Intensidade

Ellen observa Darius se afastando em direção à saída do abrigo. Por um momento, ela fica pensativa, mas logo um sorriso aflora em seu rosto. Com passos rápidos, ela vai ao encontro de Erie, que estava organizando alguns suprimentos médicos em uma bancada improvisada.

— Erie! — diz Ellen, animada, quase ofegante pela pressa.

— Oi, Ellen! Tudo bem? — responde Erie, curiosa, ao perceber a animação incomum da amiga.

— Eu conversei com Darius sobre ele ser tão fechadinho!

Erie arregala os olhos, surpresa.

— Sério?! E o que ele disse?

Antes que Ellen pudesse responder, John, um dos médicos do abrigo, aparece na entrada.

— Ellen, vem cá! Temos um paciente precisando de você.

Ellen vira-se na direção dele, sem hesitar.

— Ah! Sério?! Ok! — Ela sorri para Erie e diz, já caminhando: — Erie, eu já venho! Vou lá ajudar mais um!

— Isso! Vai lá! Bom trabalho! — diz Erie, sorrindo enquanto dá um abraço rápido em Ellen.

Ellen agradece com um aceno e segue John até o paciente, enquanto Erie a observa sair, ainda refletindo sobre o que Ellen contou sobre Darius.

Enquanto isso, do lado de fora do abrigo, Darius segue em silêncio, afastando-se do movimento e do barulho. Ele precisa de espaço, de silêncio, de algo que o conecte consigo mesmo. Seus passos o levam até um prédio destroçado, com paredes em ruínas e parte do teto ainda de pé. As janelas quebradas deixam entrar feixes de luz e o vento frio, que carrega o cheiro de poeira e ferrugem.

Ao entrar, ele observa o local. O chão está coberto de entulho, mas há espaço suficiente para o que ele planeja. Sem perder tempo, Darius começa seu aquecimento. Ele gira os ombros, alonga os braços e flexiona os joelhos, preparando o corpo para a intensidade que virá.

Seus movimentos logo evoluem para golpes básicos: socos diretos, cruzados, ganchos e joelhadas. Cada golpe é acompanhado por uma respiração controlada, um som seco que ecoa nas paredes em ruínas.

Darius começa a treinar “Sombra Mental”. Em sua mente, ele materializa um oponente: um soldado ágil e agressivo, um inimigo imaginário que o desafia a cada movimento.

Ele avança com um direto, mas o "oponente" esquiva. Darius responde com uma sequência rápida de socos, atacando o vazio com tanta força e precisão que os músculos de seus braços e pernas gritam em protesto.

A intensidade aumenta.

Seu adversário mental contra-ataca. Um chute invisível passa próximo ao seu rosto, forçando-o a esquivar se abaixando rápido. Ele sente o impacto do “golpe” no ar, como se fosse real. Cada esquiva é acompanhada de suor escorrendo por seu rosto e peito.

Darius continua, agora com os movimentos mais fluidos e ferozes. Um chute lateral atinge uma pilastra de concreto, arrancando um pedaço da estrutura. Ele não para. Um cruzado rápido é seguido por uma cotovelada imaginária, que corta o ar como uma lâmina.

Os golpes de Darius se tornam brutais. Seu corpo se entrega totalmente ao treino. Ele utiliza o entulho ao redor como obstáculos, saltando sobre pedaços de concreto e se abaixando para evitar barras de ferro expostas, simulando um combate em um ambiente real.

A cada golpe, ele sente as memórias dolorosas surgirem como faíscas. As emoções reprimidas se transformam em combustível, intensificando ainda mais sua disciplina e raiva. O suor se mistura à poeira do chão enquanto ele continua, determinado a ultrapassar seus limites.

Os danos começam a surgir. Seus braços estão arranhados pelas superfícies ásperas, o suor escorre pelos cortes, causando ardência, mas ele não para. Cada impacto que "recebe" de sua Sombra Mental é sentido como uma pontada real. Seu corpo está exausto, mas sua mente continua impiedosa.

Após uma hora de treino implacável, Darius finalmente para. Seu peito sobe e desce rapidamente, os pulmões buscando ar como se ele tivesse acabado de escapar de um afogamento. Ele se senta no chão, com as costas apoiadas em uma parede parcialmente destruída.

Pela primeira vez em anos, um sorriso genuíno surge em seu rosto. Não é um sorriso forçado ou irônico, mas uma expressão de verdadeira satisfação. Ele sente orgulho de si mesmo. Sua disciplina, seu esforço, sua luta... tudo valeu a pena.

Com o rosto banhado de suor e a respiração ainda pesada, Darius percebe algo que havia esquecido há muito tempo: ele ainda tinha controle sobre sua própria força, sobre seu próprio destino.

Volta.

Darius, após descansar por um tempo onde estava treinando, decide voltar para o abrigo. Ele caminha com passos firmes, mas sua postura e expressão mostram o cansaço e os ferimentos visíveis. Sua pele está marcada por arranhões, hematomas e uma mistura de sujeira e suor. Sua aparência chama a atenção de todos à medida que entra, e muitos olham para ele com surpresa.

Ellen, que estava ali perto, vê Darius entrando. Ao vê-lo em tal estado, ela se desespera e corre até ele, a preocupação estampada em seu rosto. Seus olhos ficam arregalados, e sua voz sai quase sem fôlego.

— Meu Deus! O que houve? O que aconteceu?! — ela diz, colocando a mão no peito, tentando processar o que vê.

Darius, com um tom calmo e um leve suspiro, tenta tranquilizá-la.

— Estou bem. Só me diz algo...

Ellen, um pouco aliviada ao ouvir que ele está "bem", continua com um olhar ansioso.

— Dizer o quê?

— Tem chuveiro? Só me dá alguns medicamentos, que eu me limpo e me cuido. Estou bem.

Ellen coloca a mão no coração, aliviada, mas sua curiosidade a faz perguntar, ainda com uma expressão de preocupação.

— Se cuida?

Darius a olha com seriedade.

— Sim. Eu sou ex-militar. Aprendi a me cuidar.

Ellen dá uma risada breve, ainda surpresa, mas sorrindo.

— Ah... Verdade!

Ela então, com um sorriso mais suave, pergunta novamente, sua curiosidade ainda aguçada.

— Mas o que aconteceu? Você foi atacado por alguma facção? Você saiu hoje mais cedo relativamente intacto.

Darius percebe que ainda não tinha contado o que realmente aconteceu.

— Eu estava apenas treinando.

Ellen fica sem palavras por um momento, incrédula com a resposta.

— Treinando? Meu Deus! Mas olha como você está, Darius! Isso não é só treino!

Darius, apesar das feridas visíveis, mantém sua postura firme e séria, como se isso fosse normal.

— Eu treino intenso. Eu preciso me manter forte e saudável, ainda mais nesse mundo que está um caos. Está tudo bem. Não fique preocupada.

Ellen, claramente ainda preocupada, faz uma expressão que mistura exasperação e afeto.

— Mas você está todo ferido! — diz ela, com a voz mais suave e angustiada.

Darius a interrompe rapidamente.

— Só vamos. Um banheiro, e medicamentos.

Ellen, ainda com a expressão de preocupação, responde.

— Ah, ok... Tudo bem. Tem o banheiro lá embaixo, certo? Um dos quartos no corredor é chuveiro. A gente também precisa às vezes tomar um banho. Achei que você tinha visto quando foi ao banheiro antes.

Darius, diz nada. Ele não se importa com nada além de cuidar de si mesmo nesse momento.

— Certo. E os medicamentos? Álcool e etc? — ele pergunta.

— Eu vou levar já já. Vai indo lá. — responde ela, vendo-o ir na frente.

Darius chega ao banheiro e se dirige a um dos box. Ele olha para as roupas sujas e sente o cheiro de suor. Pensa consigo mesmo: "Será que eu uso essa mesma roupa? Só tenho ela... Ela está fedida... Que seja." Com esse pensamento, ele entra no box e senta-se. Tentando relaxar. Seus pés estavam doloridissímos.

Após alguns minutos, ele ouve uma voz.

— Darius...?

— Aqui, Box 6. — ele responde, a voz potente, como sempre.

Ellen bate na porta.

Darius, levanta-se e abre a porta.

Com um tom preocupada, diz:

— Não treine mais assim, é perigoso!

Darius, sem olhar para ela, simplesmente a ignora e diz com a mesma expressão séria.

— Obrigado por me trazer. Vai lá, há pessoas precisando de você.

Ele fecha a porta com firmeza, deixando Ellen para trás, ainda sem saber como lidar com a situação. Ela fica ali parada por alguns segundos, olhando para a porta, entendendo que, apesar de sua preocupação, ele vai continuar treinando de qualquer maneira. Ela apenas suspira e sobe.

Darius, enquanto começa a limpar seus ferimentos. Na perna, o processo é simples, mas nos braços e costas é mais complicado. Ele chama Ellen novamente antes que seja tarde.

— Ellen! Eu sei que você me ouve porque ainda ouço seus passos. Venha cá me ajudar, por favor.

O som dos passos de Ellen aumenta e ela bate na porta.

— Ajuda com o quê?

Darius se levanta, abre a porta e diz:

— A cuidar dos meus ferimentos. Se você estiver muito ocupada, chame outra pessoa para vir me ajudar.

Ellen, sentindo sua vontade de ajudar crescer mais a cada momento, não hesita.

— Não! Eu ajudo, está tudo bem. Onde você não consegue se cuidar sozinho?

Darius, com um olhar tranquilo, tira a camisa, revelando seu físico forte e grande. Ela fica um pouco surpresa, corando ao ver o corpo de Darius, mas rapidamente tenta ignorar a reação.

— Oh... Você é muito forte... — diz ela, um pouco sem saber como reagir.

Darius apenas a observa de canto, sem comentar nada.

Ela respira fundo, tentando focar no trabalho.

— Aí, ok! Vamos tratar de você. Mas aqui no banheiro? Vamos lá em cima.

Darius concorda, de forma direta.

— Ok.

Ele se levanta. Ellen percebe finalmente o quão alto ele é e faz uma pergunta inocente.

— Você tem... quanto de altura?

Darius responde sem rodeios.

— 1,88m. Entenda que, parte dessa altura, é graças aos meus treinos intensos.

Ellen sorri com o comentário, mas logo lembra de sua própria altura.

— Ah... Entendi. Eu sou tão baixa. Parece que eu tenho 1,66m. Mas isso não importa! Vamos lá.

Ela percebe que ele não pegou a camisa novamente e tenta insistir.

— Você não vai pôr a camisa de novo? Assim, você vai chamar muito a atenção.

Darius responde sem olhar para ela.

— Do que adianta eu pôr agora, se vou ter que tirar de novo?

— É que assim: Vai saber o que as pessoas vão pensar vendo que você saiu da escada, eu e você juntos, e você sem camisa?

Darius para por um momento, refletindo sobre a observação dela.

— Vão pensar que você estava me ajudando? - Para ele, esse era o pensamento mais óbvio.

Ellen, um pouco desconfortável, pede, com um leve rubor no rosto.

— Não sei... Pode por favor, repor a camisa?

Darius levanta uma sobrancelha, mas atende o pedido rapidamente, colocando a camisa antes de seguir em frente. Eles sobem as escadas juntos, com a conversa fluindo de maneira mais natural agora.

Chegando lá, Darius vê que já há alguém onde ele normalmente ficaria, então se dirige a outro canto. Ellen o segue, mas antes de se acomodar, Erie corre até ela.

— Elleeen! — Ela a abraça de forma animada.

Ellen, sorrindo, responde ao abraço.

— Oi, Erie! Você não está ocupada?

— Não. Toda a nossa correria de início valeu muito a pena. Hoje, tivemos poucos que necessitavam de assistência. No máximo, os das salas de baixo, que são mais necessitados e precisam de supervisão.

Ellen sorri ao ouvir isso, sentindo-se mais leve, enquanto segue Darius. Erie a acompanha.

— Que bom, Erie! Fico muito feliz!

Então, Erie, curiosa, pergunta.

— Mas... O que aconteceu? Por que estava você e Darius lá embaixo? O que aconteceu?

Ellen, ainda com um sorriso suave, responde.

— Hm? Nada demais. Ele foi ex-militar, ele sabe se cuidar. Mas tem ferimentos que para ele são difíceis, como os das costas. Então ele me chamou, mas lá não era apropriado.

Erie entende e sorri.

— Ah, entendi! Posso ajudar?

— Claro! — responde Ellen, com um sorriso.

Quando chegam perto de Darius, ele a chama.

— Ellen. Aqui. Vou tirar a camisa.

E ao tirar a camisa, ele chama a atenção de todos, como esperado, pois é um dos poucos no abrigo com um físico realmente forte e saudável.

Você não está me sobrecarregando, Darius está sentado em um banco improvisado, o corpo visivelmente marcado por cortes e hematomas nos braços, costas, pernas e abdômen. A camisa está de lado, e as marcas de treino intenso evidenciam sua dedicação, mas também o excesso. Ellen se aproxima com o kit médico, enquanto Erie a acompanha, e John, outro médico do abrigo, passa pelo local.

Ellen começa examinando os cortes e respira fundo.

— Certo, Darius. Vamos cuidar disso. Erie, me ajuda com o álcool e as gazes?

— Sim! — Erie responde prontamente, pegando o que Ellen pede.

Enquanto Ellen começa a limpar os arranhões no braço direito de Darius, ele permanece calmo, mas sua postura rígida revela o desconforto.

— Isso vai arder — Ellen avisa antes de pressionar o pano com álcool no ferimento.

Darius contrai levemente o maxilar, mas não reclama.

— Já senti pior.

Erie observa, franzindo a testa.

— Ellen, ele está coberto de ferimentos. Como alguém consegue treinar assim e não desmaiar?

Ellen olha de relance para Erie, mas é Darius quem responde, com a voz baixa e controlada.

— Controle mental.

— Controle ou teimosia? — Ellen pergunta, erguendo uma sobrancelha enquanto continua limpando o braço.

Antes que Darius possa responder, John se aproxima, atraído pela movimentação.

— Ellen, Erie, o que está acontecendo aqui?

— Ah, John! — Ellen se vira brevemente para ele. — Darius apareceu com esses ferimentos. Ele estava... treinando.

John analisa o estado de Darius, o semblante sério.

— Treinando? Assim? Parece que enfrentou uma parede e perdeu.

— Só treinei intensamente — Darius diz com firmeza.

John cruza os braços.

— Intensamente ou irresponsavelmente? Olha para você. Isso não vai ajudar se você se lesionar gravemente.

Ellen tenta suavizar a situação, limpando um corte mais profundo no antebraço de Darius.

— Ele sabe o que está fazendo, John. É ex-militar, lembra?

— Ser ex-militar não torna ninguém indestrutível — John retruca, mas decide não pressionar mais, observando o trabalho de Ellen e Erie.

Ellen termina o braço e se inclina para analisar os cortes no abdômen e na lateral do tórax. Alguns são profundos o suficiente para exigir pontos.

— Erie, pega a agulha de sutura. Vamos precisar fechar esse aqui.

Erie rapidamente obedece, enquanto Ellen fala com Darius.

— Vai doer um pouco. Aguenta firme.

Darius faz um leve aceno de cabeça.

— Estou acostumado.

Enquanto Ellen trabalha, Darius mantém a expressão estoica, embora seus músculos se contraiam ocasionalmente ao sentir a agulha penetrar a pele.

— Isso está ótimo — John comenta, observando o cuidado de Ellen. — Continue assim, Ellen. Vou deixar vocês terminarem.

John se afasta, deixando Ellen e Erie cuidando dos ferimentos. Agora, Ellen se move para as costas de Darius, onde há cortes longos e profundos que atravessam os músculos trapezoides e lombares.

— Vira um pouco para o lado — Ellen pede, e Darius obedece.

Ela limpa com cuidado, mas não consegue evitar a ardência. Ele se inclina ligeiramente para a frente, mas não reclama.

— Você precisa descansar depois disso — Ellen comenta.

— Eu vou descansar — Darius responde diretamente, sem resistir à sugestão.

Ellen sorri de leve, surpresa com a cooperação.

— Bom ouvir isso. Erie, ajuda a segurar a gaze enquanto eu coloco a faixa.

— Claro! — Erie pressiona a gaze no ferimento, enquanto Ellen finaliza com a bandagem.

Por último, Ellen olha para a perna esquerda de Darius, onde há um corte profundo atrás do joelho e arranhões menores na coxa.

— Erie, segura aqui enquanto eu limpo.

Ellen trabalha com precisão, e Darius mantém a calma, embora respire fundo algumas vezes ao sentir o álcool nos ferimentos.

— Pronto, finalizamos — Ellen diz, se levantando e limpando as mãos. — Agora, sem treinos por alguns dias, entendeu?

— Entendido — Darius responde sem hesitar, levantando-se lentamente.

Ellen o observa, surpresa com sua altura e porte físico enquanto ele pega a camisa.

— Sabe, você podia evitar metade desses ferimentos se fosse um pouco menos intenso.

Darius coloca a camisa de volta, fazendo um breve aceno para ambas.

— Disciplina, Ellen. Só assim para sobreviver.

Ela balança a cabeça, sorrindo de leve.

— Disciplina ou teimosia, ainda não decidi.

Erie ri e guarda os itens médicos.

— Acho que é um pouco dos dois.

Darius agradece com um olhar rápido antes de se afastar, deixando Ellen e Erie para trás, satisfeitas com o trabalho.

Darius Explora a Cidade

Ao se afastar de Ellen e Erie, Darius decide sair do abrigo para explorar o mundo ao redor. Ele caminha pela saída, sentindo o calor do sol já quase ao meio-dia. O céu limpo contrasta com o caos urbano.

Enquanto caminha, observa os escombros espalhados. A cidade está devastada: prédios desabados, carros inutilizados, corpos queimados por conta do calor gerado por causa da energia das explosões de muitas bombas de guerras de facções e o silêncio opressor que paira sobre tudo. Ele segue em frente, determinado.

Andando por aí, Darius avista um mercado parcialmente destruído. As portas estão bloqueadas por grandes pedras e destroços de outros prédios ao lado, isso faz Darius pensar:

"Hm... E se eu quiser subir? O teto pode ter alguns buracos ou até mesmo, nem teto ter direito e ter algo útil lá dentro."

Decidido, escala os destroços com facilidade. No alto, encontra grandes buracos no teto e entra por eles.

Lá dentro, o cenário é de destruição e saque. Prateleiras vazias, produtos espalhados e sinais de abandono. Ele verifica as áreas ao redor, mas encontra apenas itens quebrados ou inutilizáveis.

Ele percebe que não há muito o que ele fazer por ali. Procurando uma saída, percebe que há uma janela quebrada que facilitaria tanto o caminho para entrar quanto o para sair.. Ele murmura para si mesmo:

"Idiota. Todo aquele esforço foi desnecessário."

Saindo do mercado, ele avalia o estado da cidade:

"Com certeza, toda a região está devastada. Não adianta tentar encontrar muito por aqui."

Sem nada útil, decide voltar ao abrigo. Ao chegar, olha o relógio e percebe que são 13:04. Ele se surpreende:

"Passei mais tempo lá fora do que imaginei."

Ele começa a explorar o abrigo, indo para o andar inferior.

Descendo as escadas, ele encontra John. O médico está terminando de ajustar um lampião e ao terminar, ele vê Darius entrando na escada e vai falar com ele.

– Como você tá? Tudo tranquilo?

Darius, direto, responde:

– Sim.

John percebe o tom fechado, mas insiste:

– E o que você tá fazendo?

– Explorando. Quero conhecer o local onde eu tô me abrigando.

John decide oferecer ajuda.

– Quer que eu te guie? Eu conheço bem esse lugar.

Darius pensa por um momento e responde:

– Sim. Obrigado.

Enquanto descem as escadas, John quebra o silêncio:

– Mas então... E esse seu treino? Como que funciona? Porque... Eu nunca vi ninguém treinar e sair todo ferido.

Darius, com calma, explica:

– É uma técnica usada no boxe, chamada "Sombra Mental". Quem treina imagina um oponente, pode ser qualquer um, até mesmo animais. Mas, quando você é disciplinado, focado e experiente, o oponente parece real, causando danos. Além disso, o ambiente onde eu tava treinando não era tão seguro quanto eu imaginava. Havia escombros e pedaços de aço com pontas. Inclusive, sendo eles, os escombros e etc, que causaram a maioria dos meus ferimentos.

John ouve com atenção, mas há uma pitada de descrença em sua expressão.

– Ah, entendi. Então... Você é tão bom que seu oponente virou real e te machucou? Interessante...

Darius percebe a incredulidade, mas não responde, apenas segue em frente.

Quando chegam ao andar inferior, John aponta para um grande corredor.

– Aqui é onde ficam os pacientes mais necessitados, que precisam de supervisão constante e etc. Aqui também estão os melhores médicos. Ellen poderia estar aqui, sem dúvida, mas prefere cuidar dos casos mais leves lá em cima. Ela gosta de manter o ambiente agradável.

Darius ouve a explicação e responde:

– Entendo. E lá no fundo são os banheiros, certo?

– Sim. Mas... essas lâmpadas... Precisamos trocar elas, mas não temos mais.

Darius comenta:

– Hoje mais cedo, quando eu andava por aí, teve um mercado onde fui. Lá tinha lâmpadas sobrando. No "Super Mercadão", acho que era esse o nome.

John se espanta:

– "Super Mercadão"? Você tá brincando? Esse mercado fica a uns 50 minutos daqui andando! Você andou bastante hoje, hein!

Darius dá de ombros.

– Hm... Não me toquei

Após eles retornam para cima e John decide levar Darius a outro local do abrigo. Eles retornam ao térreo e dão a volta para fora, chegando a uma sala trancada. Ele abre a porta, revelando um pequeno arsenal.

– E aí? O que achou? Não é muito, mas é nossa defesa contra saqueadores que tem por aí.

Darius entra e observa as armas dispostas: facões, bastões improvisados e armas de fogo com pouca munição. Ele pega uma faca, avaliando-a.

– Esse arsenal até que tá bom. A última vez que vi um arsenal foi no exército.

John aproveita a deixa para perguntar:

– Mas me diz... Por que você é tão quieto? E por que treina tão intensamente?

Darius, ainda observando as armas, responde:

– O mundo em que estamos, todo esse caos por causa das mais diversas facções exige que eu esteja no meu melhor. Não posso contar com ninguém além de mim mesmo.

John reflete por um momento e comenta:

– Aqui, nós contamos uns com os outros. Mas entendo seu ponto.

Darius não responde, apenas continua avaliando o arsenal.

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Comments

[donel williams ]

[donel williams ]

Que história maravilhosa, amei! 😍📚👍🏼

2025-01-10

1

Cecilia geralda Geralda ramos

Cecilia geralda Geralda ramos

interessante agora ele poderá ser útil, e ajudar os outros fará muito bem a ele .vaíesquer os seus próprios problemas.

2025-01-16

1

Ver todos

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