Laços de Sangue e Segredos Ocultos

A visão do espelho ainda queimava na mente de Lyra. O futuro mostrado diante dela era aterrador, impossível de ignorar. Valderis em chamas. Ela segurando o Véu, olhos brilhando com uma energia sombria. Mas aquilo não era real... certo?

Desde que saíra das catacumbas, sentia-se estranhamente inquieta. Cada sombra parecia esconder um segredo, cada sussurro no vento parecia um aviso. Seu coração estava pesado, e seu destino nunca parecera tão incerto.

Ela caminhou pelas ruas de Valderis, observando as pessoas comuns que seguiam suas vidas sem saber do perigo que poderia cair sobre elas. Crianças brincavam perto da praça, mercadores discutiam preços, e o ferreiro martelava incessantemente um pedaço de metal incandescente. Era um mundo pacífico... mas até quando?

Sua casa não estava longe, mas, quando chegou, encontrou alguém esperando por ela diante da porta.

— Lyra.

Ela congelou.

O homem diante dela era alto, vestindo um manto de viagem escuro. Seu rosto era marcado pelo tempo, com olhos de um azul profundo que escondiam tempestades. Seu cabelo castanho estava preso em um rabo de cavalo baixo, e uma cicatriz cruzava sua sobrancelha esquerda.

— Pai...?

Ele sorriu, mas havia algo contido naquele gesto. Algo que a fez se perguntar se aquele sorriso era sincero.

— Faz tempo — ele disse, inclinando levemente a cabeça.

Lyra sentiu seu coração bater mais forte. Fazia anos desde que vira seu pai, Ulric. Ele partira quando ela ainda era criança, deixando para trás apenas histórias e o vazio de sua ausência.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, sua voz mais dura do que pretendia.

— Precisamos conversar.

Ela hesitou, mas abriu a porta e permitiu que ele entrasse.

O interior da casa era pequeno e simples. Uma mesa de madeira no centro, uma lareira apagada e prateleiras com ervas e livros de feitiçaria. Ela fechou a porta atrás de si e se virou para encará-lo.

— Estou ouvindo.

Ulric olhou ao redor antes de se sentar na cadeira mais próxima.

— Ouvi dizer que o Véu a escolheu.

Ela sentiu um calafrio.

— Como sabe disso?

Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos.

— Eu sei mais sobre o Véu do que você imagina.

Lyra franziu o cenho.

— O que quer dizer com isso?

Seu pai a observou por um momento antes de suspirar.

— O Véu corre no nosso sangue, Lyra. Nossa família sempre esteve ligada a ele.

Ela arregalou os olhos.

— Isso não faz sentido. Se fosse verdade, os anciões teriam me contado.

Ulric soltou uma risada seca.

— Os anciões não contam tudo. Eles escondem verdades quando isso lhes convém.

Lyra sentiu o estômago se revirar.

— Está dizendo que eles me mentiram?

— Não mentiram... apenas omitiram.

O silêncio entre os dois foi denso, carregado de palavras não ditas.

Ela puxou uma cadeira e se sentou diante dele.

— Então me conte você.

Ulric assentiu lentamente.

— O Véu não é apenas um artefato. Ele é um elo com algo muito mais antigo e poderoso. Algo que existe além do nosso tempo.

— Isso eu já sei — ela retrucou.

— Mas o que você talvez não saiba — ele continuou — é que aqueles que o controlam podem moldar o destino. Não apenas ver o futuro, mas alterá-lo.

O coração de Lyra disparou.

— Alterá-lo?

Ulric inclinou-se para frente.

— Você viu algo, não foi?

Ela hesitou.

— Vi Valderis em chamas. Vi... eu mesma segurando o Véu. Mas algo estava errado.

Seu pai a encarou com seriedade.

— Se viu isso, significa que esse futuro é uma possibilidade real. Mas a questão é: quem o moldou?

Ela não tinha resposta.

Ulric continuou:

— Existem forças que desejam o Véu. E elas não hesitarão em manipulá-la para alcançar seus objetivos.

Lyra sentiu a pele arrepiar.

— Quem são eles?

Ulric se recostou na cadeira, cruzando os braços.

— Alguns chamam de Ordo Umbra. Outros, de Sussurradores do Destino.

Ela nunca ouvira esses nomes antes.

— São feiticeiros?

— São muito mais do que isso — ele corrigiu. — Eles são os guardiões ocultos do Véu... ou seus manipuladores, dependendo da perspectiva.

A mente de Lyra girava com as novas informações.

— E o que eles querem comigo?

Ulric a fitou com intensidade.

— Se o Véu a escolheu, significa que eles virão atrás de você.

O ar parecia ter ficado mais frio.

Lyra respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos.

Se o que seu pai dizia era verdade, então ela não apenas precisava entender o Véu. Precisava protegê-lo.

E proteger a si mesma.

— O que eu devo fazer? — perguntou, olhando nos olhos dele.

Ulric sorriu levemente.

— Primeiro, precisa conhecer sua própria força.

Ela estreitou os olhos.

— E como faço isso?

Seu pai levantou-se e puxou uma pequena adaga de dentro do manto.

— Venha comigo. Vou mostrar a você o que significa carregar o sangue do Véu.

Lyra hesitou por um momento, mas então se levantou, sentindo que uma nova jornada estava prestes a começar.

Mal sabia ela que, ao seguir seu pai naquela noite, desvendaria segredos que mudariam sua vida para sempre.

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