O vento frio cortava o ambiente, anunciando a chegada do que seria o primeiro grande teste para a garota adotiva. Dentro da fortaleza, a grande construção que Raízen começara a moldar com suas mãos, tudo parecia respirar com a força de um novo império prestes a nascer. O chão de pedra negra refletia a luz das chamas que queimavam nas tochas ao longo dos corredores, criando um jogo de sombras e luzes. Raízen estava em pé, observando atentamente a jovem que se mantinha ao seu lado, seus olhos não apenas medindo a tensão no ar, mas também o crescimento dentro dela.
A garota, ainda sem nome, sentia o peso do olhar de Raízen sobre ela. Ele não tinha dado a ela um nome até aquele momento, uma maneira de testá-la, de ver se ela era realmente digna de algo mais do que um simples número, uma ferramenta descartável. O silêncio entre eles estava pesado, cheio de expectativas. Ela sabia que, se falhasse, seria um desperdício — não só de sua vida, mas da confiança de Raízen, um erro irreparável.
Raízen finalmente quebrou o silêncio.
— O que você busca neste mundo? — A pergunta foi direta, cortante. Não havia espaço para hesitação em sua voz.
A garota respirou fundo e, mesmo sentindo a ansiedade em seu peito, levantou a cabeça. Sua resposta sairia com clareza, como se estivesse invocando o pouco de coragem que ainda restava.
— Eu busco liberdade... e poder. — As palavras eram fortes, uma decisão que ela havia tomado no fundo de seu ser. A escravidão que havia vivido antes não era mais uma possibilidade. Ela queria ser dona de seu destino, algo que Raízen oferecia, mesmo que em seus próprios termos.
Raízen a observou por um momento, como se analisasse cada palavra, cada nuance de sua expressão. Quando ele finalmente falou, sua voz era suave, mas carregada de uma ameaça implícita.
— Então você saberá o que fazer quando sua lealdade for testada. Prove sua força. Não há espaço para fraqueza aqui.
O comando estava dado. A jovem não teve mais tempo para dúvidas. Ela sabia que sua jornada, desde o momento em que foi salva das mãos de seus captores, seria uma luta constante, um teste diário de sua sobrevivência e lealdade. Raízen não oferecia misericórdia, mas ele oferecia poder. E isso era o suficiente para ela.
A garota foi conduzida para o centro da fortaleza, onde os outros subordinados de Raízen aguardavam em fila. A fortaleza já estava começando a formar sua própria hierarquia. Os ogros, trolls e monstros de aparência humana, agora liderados por Raízen, estavam em suas respectivas posições, como se já soubessem o que significava seguir as ordens dele sem questionar. Todos os olhos estavam fixos nela. Era como se ela fosse uma intrusa, mas também a chave para algo maior. Ela sentiu o peso do olhar de cada criatura, mas não recuou.
Raízen deu um passo à frente, suas palavras ecoando por todo o salão.
— Hoje, ela será testada. Todos devem observar o que acontece a seguir, pois, se ela falhar, não será mais necessária aqui.
Os subordinados de Raízen, embora com suas formas monstruosas e imponentes, pareciam ter um respeito inato por ele. A jovem percebeu que, para sobreviver neste novo mundo, ela precisaria impressionar não apenas a Raízen, mas também a essas criaturas. Era mais do que apenas uma questão de força física ou poder; era sobre o que ela representava para eles.
O teste era simples, mas brutal: ela deveria derrotar um dos guerreiros mais experientes de Raízen, um ogro de duas vezes seu tamanho, que estava armado com uma grande clava feita de ferro negro.
A jovem respirou fundo. Ela não sabia se tinha capacidade para isso, mas sabia que, se quisesse fazer parte desse império, não tinha outra escolha senão vencer. Raízen observou a cena com interesse, seus olhos como lâminas afiadas, esperando que ela demonstrasse o seu valor.
O ogro rugiu e avançou com a clava em direção à jovem. Ela não tinha tempo para hesitar. Com um movimento rápido, ela saltou para o lado, esquivando-se do ataque devastador da clava que quase rasgava o ar ao seu redor. O impacto fez o chão tremer, mas ela estava longe o suficiente para não ser atingida.
A jovem não estava completamente sem armas. Ela usava uma adaga simples, que ela pegara das provisões da fortaleza. Não era a melhor arma, mas era tudo o que tinha. Com um grito de determinação, ela correu em direção ao ogro. Ele tentou bloquear o ataque com sua clava, mas a garota se moveu com uma agilidade impressionante. Em um movimento rápido e preciso, ela cortou o braço do ogro, fazendo com que ele perdesse o controle de sua arma.
O ogro, enfurecido pela dor, fez uma investida direta. A jovem usou o momento a seu favor, saltando por cima dele, e com um golpe rápido e bem calculado, cravou a lâmina de sua adaga no pescoço do ogro. O monstro caiu com um estrondo, mas, mesmo caído, ele ainda estava vivo, respirando com dificuldade.
Ela se afastou, ofegante, a respiração acelerada. O silêncio que seguiu foi quase insuportável. Ela sabia que havia feito o que Raízen esperava, mas a dúvida ainda pairava no ar.
Raízen se aproximou, observando o corpo do ogro e a jovem, que ainda tremia de adrenalina.
— Impressive. — Ele murmurou, seus olhos fixos nela, sem mostrar nenhuma emoção.
Ela sabia que isso não era um elogio, mas uma avaliação. Se ela quisesse que Raízen a levasse a sério, ela precisaria continuar a se superar. Mas, por enquanto, ela havia cumprido seu objetivo. Ela havia provado sua lealdade, seu valor. Raízen não daria nada de graça. Tudo tinha um preço, e a jovem agora estava pagando o seu.
Com a vitória sobre o ogro, a garota se sentiu mais forte, mais preparada para o que o futuro a reservava. Ela havia provado a Raízen que poderia ser útil em seu império. Mas, mesmo com o sucesso do teste, ela sabia que o pior ainda estava por vir. Raízen não estava satisfeito. Ele queria mais, sempre mais. E ela teria que ser mais do que uma simples sobrevivente.
A fortaleza agora começava a ganhar mais vida, com mais criaturas e monstros se reunindo, atraídos pela visão de Raízen e o império que ele estava começando a criar. O poder estava sendo reunido ali, e, no fundo, a garota sabia que ela era apenas uma peça de um grande jogo que estava longe de ser terminado.
E o pior, ou talvez o melhor, era que ela estava disposta a jogar esse jogo até o fim.
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Atualizado até capítulo 43
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