Entre 5 Viagem

A NOITE ESTAVA CALMA, MAS JAE-HYUN NÃO CONSEGUIA RELAXAR. OLHOU PELA JANELA, OBSERVANDO AS LUZES DA CIDADE LÁ FORA, A VIDA ACONTECENDO ENQUANTO ELE ESTAVA ALI, PRESO EM PENSAMENTOS. ELE SABIA QUE A VIAGEM ERA IMPORTANTE, PRECISAVA DISSO, DE UM TEMPO LONGE DE TUDO E TODOS. MAS, AO MESMO TEMPO, UM FRIO NA BARRIGA O INCOMODAVA. UMA VIAGEM SÓ, COM O CACHORRO E A MELHOR AMIGA, SERIA UMA BOA CHANCE DE RESPIRAR E TALVEZ ATÉ TENTAR ENTENDER O QUE ESTAVA ACONTECENDO EM SUA CABEÇA.

O PROBLEMA? ELE AINDA NÃO SABIA PARA ONDE EXATAMENTE ESTAVA INDO. APENAS QUERIA ESCAPAR.

A CASA ESTAVA SILENCIOSA, COMO SEMPRE. Não Que Ele Sentisse Falta Dos Pais OU DA BAGUNÇA CONSTANTE DE SUA CASA DE INFÂNCIA, MAS, AO MENOS, A QUIETUDE ALI NO APARTAMENTO PEQUENO ONDE MORAVA, DEPOIS DE SAIR DE CASA POR CONTA DA ÚLTIMA BRIGA COM O PAI, PARECIA SUFOCANTE. SUA ALMA SENTIA UM PESO, E ELE NÃO SABIA SE ERA A SAUDADE OU A RAIVA ACUMULADA. TALVEZ FOSSE OS DOIS. NADA PARECIA FÁCIL, E ELE SABIA QUE, NO FUNDO, SAIR DALI ERA UMA TENTATIVA DE LIDAR COM AS MERDAS QUE SUA VIDA TINHA VIRADO.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Eu ainda não entendo porque você está fazendo isso...— A voz de Naquila cortou o silêncio da sala

SUA MELHOR AMIGA SE ENCOSTANDO NO BATENTE DA PORTA. ELA ESTAVA COM A CARA AMARRADA, MAS JAE-HYUN SABIA QUE ELA SÓ ESTAVA PREOCUPADA, COMO SEMPRE. ELA ODIAVA QUANDO ELE TOMAVA DECISÕES IMPULSIVAS SEM PENSAR DIREITO.

O CACHORRO ERA A ÚNICA COISA QUE PARECIA MANTER A CALMA DENTRO DE SUA MENTE CAÓTICA. NAQUILA CRUZOU OS BRAÇOS E DEU UMA OLHADA DESCONFIADA NO CÃO, QUE ESTAVA ALI, DEITADO COM A LÍNGUA DE FORA. ELA NUNCA SOUBERA SE O NOME DO CACHORRO ERA UMA PIADA INTERNA. DE QUALQUER FORMA, ELA SABIA QUE, COM JAE-HYUN, NUNCA HÁVIA UM PLANO CLARO, MAS ELE SEMPRE DAVA UM JEITO DE FAZER ACONTECER.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Eu só não entendo... A viagem é uma coisa, mas essa história de "sair de casa" tem algo por trás, né?...

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

... O que você está tentando fazer? Fugir? Enfrentar a vida? Ou você está mesmo só fugindo de novo, Jae-hyun? — Naquila perguntou, mais suave agora, seu tom de preocupação se infiltrando na voz.

Ele revirou os olhos, sabendo que não havia explicação fácil. A verdade era que não sabia mesmo o que queria. Estava cansado das cobranças. Cansado da presença de um pai que, como ele dizia, nunca parecia dar dois centavos para suas escolhas. E a mãe, bem, ela sempre estava do lado de quem parecia mais forte no momento, e Jae-hyun sabia que ela não estava do lado dele em muitas das suas decisões. Ela, em especial, o deixava com a sensação de que ele nunca seria suficiente.

Jae-Hyun

— Não é fugir. Eu só... preciso de um tempo para mim. Isso aqui não tá mais dando certo — ele se sentou no sofá, afundando os ombros para baixo como se a simples decisão de falar já fosse um peso demais.

Jae-Hyun

— Vai ser bom. A gente vai para um lugar isolado, sem ninguém nos enchendo o saco.

Naquila olhou para ele por um momento, parecia que queria protestar, mas, no fim, apenas soltou um suspiro. Sabia que Jae-hyun precisava disso, mesmo que não soubesse o que exatamente procurava.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Só não se afaste de mim, Jae-hyun. Eu sei que você gosta de se isolar, mas você não pode fazer isso comigo também.

Jae-Hyun

* Da um sorriso meio torto, um tanto amargo.*

Era a verdade. Ele sabia que, no fundo, ela era a única pessoa que realmente o entendia. Ela não estava ali para julgá-lo, mas, de alguma forma, sempre o fazia se sentir como se tivesse algo de bom dentro de si. Mesmo quando tudo o que ele queria era se afundar mais fundo.

Jae-Hyun

— Eu não vou, prometo. Agora, vou precisar de uma ajudinha sua.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

*Ela levantou uma sobrancelha.*

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Ai, meu Deus... O que você precisa agora?

Jae-Hyun

*Ele apontou para as malas jogadas em cima da cama, aquelas que ele ainda não tinha sequer começado a organizar.*

Jae-Hyun

— Arrumar isso aqui. Acho que vou ter que levar algumas coisas. Não quero esquecer nada, mas... sinceramente, não tenho nem ideia do que levar.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

*Naquila rolou os olhos, mas foi até a cama e começou a abrir as malas com aquele jeito desajeitado que só ela tinha.*

A preocupação ainda estava estampada em seu rosto, mas ela sabia que ajudar era a melhor coisa que poderia fazer. Jae-hyun não sabia disso, mas ele estava começando a se abrir para um novo começo. Talvez fosse o começo de algo que ele não conseguia entender ainda.

A noite passou num turbilhão de roupas jogadas para dentro das malas, listas feitas por Naquila, e mais uma infinidade de piadas e risadas que aliviaram a tensão que Jae-hyun carregava. Mesmo com a bagunça, com os nervos à flor da pele, as pequenas interações entre ele e Naquila faziam com que a sensação de alívio se tornasse mais palpável. Era como se, ao lado dela, o peso que ele sentia desaparecesse por breves momentos.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Caralho, Jae-hyun, você não pode simplesmente levar todas essas camisetas, né? — Naquila brincou, enquanto dobrava mais algumas peças de roupa.

Jae-Hyun

— Claro que posso, são minhas camisas favoritas. Vou ser estiloso até no fim do mundo — ele respondeu com um sorriso de canto, passando a mão pelo cabelo.

Ela deu uma risada forçada, mas de alguma forma ele sabia que ela não estava apenas implicando. Ela o conhecia bem o suficiente para entender que ele estava tentando não mostrar o quanto estava ansioso. A viagem, a fuga, tudo isso parecia mais pesado do que ele queria admitir. Enquanto ela terminava de arrumar as malas, Jae-hyun ficou deitado no sofá, olhando para o teto, pensando nas palavras da mãe e as preocupações do pai. Ele se perguntava se essa viagem realmente seria a solução, ou se ele estava apenas adiando o confronto com o que estava acontecendo dentro de sua cabeça. Não tinha todas as respostas, mas sabia que precisava ir.

À medida que a noite avançava, Jae-hyun preparou o que poderia ser sua última noite de descanso antes do grande passo. Naquila já estava quase dormindo na cama, seu celular ao lado dela enquanto ela revezava entre checar as mensagens e fechar os olhos. Mr. Vodka, o cachorro, estava em um canto, deitado e imóvel, sem se importar com a bagunça ao redor.

A manhã seguinte chegou mais cedo do que Jae-hyun gostaria. O som do alarme do celular de Naquila o acordou, e ele demorou um pouco mais do que o normal para se arranjar. Ele estava tonto, ainda meio preso ao torpor do sono e aos seus próprios pensamentos. Quando olhou para o relógio, viu que já estava quase na hora de sair, e a ansiedade, que havia tentado ignorar, agora tomava conta de seu corpo.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Acorda, filho da puta! — Naquila gritou de dentro da cozinha, sua voz mais animada do que o necessário para a hora da manhã.

Jae-hyun se levantou com dificuldade e, sem muita cerimônia, começou a jogar o que restava nas malas. Naquela manhã, o apartamento parecia mais vazio do que nunca. Não havia mais aquelas brigas, aquelas conversas sem fim. Apenas a sensação de despedida pendia no ar.

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Vamos nessa. — Naquila sorriu, tentando aliviar o peso da situação, e entregou a xícara de café a Jae-hyun.

Ele deu um gole, mas o gosto parecia amargo, como se ele estivesse engolindo um pedaço de café em pó.

Jae-Hyun

— Que café ruim...– Ele falou com uma careta

Naquila ( Melhor amiga de Jae-Hyun )

— Cala a boca.– Ela o ignorou

Jae-Hyun

*Antes de sair, Jae-hyun fez uma última inspeção. *

Olhou ao redor do apartamento. A bagunça, as malas empilhadas, as paredes vazias. Era como se ele tivesse se esvaziado, deixando para trás tudo o que não queria mais carregar.

Jae-Hyun

— Vamos, Mr. Vodka. — Jae-hyun chamou, e o cachorro se levantou instantaneamente, abanando o rabo, como se também estivesse pronto para essa nova aventura.

Quando ele saiu do apartamento, a sensação de liberdade misturada com o medo o envolveu.

Jae-Hyun

— Eu só preciso de um tempo. — Jae-hyun murmurou para si mesmo, enquanto carregava as malas e se preparava para sair.

Eles entraram no carro, o sol ainda fraco, mas já começando a pintar o céu de cores suaves. Mr. Vodka se acomodou no banco de trás, já meio cansado da animação que a viagem prometia.