audrey, deu um leve passo à frente, interpondo-se de forma sutil entre os dois.

- Senhor Tyler, talvez isso seja um pouco demais para ela agora. É compreensível que esteja tentando fortalecer essa relação, mas Audrey ainda está se ajustando.

Tyler suspirou, parecendo refletir sobre as palavras de Clara. Ele se virou para Audrey, seu olhar menos intenso, quase gentil.

- Eu sei que isso é muita coisa para você, Audrey. Mas eu quero que saiba que esse jantar não é apenas uma formalidade. Quero que todos vejam você como alguém importante para mim. Não há pressa. Se você não se sentir pronta, podemos adiar.

Audrey continuava em silêncio, as palavras dele pesando em sua mente. Por mais que ainda estivesse cheia de desconfiança, algo na postura de Tyler parecia sincero. Ele não exigia, não forçava. Apenas pedia.

Clara colocou a mão sobre a de Audrey, que ainda segurava seu braço.

- Audrey, não precisa decidir agora, mas... às vezes, enfrentar nossos medos é a única forma de superá-los. Eu estarei lá com você, tudo bem?

Audrey mordeu o lábio, pensando. Sua mente voltou para os gestos recentes de Tyler - o café da manhã, o respeito por seu espaço, a paciência que demonstrava.

Ela respirou fundo, soltando lentamente o braço de Clara.

- Eu... aceito

Continua...

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