FUTURO SOMBRIO
O vento cortava o campo devastado como lâminas afiadas. Raízen olhou para o horizonte, onde o céu escurecido pelas nuvens densas parecia refletir sua alma. O mundo, em sua maior parte, já estava corroído. A humanidade havia evoluído até um ponto em que os poderes mágicos eram comuns, mas também eram usados de forma egoísta e destrutiva. A corrupção reinava nas ruas e os fracos eram pisoteados pelos fortes, sem compaixão ou remorso.
Raízen não era um herói, mas não se via como vilão também. Ele era algo além disso, um espectro entre o bem e o mal, um anti-herói impiedoso, mas com um código próprio. Seus olhos, de um azul profundo, refletiam o vazio de quem já havia perdido tudo. A juventude em seu corpo era apenas um disfarce; sua alma, no entanto, estava marcada por cicatrizes profundas.
“Eles pensam que podem continuar assim, não é?”, disse ele em voz baixa, quase para si mesmo, enquanto observava os exércitos de ogros que se aproximavam de sua posição. Mas Raízen não temia. Ele já havia visto e feito de tudo: destruição, dor e sacrifícios. Nada mais o assustava. Ele não apenas aceitaria o fim deste mundo, ele o traria.
Sua espada, Shinzoku no Yami, estava em sua mão direita, reluzindo com a essência das trevas que ela absorvera ao longo dos séculos. Na outra mão, a Tenshiken no Hikari emitia um brilho suave e celestial. Um equilíbrio perfeito entre destruição e criação.
“Preparem-se para a mudança.” As palavras de Raízen ressoaram como uma sentença de morte.
Os ogros avançaram, mas o líder deles, uma gigantesca criatura de pele esverdeada e olhos vermelhos, parou ao ver Raízen. Era uma besta imponente, mas não importava o quão forte fosse. A batalha já estava decidida. Raízen sorriu, não com prazer, mas com a frieza de quem já havia visto muitas batalhas e sabia o resultado.
Ele ergueu as mãos, a energia se acumulando ao seu redor. O chão tremeu quando uma explosão de poder devastadora irrompeu, exterminando o exército de ogros em um piscar de olhos. Seus corpos se desfizeram em cinzas antes mesmo de tocarem o chão, como se o próprio universo tivesse cedido à sua vontade.
O líder ogro, com um olhar atônito, tentou reagir, mas Raízen não estava mais ali. Em um movimento suave e letal, a espada de luz cortou a criatura ao meio, suas entranhas espalhando-se no campo de batalha. A cena era aterradora, mas Raízen não sentia nada. Ele já havia perdido a capacidade de se surpreender com o sofrimento alheio.
Quando o último ogro caiu, um grito ecoou no ar. Mas não era do líder, nem de qualquer um dos monstros que haviam sucumbido à sua lâmina. Era um grito de angústia, vindo de um canto distante da floresta.
Raízen se virou rapidamente, seus olhos capturando o movimento de algo — ou alguém — se movendo desesperadamente. Era uma garota, pequena, com os cabelos sujos e os olhos arregalados de pavor. Ela estava correndo para longe de uma figura sombria que se aproximava dela com passos pesados.
Raízen não precisou de mais nada. Ele não tinha compaixão para com os humanos, mas algo naquela cena o fez hesitar. Ela era jovem, indefesa, e o destino parecia ter colocado um ser frágil em seu caminho. Algo nele se agitou.
Com um movimento quase imperceptível, ele apareceu ao lado da garota, a figura sombria atrás dela já se preparando para atacá-la. O monstro não teve chance de reagir, pois Raízen já havia desferido um golpe certeiro, cortando a criatura em pedaços.
A garota olhou para ele com medo. Mas quando seus olhos encontraram os de Raízen, ela não viu o monstro que todos temiam. Ela viu algo mais. Algo sombrio, mas com uma presença que fazia sua própria dor parecer insignificante.
Raízen abaixou a cabeça, seus olhos fixando-se nela. A garota, com um olhar perdido, falou:
— Você... você me salvou... Eu... O que devo fazer agora?
Raízen não respondeu imediatamente. Ele olhou para o corpo do monstro despedaçado ao chão, como se aquilo fosse algo que ele já tivesse feito muitas vezes antes. Ela estava sozinha, abandonada. Ele sentiu uma leve, muito leve, pontada de algo que não era dor, mas algo próximo disso.
— Não há nada que você precise fazer. Agora você vive.
Com isso, ele se levantou e começou a se afastar. A garota o seguiu, incerta sobre o que exatamente estava acontecendo. Raízen nunca foi alguém a dar explicações. A jornada para mudar o mundo acabara de começar, e ele tinha um império para criar. Mas antes de mais nada, a garota seria uma peça importante. Ela seria sua filha adotiva, uma alma que, de algum modo, ele sentia que deveria proteger, ou, ao menos, dar a chance de sobreviver.
O rastro de destruição de Raízen ficava mais longo, mas ele não se importava. Ele não acreditava em redenção, mas a nova ordem do mundo precisaria de aliados. E ele iria até o fim para conquistar isso, sem se importar com o que tivesse de fazer. Afinal, ele já estava além da moralidade.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
ARISU
legal
2025-01-27
1