Ecos do Passado

A noite estava fria quando Lyra seguiu Ulric para além das muralhas de Valderis. As sombras das árvores dançavam ao ritmo do vento, e a floresta parecia sussurrar segredos esquecidos. Cada passo que dava ao lado do pai era uma mistura de expectativa e inquietação.

— Para onde estamos indo? — perguntou, sentindo a terra úmida sob seus pés.

Ulric caminhava à frente, movendo-se com a precisão de um homem que conhecia bem aqueles caminhos. Ele não respondeu de imediato, deixando o silêncio pairar entre eles. Finalmente, depois de minutos de caminhada, ele parou diante de um rochedo coberto por musgo.

— Aqui — disse ele, tocando a superfície fria da pedra.

Lyra observou enquanto runas antigas brilhavam sob seus dedos. A rocha começou a se mover, revelando uma entrada escura que se perdia na escuridão.

Ela sentiu um arrepio subir por sua espinha.

— O que é este lugar?

Ulric virou-se para ela, seus olhos brilhando à luz da lua.

— O verdadeiro legado de nossa família.

Sem esperar por uma resposta, ele entrou na passagem. Lyra respirou fundo e o seguiu.

O interior da caverna era úmido e silencioso, exceto pelo som dos passos ecoando no chão de pedra. Pequenas chamas azuis acenderam-se conforme avançavam, iluminando as paredes repletas de símbolos que Lyra nunca tinha visto antes.

— Estas inscrições... — começou ela, passando os dedos sobre as marcas entalhadas.

— Contam a história daqueles que vieram antes de nós — explicou Ulric. — Dos que carregaram o fardo do Véu.

Ela parou diante de uma grande pintura rupestre. A imagem mostrava uma figura segurando o Véu, cercada por chamas e sombras. Seus olhos brilhavam de maneira sobrenatural, e à sua volta, havia outras figuras ajoelhadas, como se a reverenciassem... ou a temessem.

Lyra sentiu um peso sobre seus ombros.

— Quem é ela?

Ulric ficou em silêncio por um momento antes de responder.

— Ela foi a última a tentar moldar o destino. E pagou o preço por isso.

Lyra engoliu em seco.

— O que aconteceu com ela?

— Perdeu-se no próprio poder — respondeu ele. — Foi consumida pelo Véu.

Um arrepio percorreu sua pele.

— E eu? — perguntou, virando-se para o pai. — Esse é o meu destino?

Ulric a encarou com intensidade.

— Não, se você aprender a controlá-lo antes que ele a controle.

Ela respirou fundo.

— Então me ensine.

Ulric sorriu de lado, satisfeito com a resposta.

O salão se abriu para um espaço maior, onde uma mesa de pedra estava posicionada no centro. Nela, havia um objeto envolto em tecido negro. Ulric caminhou até ele e puxou o pano, revelando um pequeno espelho de moldura prateada.

Lyra sentiu o coração acelerar.

— O que é isso?

— Um fragmento do Véu — explicou Ulric. — Um pedaço do poder que você carrega agora.

Ela olhou para a superfície do espelho. Seu reflexo apareceu, mas algo parecia errado. Seus olhos estavam mais escuros, e uma sombra movia-se atrás dela.

— O Véu não apenas revela o futuro — continuou Ulric. — Ele mostra verdades que nem sempre queremos ver.

Lyra sentiu um puxão em sua mente. O mundo ao seu redor ficou embaçado, e, de repente, ela não estava mais na caverna.

Estava de volta a Valderis, mas tudo estava diferente. As ruas estavam vazias, e um cheiro de cinzas impregnava o ar. Olhou ao redor e viu corpos espalhados pelo chão. Seu peito apertou.

— O que é isso...?

Ela se virou e viu a si mesma de pé no alto da muralha, segurando o Véu. Seus olhos brilhavam com uma luz dourada intensa, e uma energia negra fluía ao seu redor.

Uma voz ecoou em sua mente.

— O futuro é moldável, mas todo poder exige sacrifícios.

Lyra tentou recuar, mas sentiu algo prendê-la no lugar. Olhou para baixo e viu raízes negras subindo por suas pernas, como se a própria escuridão estivesse tentando consumi-la.

— Não... Isso não pode ser real!

A outra versão dela sorriu.

— Mas pode ser.

A visão se desfez em um instante. Lyra ofegou, voltando para a caverna. Seu corpo tremia, e um suor frio escorria por sua testa.

Ulric a observava com um olhar sério.

— O que viu?

Ela levou um tempo para recuperar a voz.

— Vi... destruição. Eu segurando o Véu. Mas havia algo errado. Eu não era eu.

Ulric assentiu lentamente.

— Esse é o risco que corre. O Véu pode lhe dar poder, mas também pode corrompê-la.

Lyra sentiu o peso daquelas palavras.

— Então o que devo fazer?

Ele se aproximou, colocando a mão sobre seu ombro.

— Você deve aprender a controlar o Véu antes que ele a controle. E para isso, precisa conhecer seus próprios limites.

Ela respirou fundo, tentando acalmar os pensamentos.

— Estou pronta.

Ulric sorriu.

— Então começamos agora.

Lyra sabia que aquela era apenas a primeira de muitas provações. Mas uma coisa estava clara: ela não podia falhar. O destino de Valderis – e o seu próprio – dependia disso.

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