A manhã trouxe um céu nublado, mas Tyler não se importava. Ele estava decidido a sair de casa, sentindo que precisava de ar, de um espaço onde pudesse pensar. Porém, quando ele desceu as escadas e abriu a porta da sala, Sophia estava no caminho, os braços cruzados e uma expressão firme no rosto.
— Aonde você pensa que vai? — perguntou ela, estreitando os olhos.
Tyler suspirou, já prevendo a insistência da irmã.
— Vou dar uma volta, só isso. Preciso de um tempo sozinho.
Sophia balançou a cabeça, determinada.
— Nem pensar. Se você sair, eu vou junto. Não vou te deixar desaparecer de novo.
Ele fechou os olhos, tentando conter a frustração.
— Sophia, eu só vou andar pela cidade. Não vou sumir por dias.
— Não importa. Ou eu vou com você, ou você não sai.
Tyler sabia que discutir com Sophia seria inútil. Com um suspiro derrotado, ele assentiu.
— Tá bom. Pode vir, mas sem perguntas.
Sophia abriu um sorriso satisfeito e pegou sua jaqueta. Juntos, eles saíram de casa, andando pelas ruas tranquilas enquanto o vento frio cortava o ar.
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Júlia estava sentada em um banco no parque, o mesmo onde estivera na noite anterior. Ela segurava um copo de café, os dedos enluvados tentando absorver o calor do líquido. Sua mente estava longe, perdida em um emaranhado de pensamentos que não conseguia organizar.
Ela havia saído de casa cedo, incapaz de suportar o clima pesado de sempre. A solidão era melhor do que as discussões, mas ainda assim, ela se sentia esmagada pelo vazio.
Do outro lado do parque, Tyler e Sophia caminharam lentamente, com Tyler quase arrastando os pés enquanto olhava ao redor. O parque era calmo, mas para ele, aquilo parecia um refúgio improvável. Sophia, por outro lado, parecia mais leve, animada por estar ao lado do irmão.
— Por que viemos aqui? — perguntou ela, interrompendo o silêncio.
— Eu só queria ficar longe de casa — respondeu Tyler, distraído.
Foi então que seus olhos caíram sobre uma figura solitária no banco à frente. Júlia estava sentada, a cabeça abaixada enquanto tomava o café. Algo nela chamou sua atenção, talvez a maneira como ela parecia tão deslocada quanto ele se sentia.
— Quem é ela? — Sophia perguntou, seguindo o olhar do irmão.
— Não sei — respondeu Tyler, mas antes que pudesse evitar, seus pés começaram a se mover na direção dela.
Júlia ergueu o olhar ao ouvir passos se aproximando. Ela viu um garoto alto, de cabelos castanhos desgrenhados, acompanhado por uma menina mais nova, que parecia não gostar muito de estar ali.
— Oi — disse Tyler, parando a alguns metros de distância.
Júlia franziu o cenho, confusa.
— Oi... eu te conheço?
— Não, mas... você tá bem? — Ele parecia genuinamente preocupado, embora nem soubesse o motivo de sua pergunta.
Júlia hesitou. Não estava acostumada com estranhos perguntando sobre ela.
— Estou... eu acho. Por quê?
Tyler deu de ombros, tentando parecer casual.
— Só parece que você precisava de alguém pra conversar.
Sophia cruzou os braços atrás dele, desconfiada.
— Tyler, o que você tá fazendo? A gente nem conhece ela.
Júlia riu sem humor, tomando um gole de café.
— Talvez sua irmã esteja certa. Você não deveria sair falando com estranhos.
Tyler sentiu o rosto esquentar de vergonha.
— Desculpa. Não sei por que falei isso. Só... achei que você parecia meio... sozinha.
Júlia olhou para ele, surpresa pela sinceridade em sua voz.
— Bem, você não está errado. — Ela deu um pequeno sorriso, embora não alcançasse seus olhos. — Mas acho que isso vale pra você também.
Tyler não conseguiu evitar um sorriso de canto.
Sophia suspirou alto, interrompendo o momento.
— Tá bom, vocês podem ficar nesse papo estranho, mas não esquece que eu tô aqui, Tyler.
Júlia olhou para Sophia pela primeira vez e sorriu de verdade.
— Você deve ser a irmã dele.
— Sou. E tô aqui pra garantir que ele não faça besteira.
Tyler revirou os olhos, mas não conseguiu conter a sensação de que algo naquele encontro era importante, mesmo que não soubesse o porquê.
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Atualizado até capítulo 33
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