Tyler continuava sentado na beira da ponte, os olhos fixos no horizonte. A noite já havia caído completamente, mas ele não se movia. O frio começava a morder sua pele, mas ele não se importava. O peso do vazio que carregava era maior que qualquer desconforto físico.
As luzes da cidade brilhavam ao longe, mas ele sentia que elas estavam distantes demais, como se pertencessem a outro mundo, um mundo onde ele não tinha lugar. Ele olhou para as águas escuras abaixo de si. O som do rio continuava constante, como um sussurro, mas não trazia conforto. Tudo parecia uma lembrança distante de um tempo em que ele acreditava que as coisas poderiam ser diferentes.
Naquela mesma noite, Sophia ainda estava na janela de seu quarto. Seus olhos corriam pelas ruas escuras, procurando por qualquer sinal de Tyler. Seu coração estava apertado, como se algo dentro dela gritasse que ele estava por perto, mas ela não sabia onde. A impotência era uma sensação que ela odiava, mas com a ausência do irmão, parecia que essa emoção dominava tudo ao seu redor.
Ela respirou fundo e se afastou da janela, cruzando os braços enquanto tentava afastar as lágrimas. O silêncio da casa era sufocante, e o olhar indiferente de seu pai, sentado no sofá, só aumentava sua frustração. Ele não parecia preocupado. Para Ricardo, Tyler era um problema que ele não precisava resolver.
— Não faz diferença para ele... — murmurou Sophia, sentindo a raiva se misturar com a tristeza.
Enquanto isso, Júlia caminhava pelas ruas, sem rumo definido. A tensão em sua casa parecia seguir cada um de seus passos, como uma sombra que ela não conseguia escapar. Ela segurava um caderno contra o peito, como se fosse sua única proteção contra o mundo.
Ao passar por um parque vazio, Júlia decidiu sentar-se em um banco. A lua brilhava fracamente no céu, mas nem mesmo a beleza da noite parecia aliviar o peso que ela carregava. Ela abriu o caderno, mas as palavras não vinham. Tudo o que sentia era uma confusão de emoções que não conseguia traduzir em frases.
Frustrada, ela fechou o caderno com força e o colocou ao lado. O vazio dentro de si parecia tão profundo quanto o céu escuro acima dela. Júlia olhou para as mãos, sentindo a necessidade de liberar a dor de alguma forma, mas sabia que o alívio seria passageiro e a culpa logo voltaria para assombrá-la. Ainda assim, era tudo o que ela conhecia para lidar com o que sentia.
Na ponte, Tyler finalmente se levantou. Seus olhos estavam cansados, mas ele sabia que não poderia ficar ali para sempre. A escuridão, que antes parecia um refúgio, agora começava a parecer sufocante. Ele colocou as mãos nos bolsos e começou a andar, sem saber se estava indo para casa ou apenas fugindo novamente.
Sophia ainda estava acordada, sentada na cama, olhando para o teto. O silêncio da casa parecia mais pesado agora. Ela queria acreditar que Tyler voltaria, que ele estava bem, mas cada minuto que passava sem notícias fazia com que seu coração se encolhesse ainda mais.
Júlia, por outro lado, começou a caminhar de volta para casa, sentindo-se mais perdida do que quando havia saído. O vazio dentro dela parecia crescer a cada passo, e, mesmo cercada pelas luzes da cidade, ela se sentia completamente invisível.
Naquela noite, nenhum deles encontrou as respostas que procurava. Mas, em meio à solidão que os conectava, havia uma pequena faísca de esperança, mesmo que fosse difícil enxergá-la.
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Atualizado até capítulo 33
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