O Retorno e as Feridas

A porta da casa se abriu lentamente, e o som ecoou pelos corredores silenciosos. Sophia, que estava sentada no sofá com as pernas cruzadas, sentiu o coração disparar. Ela virou o rosto rapidamente, seus olhos fixando-se na figura de Tyler, que entrou com passos pesados, os ombros curvados e os olhos fundos. Ele parecia mais magro, mais cansado, como se carregasse o peso do mundo.

Sem hesitar, Sophia correu até ele, envolveu-o em um abraço apertado e deixou escapar um soluço abafado. Tyler não retribuiu de imediato, mas, aos poucos, sua postura relaxou, permitindo-se ser acolhido por ela.

— Eu sabia que você voltaria — sussurrou Sophia, sua voz entrecortada pela emoção. — Mas esses dias foram horríveis, Tyler. Você não faz ideia do vazio que deixou aqui.

Tyler respirou fundo, sentindo a culpa apertar seu peito. Ele não havia pensado no impacto que sua ausência causaria, especialmente para Sophia. Ele sempre a via como a protegida, a favorita do pai, alguém que não precisaria se preocupar com ele. Mas, ali, naquele momento, ele percebeu que ela também carregava sua própria carga.

— Desculpa, Sophia — disse ele, a voz baixa, quase um murmúrio. — Eu só... precisava de um tempo. Não queria que você se preocupasse.

Sophia se afastou levemente, segurando o rosto do irmão com as mãos pequenas, mas firmes.

— Você não entende, Tyler. Eu me preocupo porque me importo. Você é meu irmão, e eu sinto que preciso estar no controle, porque ninguém mais aqui se importa de verdade com você.

As palavras de Sophia o atingiram como uma onda. Ele nunca havia enxergado o quanto ela se preocupava, o quanto ela se sentia responsável por ele. Ele assentiu silenciosamente, sem saber como responder.

Ricardo apareceu no corredor, o rosto frio e sem expressão.

— Finalmente decidiu voltar — disse ele, cruzando os braços. — Espero que tenha colocado suas ideias no lugar, porque aqui não temos tempo para dramas.

Tyler não respondeu, apenas desviou o olhar, sentindo o julgamento implícito nas palavras do pai. Sophia lançou um olhar de reprovação para Ricardo, mas não disse nada.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Júlia caminhava lentamente de volta para casa. A noite parecia pesada, as ruas desertas refletiam seu estado de espírito. Ao chegar em casa, abriu a porta e foi recebida pelo mesmo silêncio de sempre. Renata estava sentada no sofá, mas sequer levantou os olhos para cumprimentá-la.

Júlia subiu para o quarto, fechou a porta e encostou-se contra ela, deslizando até sentar-se no chão. Lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto enquanto ela segurava o caderno com força. Ela queria se sentir bem, queria encontrar algo que preenchesse o vazio, mas nada parecia funcionar.

Levantando-se lentamente, ela caminhou até a escrivaninha e abriu a gaveta. Lá dentro, havia um pequeno objeto que ela conhecia bem, algo que já havia usado em momentos de desespero. Sua mão tremia enquanto o pegava.

Ela sabia que aquilo não resolveria nada, que a dor que sentia voltaria depois, ainda mais forte. Mas, naquele momento, parecia ser a única forma de liberar o que estava preso dentro dela. Uma lágrima caiu sobre o caderno aberto, manchando a tinta de uma frase que havia escrito anteriormente: "Eu só quero que alguém me veja de verdade."

De volta à casa de Tyler, a noite parecia mais calma, mas um peso pairava sobre o ambiente. Sophia estava deitada na cama, mas não conseguia dormir. A presença de Tyler, mesmo silenciosa, lhe trazia algum conforto. Já Tyler, em seu quarto, olhava para o teto, perdido em pensamentos.

Ele sabia que algo precisava mudar, mas não sabia por onde começar.

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