As manhãs na cafeteria eram sempre agitadas, e Audrey fazia o possível para manter a energia ao lado de sua colega Andressa. Enquanto arrumavam o balcão, o chefe delas, Tyler, apareceu no salão com uma expressão séria.
— Pessoal, preciso informar que novas câmeras de segurança serão instaladas aqui — anunciou Tyler. — Uma das cafeterias do centro foi invadida recentemente. Não quero correr riscos.
Andressa assentiu rapidamente, mas Audrey sentiu um nó na garganta. Agora, seu refúgio noturno estaria sob vigilância constante. Durante a semana, ela tentou adaptar-se à presença das câmeras, mas a sensação de estar sendo observada era inquietante. Mesmo assim, continuou dormindo na cafeteria, o único lugar onde sentia alguma segurança desde que decidiu nunca mais voltar para casa.
Uma noite, completamente exausta, Audrey apagou as luzes, trancou as portas e planejava apenas trocar o uniforme antes de improvisar seu habitual canto para dormir. No entanto, o cansaço venceu, e ela adormeceu sentada em uma das cadeiras, ainda vestida de uniforme. O sono não trouxe descanso. Pesadelos a atormentaram, e ela começou a se debater, murmurando palavras incompreensíveis, até gritar de forma sufocada.
Do outro lado da cidade, Tyler estava no escritório de sua casa, finalizando alguns relatórios no computador. Prestes a ir dormir, recebeu uma notificação da câmera de segurança da cafeteria. Intrigado, abriu o aplicativo para verificar.
Na tela, viu a silhueta de Audrey. Ela estava sentada em uma cadeira, se movendo de forma irregular. Ele ampliou a imagem e percebeu que ela estava dormindo, mas algo parecia errado. Os gritos abafados e os movimentos desesperados chamaram sua atenção.
— Por que ela está dormindo no trabalho? — perguntou-se em voz alta.
Embora pensasse em confrontá-la no dia seguinte, Tyler decidiu esperar. Por duas semanas, ele monitorou Audrey em silêncio, observando os padrões de sua rotina noturna. Ela nunca ia embora. Sempre dormia na cafeteria. Cada noite que passava, sua curiosidade e preocupação aumentavam. Por que ela estava vivendo dessa forma?
Duas semanas depois, Tyler decidiu agir. Ele apareceu na cafeteria no fim da tarde, pegou um cappuccino e, em seguida, saiu. Em vez de ir para casa, ficou no carro, estacionado perto da entrada, monitorando as câmeras pelo celular. Quando Audrey finalmente apagou as luzes e caiu no sono, ele tomou uma decisão.
Saindo do carro, Tyler entrou na cafeteria com cuidado. Audrey estava profundamente adormecida, o cansaço evidente em cada detalhe de sua postura. Sem fazer barulho, ele pegou sua mochila, depois a pegou no colo com delicadeza. Ela nem se mexeu.
Tyler fechou a cafeteria como se nada tivesse acontecido e colocou Audrey no banco do passageiro de seu carro, ajustando sua posição para que ficasse confortável. Em seguida, dirigiu até sua casa, sempre atento à jovem adormecida ao seu lado.
Ao chegar, Tyler carregou Audrey até o quarto de hóspedes e a colocou na cama. Ele ajeitou a coberta sobre ela, deixou sua mochila no canto e se acomodou na poltrona do quarto, decidido a vigiá-la. Minutos depois, o cansaço também o venceu, e ele adormeceu ali mesmo.
Quando o sol nasceu, Tyler foi o primeiro a acordar. Ele tomou banho e desceu para preparar o café da manhã. Enquanto isso, Audrey continuava dormindo profundamente. Ele desligou o alarme dela assim que tocou, para garantir que ela não fosse trabalhar naquele estado.
Enquanto tomava café, Tyler ouviu um som vindo do quarto. Ele parou o que estava fazendo, tentando escutar melhor. Audrey murmurava enquanto dormia, mas, de repente, deu um grito alto e desesperado.
— AUDREY! — gritou Tyler, largando a xícara e correndo até o quarto.
Ao entrar, encontrou Audrey sentada na cama, ofegante, com os olhos arregalados de medo. Ela parecia perdida, como se não soubesse onde estava. Tyler aproximou-se devagar, tentando não assustá-la ainda mais.
— Audrey, está tudo bem... Você está segura. — Sua voz era firme, mas carregada de preocupação.
Ela olhou ao redor, os olhos marejados de lágrimas, e percebeu onde estava.
— O que... O que eu estou fazendo aqui? — perguntou, confusa.
Tyler suspirou, olhando-a seriamente nos olhos.
— Se acalme um pouco. Eu vou trazer um pouco de água para você.
Ele saiu do quarto, deixando-a sozinha. Audrey olhou ao redor, e o desespero tomou conta dela. Saiu correndo da cama, mas não teve coragem de sair do quarto. Chorando, encolheu-se em um canto, tremendo e repetindo entre soluços:
— Por favor... Não me machuque. Eu faço qualquer coisa, mas, por favor, não me machuque!
Quando Tyler voltou com a água, ouviu os soluços e parou na entrada, surpreso. Ele se aproximou devagar.
— Audrey? Mas o que aconteceu? — perguntou, preocupado.
Ela levantou os olhos para ele, assustada.
— Por favor, não me machuque... Eu faço qualquer coisa.
Tyler abaixou-se, mantendo a voz calma.
— Eu não vou te machucar, Audrey. Mas por favor, venha comer algo. Precisamos conversar.
Relutante, ela levantou-se e aproximou-se da cama, notando uma bandeja com comida e frutas.
— I-isso é para mim...? — perguntou, gaguejando.
— Sim, pode comer tranquila. — Tyler manteve-se a uma distância respeitosa. — Mas preciso que me explique: por que você estava dormindo na cafeteria?
Tyler manteve os olhos fixos em Audrey, esperando por uma explicação. Ela parecia hesitante, como se estivesse decidindo quanto deveria revelar. Depois de alguns momentos de silêncio, ela respirou fundo e falou:
— Fui expulsa de casa pelos meus pais. Eles... nunca gostaram de mim. Disseram que eu era um peso para eles.
Seus olhos evitavam os de Tyler, e ela mordeu o lábio inferior, claramente desconfortável. Tyler analisou cada palavra, notando o tom evasivo em sua voz. Ele não estava convencido, mas decidiu não pressioná-la.
— Entendo... — respondeu, cruzando os braços. — Deve ter sido difícil.
Ela apenas assentiu, sem levantar os olhos.
Tyler então respirou fundo, endireitando-se, e seu tom tornou-se mais sério.
— Agora, Audrey, preciso falar sobre as decisões que tomei.
Ao dizer isso, ele deu um passo em direção a ela, mas Audrey instintivamente recuou, cabisbaixa. Tyler notou o gesto, mas continuou.
— Nas últimas semanas, algo mudou para mim. Comecei a te observar mais de perto, e o que senti não era só curiosidade ou preocupação.
Audrey levantou os olhos rapidamente, surpresa com o que ele estava dizendo, mas logo desviou o olhar novamente.
— Estou sendo honesto com você, Audrey. Não quero esconder nada. Eu comecei a sentir algo... mais forte. Algo que me fez perceber que não posso deixar você longe de mim. — Ele deu mais um passo, e ela engoliu seco, sua respiração acelerando.
— E é por isso que decidi. — Tyler fez uma pausa, olhando-a diretamente nos olhos. — Vou tomar você como minha noiva.
O impacto de suas palavras foi imediato. Audrey recuou mais uma vez, o medo visível em seu rosto. O trauma de lidar com homens, tão profundamente enraizado, apertou seu peito como uma corrente invisível. Sua mente disparou em pânico:
— Me casar com um gangster?! Isso não pode estar acontecendo...
Ela finalmente encontrou sua voz, mas sua pergunta saiu hesitante, quase inaudível:
— Por que eu, senhor Tyler? Tem tantas mulheres que o desejam como marido. Elas... seriam uma ótima opção para o senhor.
Tyler sorriu de canto, como se já esperasse essa pergunta.
— Eu escolhi você, Audrey. E isso não é recente. Há muito tempo eu te observo. Você é exatamente o tipo de mulher que eu estava procurando. Forte, resiliente, discreta. Não aceito um não como resposta.
O coração de Audrey bateu forte, e ela tentou mascarar o pavor que crescia dentro de si. Seu pensamento estava em caos:
— O que eu faço? Não posso recusar... e se ele fizer algo comigo por isso? Ele é, sem dúvida, pior que meu pai. Agora... vou ter que viver ao lado dele.
Ela respirou fundo, tentando manter a calma, e finalmente respondeu, forçando um tom neutro:
— Se é conforme o senhor deseja... que assim seja.
Tyler sorriu satisfeito, como se tivesse acabado de conquistar o maior prêmio de sua vida.
— Excelente, Audrey. Agora, descanse. Quero que amanhã comece sua nova vida ao meu lado.
Ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Audrey desabou na cama assim que ele se foi, a mente fervilhando. O que seria dela agora?
Enquanto o silêncio da casa caía sobre ela, Audrey não pôde deixar de se perguntar se ainda havia alguma forma de escapar desse destino que lhe fora imposto.
Continue...
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Beatriz
Mds!!!!
2025-02-07
1
Beatriz
Só de ler o capítulo, já fiquei em choque!!!
2025-02-07
2