O Legado da Linhagem

O vento soprava forte naquela manhã em Avonlea, agitando as folhas douradas que cobriam o cemitério da cidade. Laura Fitzgerald subia a colina de terra batida com passos hesitantes, sentindo o peso do diário de Elias Fitzgerald em sua bolsa. As palavras de seu ancestral ainda ecoavam em sua mente.

"O próximo será minha neta. Quando a sombra chamar, ela deverá escolher."

A ideia de que toda sua família carregava esse fardo fazia seu peito se apertar. Ela queria respostas. Precisava entender por que estavam presos a esse pacto e se havia alguma forma de quebrá-lo.

Emily a esperava no topo da colina, perto dos túmulos de pedra cinza dos Fitzgerald. Sua amiga cruzava os braços para se proteger do frio, o olhar atento.

— Você tem certeza de que vamos encontrar algo aqui? — Emily perguntou assim que Laura se aproximou.

— Não. Mas é o único lugar onde os segredos da minha família podem estar escondidos — Laura respondeu, encarando a fileira de lápides antigas.

O cemitério de Avonlea era um lugar antigo e solene, onde gerações da cidade repousavam sob a terra. As lápides dos Fitzgerald ocupavam um canto isolado, algumas já desgastadas pelo tempo.

Laura ajoelhou-se diante do túmulo de sua avó, Margaret Fitzgerald, e passou a mão pela inscrição gravada na pedra fria.

"Uma mulher de coragem e mistério."

Sua avó sempre fora uma figura distante para ela. Laura se lembrava apenas de fragmentos de sua infância — o perfume de jasmim, os olhos cinzentos e o jeito solene com que falava sobre o passado. Margaret Fitzgerald nunca contava histórias sobre a família. Nunca mencionava o pacto.

Laura mordeu o lábio, indecisa.

— Se há algo que possa nos ajudar, minha avó deve ter deixado uma pista — disse, olhando para Emily. — Ela sabia de tudo.

Emily se ajoelhou ao seu lado, examinando a base do túmulo.

— Então vamos procurar.

A Carta Oculta

As duas começaram a vasculhar ao redor do túmulo, afastando folhas secas e empurrando pequenas pedras. Laura passou os dedos pela borda da lápide e sentiu algo estranho — uma pequena fenda na lateral.

— Tem algo aqui — murmurou.

Emily ajudou a remover a pedra solta, revelando um compartimento estreito. Dentro dele, havia um envelope envelhecido, selado com cera vermelha.

O coração de Laura disparou.

Com mãos trêmulas, ela quebrou o selo e puxou a carta de dentro do envelope. A caligrafia era firme e elegante, exatamente como ela se lembrava da avó.

"Para Laura, minha querida neta."

O frio em seu peito se intensificou.

Ela começou a ler em voz alta:

"Se você encontrou esta carta, significa que o momento chegou. A sombra chamou por você, assim como chamou por mim e por todos os Fitzgerald antes de nós. Sei que você sente medo, mas também sei que você é forte."

Laura trocou um olhar com Emily antes de continuar.

"Nosso pacto não começou com Elias Fitzgerald, mas muito antes dele. Nossa linhagem sempre teve uma conexão com Avonlea, e a sombra sempre exigiu um preço. Alguns de nós aceitaram, outros tentaram lutar. Mas há algo que poucos sabem: o pacto pode ser quebrado. No entanto, ninguém jamais foi forte o suficiente para pagar o preço necessário."

O coração de Laura batia contra seu peito.

"Se você deseja libertar nossa família, vá até o carvalho no coração da floresta de Avonlea. Lá, encontrará a resposta que procura."

A assinatura no final da carta era clara: Margaret Fitzgerald.

Emily arregalou os olhos.

— Isso significa que sua avó tentou quebrar o pacto?

Laura apertou a carta contra o peito, sentindo o peso das palavras.

— Significa que ela acreditava que havia uma maneira.

Mas o que seria esse preço necessário?

E Laura estava disposta a pagá-lo?

O Caminho da Verdade

O vento soprou mais forte, levantando folhas secas ao redor delas. O céu nublado tornava o dia ainda mais sombrio.

Emily colocou a mão no ombro de Laura.