O som de passos ecoava na vasta floresta. O vento soprou, movimentando as folhas que agora estavam cobertas com o sangue da batalha recente. A garota, ainda em estado de choque, caminhava atrás de Raízen, tentando acompanhar seus passos largos e firmes. Cada movimento dele parecia ditar a cadência do mundo ao seu redor. Ele era uma força que nada podia parar, e ela estava, de alguma forma, agora dentro desse fluxo implacável.
Raízen não se importava com as florestas que destruía, ou com as criaturas que esmagava. Seu olhar estava fixo no horizonte, em algo além de sua visão imediata. Ele não via mais um mundo quebrado, mas uma tela em branco, um espaço vazio onde ele começaria a pintar o novo império, onde ele, o Anjo Caído, reinaria sem oposição.
— O que será de mim agora? — A pergunta da garota foi interrompida pelo som do ambiente à sua volta. Ela não sabia como encarar Raízen, mas sabia que sua vida havia mudado para sempre.
Raízen, percebendo a incerteza na voz dela, se voltou, seus olhos fixando-a por um momento.
— Você será o que escolher ser. — A resposta dele foi simples, mas carregada de um peso que só ele compreendia. — Aqui, não existem mais amarras. Você é livre para seguir seus próprios passos, desde que entenda que, em meu império, a lealdade é tudo.
A garota, sem saber como reagir, assentiu. Mas algo dentro dela, uma necessidade de entender a gravidade da situação, fez com que ela levantasse uma nova questão.
— Mas por que eu? Eu... sou só uma escrava. Não tenho nada para oferecer.
Raízen a observou com um olhar penetrante, quase como se estivesse analisando sua alma, algo que ele fazia com facilidade. Ele sabia que ela não era apenas uma escrava, que havia algo nela, uma chama que ainda podia ser alimentada.
— Todos têm algo para oferecer, até mesmo aqueles que se acham insignificantes. — Ele deu um passo à frente, encarando a garota de perto. — Você sobreviveu até agora. Isso é algo raro neste mundo. Se você tem algo dentro de si que vale a pena, usará isso para o bem de nosso novo império.
Ela não soube como responder, mas a frieza nas palavras dele lhe deram uma sensação estranha de confiança. Talvez ele tivesse razão. Talvez ela tivesse mais do que pensava.
A caminhada continuou por várias horas, Raízen guiando a garota por um caminho tortuoso em meio à floresta densa. O ar começava a esfriar, e a noite se aproximava, mas ele não parecia se importar com a escuridão. Para ele, o mundo nunca era verdadeiramente escuro, pois sua visão era sempre clara.
Eles chegaram a uma clareira, um local isolado onde a vegetação era mais escassa e a terra firme. Raízen parou e, com um movimento de mão, fez com que a garota se aproximasse.
— Aqui, começaremos nossa primeira tarefa. — Ele disse, sem olhar para ela. Seus olhos estavam fixos em algo à sua frente, uma estrutura que estava começando a surgir da terra, formada por pura energia negra. O solo tremia levemente, e as árvores ao redor começaram a se afastar, como se a própria natureza estivesse cedendo.
A garota, ainda sem compreender completamente, observou em silêncio enquanto a construção se materializava diante de seus olhos. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas podia sentir a magia e a força que emanavam daquilo.
Raízen, com um gesto, fez a construção se solidificar, revelando o contorno de uma grande fortaleza. Não era uma construção humana, mas algo muito mais antigo, como se estivesse sendo moldada a partir das próprias leis da natureza. A estrutura tinha um toque sombrio e místico, com torres imponentes e um portão de ferro negro que parecia se expandir com a própria escuridão.
— Isso... isso é... incrível... — A garota murmurou, a boca aberta em surpresa.
Raízen finalmente se virou para ela, seu olhar impassível, mas com algo que poderia ser descrito como um leve sinal de aprovação.
— Este será o centro do meu império. Aqui, os monstros que você viu antes irão se reunir, e juntos, começaremos a tomar o mundo. — Ele fez uma pausa. — Mas para isso, precisarei de você. Preciso que se prove digna de estar ao meu lado.
A garota sentiu o peso das palavras dele, mas, ao mesmo tempo, algo em seu interior se acendeu. Ela não sabia o que isso significava, mas sabia que não havia mais volta. Ela não era mais uma escrava. Ela era algo mais, algo que ainda não compreendia, mas que poderia ser definido por seu próximo passo.
— O que devo fazer? — Perguntou, com uma voz mais firme.
Raízen, com um sorriso quase imperceptível, apontou para a fortaleza.
— Entre. Você fará parte deste novo mundo. Sua lealdade será testada. Se passar, será recompensada. Se falhar, não haverá perdão.
Ela não hesitou. Algo em sua alma a guiou. Ela sabia que, se quisesse ter uma chance, teria que ir até o final.
Ela entrou pela porta da fortaleza, com Raízen atrás dela. Quando ambos cruzaram o portão, um novo ciclo começou. Não só para ela, mas para o império que Raízen começaria a construir, um império que reescreveria as leis do mundo.
Dentro da fortaleza, o ambiente era tanto fascinante quanto opressor. As paredes eram feitas de uma pedra negra e lustrosa, e o ar tinha uma vibração única, carregada de poder e magia. Raízen conduziu a garota até um salão amplo, onde algumas figuras já se encontravam, em silêncio, aguardando.
Eram os primeiros subordinados de Raízen, os monstros que ele havia conquistado. Alguns deles tinham aparência humana, outros eram verdadeiras abominações, mas todos estavam unidos sob o comando de Raízen. Era uma imagem que demonstrava a força de seu império emergente.
Raízen se posicionou diante deles e falou, sua voz ecoando com autoridade.
— Estes serão os pilares do novo mundo. Aqui, ninguém mais será escravo. Aqui, a lealdade será a única moeda.
Ele olhou para a garota, agora ao seu lado.
— E ela... será minha primeira comandante. Se ela for capaz de provar sua lealdade, ela liderará ao meu lado.
A garota, atônita, olhou para os monstros que a observavam com curiosidade. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: ela estava pronta para lutar por sua liberdade, mesmo que isso significasse trilhar um caminho cheio de desafios e sangue.
E assim, o império de Raízen começava a ganhar forma. O futuro estava em suas mãos, e não havia limites para o que ele faria em sua busca para recriar o mundo.
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Atualizado até capítulo 43
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