— Me larga, Jackson, seu idiota! — Audrey ordenou, se debatendo.
— Quero ver quem vai me fazer te largar. — Ele segurou o rosto dela com firmeza e a beijou à força, apertando seu pescoço.
Audrey sentiu o pânico tomar conta. Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto tentava se soltar. Quando ele agarrou sua cintura, o instinto falou mais alto. Ela fechou o punho e desferiu um soco no rosto de Jackson com toda a força que conseguiu reunir. Ele cambaleou e caiu no chão.
Sem pensar duas vezes, Audrey correu para fora da sala, ofegante, e se escondeu em sua turma. Quando o intervalo terminou, tentou se concentrar nas aulas, mas seu corpo ainda tremia, e sua mente revivia o ocorrido repetidamente. Mal esperava a hora de ir embora.
Assim que o sinal tocou, Audrey saiu apressada, desejando esquecer tudo o que havia acontecido.
No caminho para a cafeteria onde trabalhava à noite, tentou reorganizar seus pensamentos. Ao chegar, percebeu que o lugar estava lotado, e não tinha tempo para respirar. Trocou-se rapidamente e assumiu sua posição.
— Dressa, hoje é dia de promoção? Por que está tão cheio? — perguntou enquanto equilibrava duas bandejas de café e as levava para as mesas.
O caos da cafeteria parecia ajudar a distrair sua mente, mas ela sabia que, eventualmente, teria que lidar com o que havia acontecido.
Depois de muito tempo de ocupação e pressa, finalmente chegou a hora de fechar.
— Andressa, você já pode ir. Eu fecho tudo por aqui — afirmou Audrey, indo limpar as mesas.
— Obrigada, amiga. Até amanhã! — exclamou Andressa, indo embora rapidamente.
Audrey limpava as mesas com exaustão. Estava tão cansada que começou a sentir tonturas. Após desligar todas as luzes e fechar todas as portas e janelas, era hora de ir para casa.
Quando chegou na porta de sua casa, ela desejou não colocar os pés lá dentro, mas não podia ficar do lado de fora. Decidiu entrar.
— Cheguei... — disse, tirando os sapatos e procurando seu pai.
— Por que demorou tanto?! — perguntou ele, aborrecido. — Estou te esperando faz mais de uma hora! — exclamou, agarrando o braço de Audrey com força.
— Eu tive que fechar a cafeteria hoje — explicou. — Me solta, pai... por favor... — implorou, tentando tirar a mão dele.
— Ninguém mandou chegar atrasada! — gritou, puxando Audrey com força para o quarto.
— Não! Por favor, não... — implorou Audrey.
— Cala a boca, vadia! — ordenou, lhe dando um tapa no rosto que a fez cair no chão. — Vamos! Você sabe a minha posição favorita. — disse, com um sorriso malicioso.
Após sofrer nas mãos do pai, Audrey vestiu-se às pressas, o corpo tremendo de dor e raiva. Cada movimento parecia uma batalha, mas ela sabia que precisava sair dali. Quando tentou levantar-se da cama, ele segurou seu braço com força.
— Eu não deixei você sair. — Sua voz carregava fúria e possessão.
— Me larga! — gritou ela, lutando para se soltar. — Seu... monstro!
O rosto dele se contorceu de raiva.
— Do que você me chamou?
Audrey o encarou, as lágrimas secando em seu rosto. Algo dentro dela havia mudado.
— Isso mesmo que você ouviu! — gritou, a voz firme apesar do medo. — EU VOU EMBORA DESSA CASA!
Ela correu em direção à sala, o coração disparado. O pai a seguiu, rindo com desprezo.
— E pra onde você acha que vai? Sem mim, você não é ninguém!
Audrey parou por um momento, virou-se e, com a voz carregada de dor e determinação, respondeu:
— Eu prefiro ficar na rua, em qualquer lugar, do que continuar aqui! Eu te aguentei por TRÊS ANOS, mas agora basta!
Sem esperar uma resposta, ela abriu a porta e correu para a noite chuvosa, a mochila nas costas e a chuva misturando-se às lágrimas que finalmente escorriam. Cada passo parecia libertá-la do peso daquela casa, daquele homem, daquela vida.
A chuva castigava Audrey enquanto ela corria sem rumo pelas ruas da cidade. Seus pés, molhados e doloridos, guiavam-na para o único lugar onde sentia alguma segurança: a cafeteria onde trabalhava.
Ao chegar, abriu a porta com a chave que guardava no bolso. O lugar estava escuro e silencioso, uma calmaria que contrastava com o caos em sua mente. Ela trancou a porta atrás de si e largou a mochila em uma das mesas do fundo.
Audrey olhou ao redor, abraçando o ambiente vazio como um refúgio. Passou a mão pelos cabelos encharcados e suspirou, sentindo o cansaço pesar sobre seus ombros.
— Acho que aqui vai ter que ser meu lar por enquanto... — murmurou para si mesma.
Pegou um pano limpo e o dobrou várias vezes, improvisando um travesseiro. Sentou-se em uma das cadeiras e apoiou a cabeça na mesa, tentando ignorar o frio que ainda sentia. Seu corpo, exausto, rapidamente sucumbiu ao sono.
Na manhã seguinte
O som do despertador de seu celular tocou antes do amanhecer. Audrey abriu os olhos lentamente, sentindo o desconforto da posição em que havia dormido. Seu pescoço doía, mas ela não podia se dar ao luxo de descansar mais. Levantou-se, arrumou o pano improvisado e foi até o banheiro pequeno nos fundos da cafeteria.
Lá, lavou o rosto com água gelada, tentando apagar as marcas de uma noite mal dormida. Penteou os cabelos e ajeitou o uniforme, escondendo qualquer vestígio de cansaço ou tristeza. Quando terminou, olhou-se no espelho e respirou fundo.
— Vamos lá, Audrey. Mais um dia.
Pouco antes do horário de abrir, sua colega Andressa chegou com a mesma energia de sempre.
— Bom dia! — exclamou Andressa, animada.
— Bom dia! — Audrey respondeu, sorrindo.
— Nossa, você sempre chega cedo, hein? — Andressa comentou, rindo.
Audrey deu de ombros, disfarçando.
— Gosto de organizar as coisas antes do movimento.
A rotina da cafeteria começou como de costume. Audrey atendia os clientes, limpava as mesas e conversava com Andressa, tudo enquanto escondia o peso que carregava.
As noites passaram a ser sempre iguais. Quando a cafeteria fechava, Audrey improvisava seu canto para dormir. Repetia o ritual de arrumar o pano como travesseiro, ajustava a cadeira e tentava descansar.
Durante os dias, esforçava-se para agir normalmente, escondendo de Andressa ou de qualquer outro colega o que realmente estava acontecendo. Audrey sabia que ninguém poderia descobrir sua situação. Carregava essa dor sozinha, mas, no fundo, ainda sonhava com o dia em que teria um verdadeiro lar, longe de todos os horrores que deixou para trás.
Continue...
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Beatriz
O cara que a agarrou ainda mais na escola, pensa que é quem pra fazer isso? que bom que ela revidou
2025-02-07
1
Beatriz
Esse pai dela, comecei a ter raiva.
Como pode ela ter aguentado durante três anos??! Ela deve ter sofrido muito.
Será que tem problema ela ficar no local de trabalho como um lugar para ela ficar?? ⊙﹏⊙
2025-02-07
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