O sol começava a se pôr quando Laura e Emily deixaram a biblioteca. O ar estava frio e úmido, e o céu, tingido de tons alaranjados, parecia esconder segredos entre as nuvens. A descoberta do nome Elias Fitzgerald e a menção a um pacto antigo deixaram Laura inquieta. Ela não conseguia afastar a sensação de que cada passo que davam as aproximava de algo que talvez não devessem encontrar.
— Precisamos ir até aquele lugar — disse Emily, com um brilho de determinação nos olhos.
Laura não precisou perguntar aonde. Ela sabia exatamente do que Emily falava.
O bosque.
O lugar onde Laura viu a sombra pela primeira vez. O mesmo que aparecia nos sonhos de Emily.
As duas caminharam em silêncio até os limites da cidade, onde o bosque começava. A névoa rastejava pelo chão como dedos fantasmagóricos, e os troncos das árvores antigas pareciam se curvar sobre elas, como se estivessem observando.
O vento sussurrava entre as folhas, trazendo consigo um cheiro de terra úmida e algo mais... algo estranho, como se o próprio ar estivesse carregado de um peso invisível.
Emily segurou o braço de Laura.
— Está sentindo isso?
Laura assentiu. Seu coração estava acelerado, como se soubesse que algo estava prestes a acontecer.
A Descoberta no Bosque
Seguindo o instinto, Laura guiou Emily por um caminho estreito entre as árvores. A trilha era pouco usada, quase escondida, e quanto mais avançavam, mais escura ficava.
Após alguns minutos de caminhada, chegaram a uma clareira. No centro dela, uma pedra alta e irregular se erguia, coberta por musgo e inscrições antigas.
— O que é isso? — sussurrou Emily.
Laura se aproximou e passou os dedos sobre as marcas na pedra. Eram símbolos que ela não conseguia decifrar, mas algo nelas parecia... familiar.
De repente, um vento frio varreu a clareira, fazendo as árvores gemerem e os cabelos de Laura se arrepiarem. O ar pareceu ficar mais denso, e então, um sussurro atravessou a brisa.
"Laura..."
O nome dela.
Laura congelou.
Emily segurou seu braço com força.
— Você ouviu isso?
Antes que Laura pudesse responder, a sombra apareceu.
Ela emergiu da escuridão entre as árvores, tomando forma aos poucos. Não era um ser sólido, mas algo que parecia feito da própria noite, se movendo como fumaça densa.
Os olhos da sombra brilharam em um tom prateado.
Laura sentiu seu corpo se enrijecer, como se uma força invisível a prendesse no lugar. Sua mente gritava para correr, mas suas pernas não obedeciam.
A voz da sombra ressoou pelo ar, profunda e ecoante.
— Você é uma Fitzgerald.
Laura arregalou os olhos.
— Quem... o que você é?
A sombra riu, um som grave que fez o vento gelado rodopiar ao redor delas.
— Eu sou o que sua família prometeu há muito tempo.
O coração de Laura martelava no peito.
— O que isso significa?
A sombra se moveu lentamente, circulando as duas como um predador avaliando sua presa.
— Há gerações, sua linhagem fez um pacto. Sua cidade prospera porque um preço foi pago. Um preço que ainda precisa ser cobrado.
Laura sentiu a garganta secar.
— Que preço?
Os olhos prateados da sombra brilharam mais intensamente.
— Você.
O Chamado do Destino
Emily puxou Laura para trás, posicionando-se entre ela e a sombra.
— Ela não pertence a você! — disse Emily, com uma firmeza que surpreendeu até Laura.
A sombra inclinou a cabeça, como se estivesse se divertindo.
— O destino de Laura já foi selado. Desde o momento em que nasceu.
Laura sentiu um calafrio percorrer sua espinha.
— Eu não fiz pacto nenhum. Não devo nada a você.
A sombra se aproximou lentamente, e Laura sentiu algo dentro de si reagir. Como se um fio invisível a conectasse àquela entidade.
— O sangue dos Fitzgerald carrega a marca do acordo — a sombra murmurou. — Você pode resistir, mas isso não mudará o que está por vir.
Laura cerrou os punhos.
— Eu escolho meu próprio destino.
A sombra riu novamente, mas dessa vez o som era mais baixo, quase como um eco distante.
— Veremos.
Então, em um movimento tão rápido quanto o vento, a sombra se dissipou, desaparecendo entre as árvores, como se nunca tivesse estado ali.
O silêncio que ficou para trás era ensurdecedor.
Emily segurou o pulso de Laura.
— Precisamos descobrir o que realmente aconteceu no passado.
Laura assentiu, o coração ainda disparado.
O mistério de Avonlea estava apenas começando. E, pela primeira vez, ela temia o que encontrariam a seguir.
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Atualizado até capítulo 20
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