Mina...
Acordei com um sobressalto, meu coração batendo tão rápido que parecia que ia explodir. Minha respiração estava difícil de controlar, e as imagens do pesadelo ainda estavam na minha mente. Sangue. Havia tanto sangue. Não conseguia lembrar exatamente o que havia acontecido no sonho, mas a sensação de medo e pânico era vívida demais para ignorar.
O som do despertador ecoou pelo quarto. Com um movimento brusco, desliguei o alarme e sentei na beira da cama. Minha cabeça latejava, e tudo que eu queria era deitar de novo e me esconder das responsabilidades do dia. Mas isso não era uma opção.
Levantei e fui até o closet, pegando minha roupa de treino. Um conjunto simples, confortável. Enquanto me trocava, tentei afastar os resquícios do sonho, mas eles se agarraram a mim como uma sombra.
Logo ouvi uma batida firme na porta. Era Sofia, minha instrutora de defesa pessoal. Assim que entrei na sala de treino, ela me observou com seu olhar analítico de sempre. Não disse nada sobre minha aparência, mas eu sabia que devia estar horrível.
— Vamos começar — disse ela, sem rodeios.
Hoje foi mais pesado do que o normal. Sofia não parecia disposta a aliviar nada, e talvez fosse o jeito dela de lidar com meu humor, que claramente não estava dos melhores. A cada movimento, a cada golpe, sentia a frustração e o cansaço acumulados.
— Concentre-se, Mina! — gritou ela, quando errei um golpe básico.
Respirei fundo, tentando controlar minha irritação. Minha vontade era de gritar com ela, ou com qualquer um, mas segurei a língua. Meu pai adoraria usar isso contra mim.
— Estou concentrada! — respondi, entre dentes.
Sofia arqueou a sobrancelha, mas não retrucou. Apenas ajustou minha postura e continuamos.
Quando a sessão finalmente terminou, eu estava exausta, tanto fisicamente quanto mentalmente. Minhas mãos tremiam, não só pelo esforço, mas pela luta interna de não explodir.
Olhei para Sofia, que, como sempre, parecia inabalável.
— Até amanhã — disse ela, com aquele tom firme de sempre, antes de sair da sala.
Sozinha novamente, sentei no chão, tentando recuperar o fôlego e o controle. Os ecos do pesadelo ainda estavam lá, misturados com a raiva e a frustração que não consegui aliviar completamente.
"Um dia a menos aqui", pensei, tentando encontrar algum consolo. Mas a verdade é que cada dia parecia mais difícil do que o anterior.
......................
A água gelada escorria pelo meu corpo, levando com ela o peso dos pensamentos ruins que me sufocava desde o momento em que acordei. O banho era minha fuga, o único lugar onde eu podia, por alguns minutos, fingir que tudo estava bem.
Quando terminei, envolvi-me na toalha e fui até o closet. Escolhi um vestido preto, fluido e leve. Algo que me fazia sentir um pouco menos sufocada. Penteei os cabelos ainda úmidos, deixando-os cair soltos sobre os ombros, e saí em direção ao canto onde costumava tomar meu café da manhã.
Mas, assim que entrei na sala, minha tranquilidade desmoronou. Meu pai estava lá. E com ele, a última pessoa que eu queria ver: a Dra. Eliza.
Faz meses desde a última vez que ela esteve aqui. Eu já quase tinha esquecido sua voz fria e aquele olhar penetrante que parecia sempre tentar me decifrar. Ela devia ter uns 40 anos, mas carregava uma aura que a fazia parecer mais velha.
Minha mente se encheu de perguntas. Por que ela estava aqui? O que meu pai estava planejando agora?
— Sente-se, Mina — meu pai ordenou, com aquela voz que não admitia discussão.
Andei até a mesa, tentando não demonstrar o quanto estava irritada. Sentei de frente para eles e cruzei os braços, esperando por qualquer coisa que justificasse aquela manhã insuportável.
— Cumprimente a Dra. Eliza — ele acrescentou, com o olhar fixo em mim.
Engoli em seco e murmurei.
— Bom dia,— tão relutante que parecia quase inaudível. Não queria falar com ela. Não queria falar com ninguém.
— Bom dia, Mina — respondeu a Dra. Eliza, com aquele sorriso forçado. Ela me analisou por alguns segundos, e eu sabia o que viria a seguir.
— Você não parece ter dormido bem — comentou, inclinando a cabeça. — Teve pesadelos novamente?
Minha primeira reação foi de raiva. Claro que ela tinha percebido. Minha aparência entregava tudo. Mas não ia dar o gosto de admitir nada.
— Não — menti, firme, enquanto pegava a xícara de café e a levava aos lábios para evitar olhar para ela. — Só acordei um pouco mais cansada hoje.
Ela me olhou com uma expressão de dúvida, mas não insistiu. Pelo menos não ainda. Meu pai, por outro lado, ficou em silêncio, observando a interação como se estivesse avaliando algo.
"Por que ela está aqui?", pensei novamente, enquanto o desconforto aumentava. Algo me dizia que essa conversa estava longe de terminar, e eu odiava cada segundo dela.
Fiquei ali, segurando minha xícara de café, tentando manter as mãos firmes enquanto a raiva borbulhava dentro de mim. O silêncio era quase palpável, mas não durou muito.
— Vou deixar vocês conversarem melhor, Dra. — disse meu pai, levantando-se da cadeira.
Minha cabeça virou na direção dele, e as palavras escaparam antes que eu pudesse pensar.
— Por que ela está aqui? — perguntei, com a voz carregada de irritação.
Ele parou, me encarando com aquele olhar frio e calculista que fazia meu estômago revirar.
— Você vai continuar com as sessões de terapia — respondeu ele, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Um nó se formou na minha garganta, mas forcei as palavras a saírem.
— Eu não preciso mais.
Minha voz soou mais firme do que eu esperava, mas não pareceu fazer diferença. Meu pai arqueou uma sobrancelha, um traço de desprezo surgindo em seus lábios.
— Você não decide isso, Mina — ele disse, com um tom cortante. — Eu saberei o dia em que você não precisará mais de terapia.
As palavras dele me atingiram como uma bofetada, mas me recusei a desviar o olhar. Ele me encarou por mais alguns segundos, como se esperasse alguma resposta ou reação minha. Não dei a ele esse prazer.
Sem mais uma palavra, ele se virou e saiu da sala, deixando a porta se fechar com um clique que parecia selar meu destino.
Olhei para a Dra. Eliza, que permanecia em silêncio, com aquela expressão de profissional treinada para não demonstrar nada. Mas eu sabia que ela estava me analisando, tentando ler meus pensamentos.
Levei a xícara de café aos lábios novamente, bebendo o resto do líquido como se isso pudesse acalmar a tempestade dentro de mim. Eu sabia que essa conversa estava longe de acabar, e que a Dra. Eliza não sairia daqui até conseguir o que queria.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Rosania
ta muito cheio d bla bla bla sera q ela e algo do passado ou um monstrinho e não sabe... ou se tornara uma sera q e uma experiência ou..vai imfrentar algo e tem q ter muito treinamento
2025-03-18
0
Mirma Fernandes Basso
tá muito chato 😞
2025-03-10
0
Claudia
Quanto mistério 🤔🧿♾
2025-02-27
1