O Desafio do Novo Emprego.

O sol da manhã invadiu o quarto simples de Laila e Rami, aquecendo o ambiente, mas também trazendo consigo a ansiedade. Era o dia em que Laila começaria no novo emprego, a primeira oportunidade de finalmente se estabelecer em São Paulo. Ela olhou para Rami, que ainda dormia tranquilo, e sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Não poderia falhar. Para ele, ela precisava ser forte.

Depois de tomar um banho rápido e vestir as roupas que Jamil havia providenciado, Laila sentiu uma mistura de nervosismo e determinação. O novo trabalho em uma loja de tecidos parecia simples, mas para ela representava o primeiro passo para uma vida nova, longe das memórias amargas da guerra.

Quando ela estava prestes a sair, ouviu o som da porta se abrindo. Era Jamil. Ele estava mais cedo do que o normal e, ao vê-la pronta, sorriu com simpatia.

“Está pronta para o seu primeiro dia, Laila?” Ele perguntou, com um tom de voz que denotava confiança. "Não se preocupe, você vai se sair bem."

Laila tentou sorrir, mas o nervosismo ainda estava evidente em seus olhos. "Eu espero que sim. Só... não sei o que esperar."

Jamil acenou com a cabeça. "Eu entendo. Mas, como disse antes, você está em um bom lugar. Tudo vai dar certo."

Com um último olhar para Rami, que ainda estava adormecido, Laila se despediu e seguiu com Jamil até a loja. O caminho era curto, mas ela sentia como se fosse o início de uma jornada muito maior. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, mas, ao mesmo tempo, ela sabia que não poderia voltar atrás.

A loja era simples, com prateleiras repletas de tecidos coloridos que enchiam o ar com um perfume doce. O ambiente era acolhedor, e as pessoas que estavam lá pareciam trabalhar com um propósito. Laila foi recebida pela dona da loja, Dona Marilda, uma senhora de aparência simpática e acolhedora.

“Bem-vinda, Laila!” Dona Marilda disse com um sorriso largo. "Fico feliz que tenha aceitado o trabalho. Vamos começar com algo simples, organizando os tecidos. Aos poucos, você se acostuma com tudo."

Laila assentiu, embora o nervosismo ainda a acompanhasse. Ela seguiu as instruções da dona da loja, arrumando os tecidos e organizando as prateleiras. Aos poucos, o espaço começou a parecer mais familiar, e Laila começou a relaxar, sentindo-se mais segura no ambiente. Ela foi ganhando confiança com o tempo, embora a sensação de estar em um lugar estranho não passasse completamente.

No entanto, ao longo do dia, algo a incomodou. Alguns clientes a olhavam com curiosidade, alguns pareciam incomodados com sua presença. Laila sabia que a discriminação era algo que ela teria que enfrentar. Era o preço de ser uma estrangeira, uma refugiada. Ela tentou não se deixar abalar, mas o olhar de julgamento de algumas pessoas a fazia questionar sua decisão.

Quando o expediente estava chegando ao fim, Jamil apareceu na loja para ver como ela estava se saindo. Ele entrou com um sorriso no rosto, mas logo percebeu o cansaço nos olhos de Laila.

“Como está indo o trabalho?” Ele perguntou, se aproximando.

“Está indo bem... mas... as pessoas... elas olham para mim de uma maneira estranha, Jamil. Como se eu não fosse bem-vinda aqui.” Laila disse, a voz baixa, mas carregada de frustração.

Jamil observou-a atentamente, percebendo a dor silenciosa em suas palavras. “Eu sei que não vai ser fácil. A discriminação é uma realidade para muitos imigrantes. Mas você é forte, Laila. Não deixe que isso te afete. Aos poucos, as pessoas vão entender quem você realmente é.”

Laila olhou para ele, buscando algum conforto em suas palavras. “Eu só quero que Rami tenha uma vida melhor. Eu não quero que ele sinta isso. Não quero que ele cresça com esse peso.”

Jamil deu um passo à frente, colocando a mão suavemente no ombro dela. “Eu sei o quanto isso significa para você. Você vai conseguir, Laila. Eu acredito em você.”

Ela sorriu fraco, mas suas palavras trouxeram um pouco de alívio ao seu coração. Ela sabia que não estava sozinha, mas a luta ainda estava apenas começando.

Enquanto saíam da loja, Jamil ofereceu-lhe uma carona de volta para casa. Durante o trajeto, Laila olhou pela janela do carro, observando a cidade que parecia ao mesmo tempo tão grande e tão distante. O Brasil, com toda a sua beleza e complexidade, ainda parecia um lugar novo demais para ela. Mas Laila sabia que, aos poucos, ela encontraria seu lugar ali. Só precisaria de tempo.

Ao chegar em casa, Rami estava brincando com alguns brinquedos improvisados, sorrindo como se o mundo fosse um lugar seguro. Laila sorriu para ele, mas o peso da responsabilidade continuava a pesar sobre seus ombros.

“Como foi o seu dia?” Rami perguntou, seus olhos curiosos.

“Foi um dia bom, Rami. Um dia difícil, mas bom. Estamos apenas começando. Logo, tudo vai melhorar.”

Ela sabia que ainda havia muito pela frente, muitos desafios a serem superados. Mas, ao olhar para seu irmão, sentiu uma esperança renovada. Ela não podia falhar. Não podia.

A luta estava apenas começando, mas Laila estava pronta para enfrentá-la, com coragem e determinação.

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