Entre 5 Quem é você

Naquila e Jae-Hyun saem do bar, prontos para encarar o resto do dia, quando algo chama a atenção de Naquila. Do outro lado da rua, ela vê uma pequena figura correndo como se estivesse sendo perseguida por fantasmas. Ela estreita os olhos para confirmar e percebe que é Mr. Vodka, o cachorro de Jae-Hyun.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Jae! Olha lá o seu cachorro! Ele tá fugindo!

Jae-Hyun

— Puta merda!

Jae-Hyun, que já estava com o humor meio azedo por causa do hotel e da recepcionista, imediatamente vira a cabeça e vê Mr. Vodka disparando pela rua. Sem pensar duas vezes, ele larga o que está segurando e começa a correr atrás do cachorro.

Jae-Hyun

— Vodka! Porra, volta aqui!

O cachorro, aparentemente ignorando o dono, continua correndo como se sua vida dependesse disso, virando esquinas e desviando de caixas e barris que estavam espalhados pela vila. Jae-Hyun corre o mais rápido que pode, mas Mr. Vodka é ágil demais.

Ele vê o cachorro dobrar uma esquina em direção à floresta próxima e, apesar de estar sem fôlego, continua a perseguição.

Ao entrar na floresta, os sons da vila ficam para trás, substituídos pelo som de folhas se mexendo e galhos estalando sob seus pés. O terreno se torna mais irregular, e Jae-Hyun quase tropeça em algumas raízes enquanto tenta acompanhar Mr. Vodka.

Porém, o cachorro desaparece de vista, deixando Jae-Hyun completamente sozinho no meio da mata.

Jae-Hyun

*parando e tentando recuperar o fôlego* — Sério, Vodka? Agora você resolve brincar de esconde-esconde?

Ele olha ao redor, tentando ouvir qualquer barulho que possa indicar onde o cachorro está, mas tudo que escuta é o vento suave e o som de pássaros distantes. Sem outra opção, ele começa a seguir o único caminho que parece ser usado regularmente: um pequeno trajeto de pedras que serpenteia floresta adentro.

Conforme avança, o ar ao redor parece ficar mais frio e pesado. As árvores, antes espaçadas e banhadas pela luz do sol, começam a ficar mais densas, bloqueando grande parte da luz. Jae-Hyun sente um arrepio percorrer sua espinha, mas não sabe se é por causa do clima ou pela sensação de estar sendo observado.

Jae-Hyun

*murmurando para si mesmo* — Isso é uma péssima ideia. Mas claro, vamos seguir o caminho sombrio no meio do nada. Parabéns, Jae-Hyun! Gênio...

Ele continua a caminhar, atento a qualquer movimento. O som de suas botas contra as pedras ecoa no silêncio da floresta, cada passo parecendo mais alto do que o último. Em determinado momento, o caminho começa a se abrir, revelando uma clareira que parecia ter sido esquecida pelo tempo. Ao fundo, algo chama sua atenção: uma construção antiga, parcialmente escondida pelas árvores e coberta por trepadeiras.

Jae-Hyun continuava seguindo o caminho de pedras, as botas ressoando contra as rochas enquanto ele sentia o peso do silêncio ao seu redor. O vento carregava o cheiro de folhas úmidas e terra, e seus olhos estavam fixos em frente, onde, ao longe, algo começou a aparecer no horizonte. Ele parou por um momento, estreitando os olhos para enxergar melhor.

Um portão antigo, de ferro, coberto de ferrugem e parcialmente tomado por trepadeiras, surgia entre as árvores. Ele franziu a testa, se perguntando como nunca havia visto algo assim antes.

Jae-Hyun

— Que diabos é isso? *Ele empurrou o portão com esforço, o rangido ecoando pela floresta como um grito abafado.*

Do outro lado, uma pequena clareira se revelou, com um jardim descuidado e uma fonte antiga, seca e coberta de musgo. Mas o que realmente chamou sua atenção foi uma figura familiar correndo e pulando pelo espaço.

Jae-Hyun

— Vodka! Seu filho da puta! Você tem ideia de como eu me ferrei atrás de você?

O cachorro, completamente alheio à bronca do dono, continuava brincando. Mas não estava sozinho. Ao lado dele, ajoelhado na grama, estava um jovem.

Seu cabelo loiro parecia brilhar mesmo sob a sombra das árvores, e seus olhos lilases tinham um brilho peculiar, quase hipnotizante. Ele sorria enquanto passava a mão na cabeça de Mr. Vodka, que abanava o rabo com entusiasmo.

Jae-Hyun parou, desconfiado, mas também intrigado. Ele não esperava encontrar alguém ali, ainda mais alguém com uma aparência tão... angelical. O jovem levantou a cabeça, finalmente notando a presença dele, mas não se apressou. Seu olhar avaliou Jae-Hyun de cima a baixo, como se o estivesse analisando cuidadosamente.

Desconhecido

— Ah, ele é seu? *O loiro ergueu o rosto com um leve sorriso, mas havia algo nos olhos dele que era difícil de decifrar.*

Jae-Hyun

— Sim, ele é meu. E você? Quem é você e o que tá fazendo aqui no meio do nada com o meu cachorro?

O loiro levantou-se lentamente, tirando algumas folhas presas nas calças. Ele era baixo, e parecia calmo, quase relaxado, mesmo diante do tom direto de Jae-Hyun.

Byeong (Mais novo)

— Meu nome é Byeong. *Ele olhou para o cachorro, que parecia mais confortável do que nunca ao lado dele.* — Ele veio até aqui sozinho, acho que estávamos... nos conhecendo.

Jae-Hyun revirou os olhos, passando uma mão pelo cabelo enquanto murmurava algo sobre cachorros e problemas desnecessários.

Jae-Hyun

— Ótimo. Só o que me faltava. Um cachorro sociável no meio da porra de uma floresta.

Byeong riu baixinho, e Jae-Hyun percebeu o olhar do garoto lingerando nele por tempo demais para ser só casual. Era quase... Sedutor. Mas Byeong disfarçou rapidamente, abaixando-se para fazer carinho em Mr. Vodka de novo.

Byeong (Mais novo)

— Você não parece ser daqui.

Jae-Hyun arqueou uma sobrancelha, ainda tentando entender qual era a daquele garoto estranho e, ao mesmo tempo, encantador. Algo nele parecia normal demais para estar ali, e isso deixava Jae-Hyun desconfiado.

Jae-Hyun

— E você parece ser normal demais pra estar nesse lugar também. Tá perdido?

Byeong riu de novo, dessa vez mais suavemente, enquanto se levantava outra vez e dava um passo na direção de Jae-Hyun.

Byeong (Mais novo)

— Quem disse que sou normal?

Havia algo em seu tom, uma mistura de brincadeira e seriedade, que fez Jae-Hyun sentir um arrepio. Mr. Vodka, no entanto, parecia alheio ao desconforto do dono, correndo de volta para o garoto loiro como se fossem velhos amigos. Byeong acariciou o cachorro de novo, mas agora seu olhar estava fixo em Jae-Hyun, como se estivesse tentando descobrir algo escondido nele.

Jae-Hyun

— Tá, seja lá quem você é, obrigado por cuidar do meu cachorro, mas agora a gente já vai indo.

Jae-Hyun virou-se para ir embora, chamando Mr. Vodka com um estalar de dedos, mas foi interrompido pela voz de Byeong, que parecia repentinamente mais urgente.

Byeong (Mais novo)

— Espera! Qual é o seu nome? *Havia um tom de desespero na voz do garoto, algo que fez Jae-Hyun parar e olhar por cima do ombro. Ele hesitou, mas a curiosidade venceu.*

Jae-Hyun

— Jae-Hyun. Kim Jae-Hyun. *Byeong deu um sorriso pequeno, como se estivesse aliviado, e deu um passo à frente, apontando para o portão atrás de si.*

Byeong (Mais novo)

— Você parece cansado. Por que não entra um pouco? Pode beber um copo d’água antes de voltar.

Jae-Hyun pensou em recusar. Algo nele dizia que entrar naquele lugar era uma má ideia, mas a sede e a expressão genuína de Byeong acabaram vencendo. Ele soltou um suspiro e assentiu, ajustando Mr. Vodka nos braços.

Jae-Hyun

— Tá, mas só um copo.

Byeong abriu o portão com facilidade, o ranger enferrujado ecoando pela floresta. Ele fez sinal para que Jae-Hyun o seguisse, e juntos, eles caminharam até a casa imponente no centro do terreno. O exterior era uma mistura de pedra e madeira, com trepadeiras tomando conta de boa parte da estrutura. Jae-Hyun olhou ao redor, sentindo-se cada vez mais desconfortável.

Byeong (Mais novo)

— Pode esperar na sala. Vou buscar água. *Ele abriu a porta da frente, revelando um interior rústico, mas elegante.*

A madeira escura do chão contrastava com as cortinas de tecido pesado, e o ambiente tinha um cheiro leve de madeira antiga e algo doce. Jae-Hyun entrou hesitante, observando os detalhes ao seu redor enquanto segurava Mr. Vodka mais perto do peito. Byeong desapareceu em direção à cozinha, e Jae-Hyun ficou sozinho na sala. Ele se sentou no sofá, que parecia mais decorativo do que confortável, e olhou ao redor. Havia quadros nas paredes, todos retratando paisagens nebulosas e montanhas sombrias.

De repente, ouviu passos firmes vindo de uma das escadas ao lado, e antes que pudesse reagir, uma figura alta entrou na sala.

Era um homem.

Alto, com cabelos negros desgrenhados que caíam desordenadamente sobre sua testa. Seus olhos verdes eram profundos, quase hipnotizantes, e sua pele pálida contrastava com as roupas escuras.

Jae-Hyun deu um salto, segurando Mr. Vodka mais firme enquanto o cachorro começava a rosnar baixo.

Jae-Hyun

— Quem diabos é você?!

O homem o encarou por um momento, como se estivesse avaliando sua presença ali. Ele cruzou os braços, o peso do silêncio aumentando a tensão na sala.

Min-kyu (Do meio)

— Eu que deveria perguntar isso. Quem é você e o que está fazendo na minha casa?

Jae-Hyun

* Jae-Hyun sentiu os ombros ficarem tensos, mas tentou manter a compostura. *

Jae-Hyun

*Ele levantou-se devagar, ainda segurando Mr. Vodka, enquanto olhava desconfiado para o estranho.* — Eu fui convidado... pelo garoto loiro. Ele disse que eu podia beber um pouco de água antes de ir embora.

Min-kyu (Do meio)

*Os olhos verdes do homem estreitaram-se levemente ao ouvir isso.* — Garoto loiro, hein? *Ele soltou um suspiro, passando a mão pelos cabelos desgrenhados antes de finalmente se apresentar.* —Sou o irmão dele...Min-Kyu...

Ele deu um passo à frente, aproximando-se o suficiente para que Jae-Hyun sentisse o cheiro de tabaco misturado com algo metálico.

Jae-Hyun piscou, surpreso. Havia algo em Min-Kyu que era assustador e, ao mesmo tempo, estranhamente atraente. Antes que ele pudesse responder, Byeong apareceu com um copo de água nas mãos, interrompendo a tensão que começava a crescer entre os dois.

Byeong (Mais novo)

— Aqui está! *Ele sorriu, entregando o copo a Jae-Hyun antes de olhar para Min-Kyu com uma expressão de leve irritação. *

Byeong (Mais novo)

— Você está assustando ele, hyung...

Min-kyu (Do meio)

*Min-Kyu deu de ombros, mas seus olhos ainda estavam fixos em Jae-Hyun, como se quisesse descobrir todos os seus segredos só com aquele olhar penetrante.*

Min-kyu (Do meio)

— Não estou assustando. Só estou... curioso.

Byeong revirou os olhos, puxando Jae-Hyun pelo braço levemente para que ele se sentasse novamente.

Jae-Hyun deu um gole na água, sentindo a umidade refrescante percorrer sua garganta enquanto observava os dois irmãos. Byeong estava em pé ao seu lado, com uma expressão quase ansiosa, enquanto Min-Kyu se mantinha mais distante, com os braços cruzados e uma cara de poucos amigos.

Min-kyu (Do meio)

— Então, o que traz alguém como você para essa cidade? * Ele falou, como se realmente se importasse, mas seus olhos brilhavam com uma curiosidade que Jae-Hyun não conseguia ignorar.*

Jae-Hyun

— Eu tava com uma amiga... *Ele deu uma olhada rápida para Mr. Vodka, que estava quieto em seu colo.* — O carro quebrou no meio da estrada. Agora estamos hospedados num hotel aqui perto.

Byeong assentiu rapidamente, parecendo interessado. Já Min-Kyu apenas observava em silêncio, com os olhos focados em Jae-Hyun, como se tentasse tirar algo mais das palavras dele.

Byeong (Mais novo)

— Que triste. *Ele sorriu, dando um passo à frente e colocando as mãos nos quadris.* — Por que não fica aqui com a gente? O casarão é grande, tem mais do que espaço suficiente para mais um.