Capítulo 4 – O Peso de Ficar!

Mina...

Quando cheguei ao fim da escada, virei à esquerda, em direção ao corredor que levava à cozinha. Andava devagar, quase como se meu próprio corpo estivesse tentando evitar que eu seguisse em frente. Foi então que ouvi.

Um grito abafado. Fraco. Como se tivesse vindo da minha cabeça

Parei instantaneamente, meu coração martelando no peito. Olhei ao redor, mas o corredor estava vazio. Apenas o som da minha respiração ecoava ao meu redor. Engoli em seco, tentando ignorar o aperto no estômago, e continuei andando.

Cheguei à cozinha, mas ela estava completamente vazia. Nenhum sinal de Clara, dos cozinheiros. O silêncio parecia ainda mais denso.

Continuei andando, passando pela cozinha em direção ao fim do corredor. Foi quando vi uma porta. Estava entreaberta, e uma luz fraca escapava pelas frestas.

Antes que eu pudesse me aproximar, ouvi de novo. Outro grito, desta vez mais alto, mais claro. O som rasgou o silêncio como uma faca, e meu corpo inteiro se arrepiou.

Parei, meu coração disparando. A razão me dizia para voltar, correr para o meu quarto e me trancar. Mas algo mais forte talvez a curiosidade, ou simplesmente a incapacidade de ficar sem respostas fez continuar.

Engoli em seco e dei mais alguns passos em direção à porta. Minhas mãos tremiam enquanto empurrava-a lentamente, tentando não fazer barulho.

O que vi lá dentro me fez congelar.

Era um porão escuro, iluminado apenas por algumas luzes fracas penduradas no teto. As sombras dançavam nas paredes, criando formas grotescas. Havia vários homens em pé, e entre eles estavam meu pai e meu irmão.

No centro do cômodo, pendurado por correntes e coberto de sangue, estava um homem. Ele gemia, sua cabeça caída para frente, como se a dor tivesse drenado toda a sua força. Meu pai segurava algo nas mãos uma barra de ferro, talvez? - e sua expressão era fria, cruel, como se ele estivesse lidando com um objeto, não com uma pessoa.

O ar saiu dos meus pulmões em um grito que eu não consegui conter.

Os olhos de meu pai se voltaram para mim imediatamente, furiosos. Meu irmão, Marco, também me olhou, mas sua expressão era diferente. Não havia raiva nele, mas algo mais... um misto de choque e impotência.

Meu pai deu um passo em minha direção, largando a barra no chão com um som que ecoou no porão. Sua presença era sufocante, e eu sabia, naquele instante, que ele não deixaria isso passar.

— O que você pensa que está fazendo aqui? — Ele questionou, sua voz baixa, mas cheia de ameaça.

Senti minhas pernas tremerem, mas não consegui responder. Não havia palavras. Só o som do sangue gotejando, os gemidos do homem torturado, e o olhar do meu pai, que parecia capaz de me arrancar daquela sala e me destruir.

E, naquele momento, eu sabia que algo havia mudado. Que, de alguma forma, eu havia cruzado uma linha da qual não poderia voltar.

O olhar de meu pai cruzou com o de Marco, frio e calculista, antes de ele dizer as palavras que me fizeram estremecer.

— Termine o trabalho.

Meu estómago se revirou, e um arrepio percorreu minha espinha. Marco não disse nada. Apenas baixou a cabeça, e eu não conseguia ler sua expressão. Ele parecia tão preso quanto eu, mas não era suficiente.

Antes que eu pudesse reagir, senti a mão de meu pai agarrar meu braço com força. Ele puxou-me para fora do cômodo com tanta brutalidade que meus pés quase não conseguiam acompanhar seus passos.

— Você perdeu completamente o juizo, menina? — Ele rosnou, enquanto me arrastava pelo corredor.

— Me solte! — Eu tentei me libertar, mas era inútil. Sua força era esmagadora, e a raiva em seus olhos me dizia que resistir só pioraria tudo.

Ele parou abruptamente na frente da porta do meu quarto e me empurrou para dentro com tanta força que quase tropecei. Minha respiração estava descompassada, minha pele ardendo onde seus dedos haviam apertado meu braço.

— Escute bem, Mina. — A sua voz era fria, cortante. — Não ouse descer lá novamente. Não saia deste quarto, seja lá qual for a circunstância.

— E se eu precisar de algo? — Perguntei, minha voz repleta de sarcasmo e raiva.

Ele riu, uma risada amarga, cheia de ironia, antes de perguntar:

— Fome? Alguma necessidade absurda?

Minha raiva transbordou, e eu gritei:

— Você acha que isso importa para mim?

Ele inclinou a cabeça, um sorriso debochado nos lábios.

— Não me interesso pelo que importa para você.

Eu senti minha garganta se apertar de ódio.Mas não podia deixar aquilo passar.

— Eu preciso de internet.

Ele riu de novo, um som que parecia um golpe.

— Não.

Sem dizer mais nada, ele saiu do quarto, fechando a porta com força. Antes que eu pudesse tentar absorver o que acabara de acontecer, ouvi a sua voz do outro lado, cheia de autoridade e fúria:

— Quero os dois aqui. Não saiam da porta, seja o que for.

Afundei na cama, o som de sua voz ainda ecoando na minha mente. Minhas mãos tremiam de raiva e impotência. Ele havia roubado até mesmo o pouco controle que eu ainda achava que tinha sobre minha própria vida.

Olhei para as paredes do quarto que, mais uma vez, se tornavam uma prisão. E, naquele momento, a necessidade de sair dali se tornou ainda maior. Eu sabia que não podia continuar vivendo assim. Não por mais um dia.

A ideia de fugir vinha me rondando há tempos, mas hoje ela parecia mais concreta, quase palpável. Minha mente girava com pensamentos, possibilidades e riscos. Apesar de só ter 15 anos, sabia que não podia mais viver assim.

"Eu consigo", pensei. "Não preciso desse lugar. Não preciso dele."

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando organizar os pensamentos. O que eu faria lá fora? Não tinha dinheiro, nem amigos, ninguém para me ajudar. Mas a liberdade... a ideia de respirar ar fresco sem sentir o peso do controle dele... aquilo parecia suficiente para arriscar.

— Posso me cuidar sozinha,— sussurrei para mim mesma. — Sei lá... posso arrumar um trabalho, fingir ser mais velha. Qualquer coisa é melhor do que ficar aqui.

Minha mente começou a criar cenários. Eu fugindo no meio da noite, esgueirando-me pelos corredores enquanto os guardas estavam distraídos. Ou talvez pulando pela janela, escalando até o jardim. Mas, e depois? Para onde eu iria?

Um nó se formou na minha garganta, misturando medo e esperança. Eu não sabia como seria lá fora, mas sabia exatamente como era aqui dentro. E isso bastava.

Meus olhos foram até a porta, que agora tinha dois homens de guarda. Como se eu fosse perigosa. Era quase irônico. Eu era só uma garota presa, tentando sobreviver a um lugar onde tudo parecia cinza e morto.

— Não posso mais ficar aqui,— murmurei, sentindo a determinação crescer. — Eu preciso sair. De alguma forma, preciso sair.

Era isso. Eu não sabia como, nem quando, mas a ideia já não era apenas um pensamento. Era uma decisão.

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Comments

Nem.Vem.

Nem.Vem.

eu lendo isso e falando tudo da história pra minha mãe, tô chocada, que ele era frio já dava pra saber, mas mal desse jeito... credo

2025-03-27

1

Tânia Silva

Tânia Silva

Ela deveria ter fugido!

2025-03-19

0

Katia Erica

Katia Erica

nossa que pai horroroso

2025-03-13

0

Ver todos
Capítulos
1 Capítulo 1 – Uma Prisão de Luxo!
2 Capítulo 2 – Reflexos Indesejados!
3 Capítulo 3 – Silêncio Estranho!
4 Capítulo 4 – O Peso de Ficar!
5 Capítulo 5 – Conversa Forçada!
6 Capítulo 6 – Memórias!
7 Capítulo 7 – Liberdade?
8 Capítulo 8 – Um Recomeço!
9 Capítulo 9 – Descobertas!
10 Capítulo 10 – Quatro Anos
11 Capítulo 11 – Não seria o Fim!
12 Capítulo 12 – Não, não dessa vez!
13 Capítulo 13 – Vamos Descobrir!
14 Capítulo 14 – Eu não Posso ceder!
15 Capítulo 15 – Sacrifícios?
16 Capítulo 16 – Eles estavam Enganados
17 Capítulo 17 – Usando a luz para escapar da escuridão!
18 Capítulo 18 – Viver!
19 Capítulo 19 – Eu Cuido Dela!
20 Capítulo 20 – Estou Segura?
21 Capítulo 21 – É quase Inacreditável!
22 Capítulo 22 – Me Sinto Estranha
23 Capítulo 23 – Seu Sorriso é... Lindo
24 Capítulo 24 – É um Recomeço
25 Capítulo 25 – Frágil Paz
26 Capítulo 26 – Preciso Acreditar
27 Capítulo 27 – Isso pode animar ela.
28 Capítulo 28 – Culpa
29 Capítulo 29 – Distração
30 Capítulo 30 – Esperança e Medo
31 Capítulo 31 – Ninguém Merece
32 Capítulo 32 – Não Estou Sozinha
33 Capítulo 33 – Isso Seria Incrível
34 Capítulo 34 – Inacreditável
35 Capítulo 35 – Anos se Passaram!
36 Capítulo 36 – Família Improvável
37 Capítulo 37 – Desespero!
38 Capítulo 38 – Tentando não Desmoronar
39 Capítulo 39 – Estamos juntos
40 Capítulo 40 – O que Está por Vim
41 Capítulo 41 – Planos
42 Capítulo 42 – Determinação
43 Capítulo 43 – Logo ao Lado!
44 Capítulo 44 – Provocando ou nos Desafiando
45 Capítulo 45 – Raiva e Esperança
46 Capítulo 46 – Tão Simples
47 Capítulo 47 – Vantagem
48 Capítulo 48 – Enfrentar qualquer coisa
49 Capítulo 49 – Estar Pronta
50 Capítulo 50 – Ele é Incrível
51 Capítulo 51 – Uma Batalha Vencida
52 Capítulo 52 – E tudo por causa dele!
53 Capítulo 53 – Ao seu lado
54 Capítulo 54 – Paz
55 Capítulo 55 – Foi um Espetáculo e tanto.
56 Capítulo 56 – Lembranças dolorosas
57 Capítulo 57 – Você é Incrível, Sofia
58 Capítulo 58 – Merda! Ele está...
59 Capítulo 59 – Certo, qual é o Plano Então?
60 Capítulo 60 – Barra limpa!
61 Capítulo 61 – Paciência e Controle!
62 Capítulo 62 – Planejava Destruir!
63 Capítulo 63 – Não Podia Chorar Agora!
64 Capítulo 64 – Fraco. Perdido!
65 Capítulo 65 – Termine o Trabalho!
66 Capítulo 66 – Um Grande Dia
67 Capítulo 67 – Momentos Preciosos
68 Capítulo 68 – O fim está Próximo
69 Capítulo 69 – E então avançamos
70 Capítulo 70 – Acabou
71 Capítulo 71 – Estamos Indo!
72 Capítulo 72 – Mas eu sabia a Verdade
73 Capítulo 73 – Nunca esqueceremos
Capítulos

Atualizado até capítulo 73

1
Capítulo 1 – Uma Prisão de Luxo!
2
Capítulo 2 – Reflexos Indesejados!
3
Capítulo 3 – Silêncio Estranho!
4
Capítulo 4 – O Peso de Ficar!
5
Capítulo 5 – Conversa Forçada!
6
Capítulo 6 – Memórias!
7
Capítulo 7 – Liberdade?
8
Capítulo 8 – Um Recomeço!
9
Capítulo 9 – Descobertas!
10
Capítulo 10 – Quatro Anos
11
Capítulo 11 – Não seria o Fim!
12
Capítulo 12 – Não, não dessa vez!
13
Capítulo 13 – Vamos Descobrir!
14
Capítulo 14 – Eu não Posso ceder!
15
Capítulo 15 – Sacrifícios?
16
Capítulo 16 – Eles estavam Enganados
17
Capítulo 17 – Usando a luz para escapar da escuridão!
18
Capítulo 18 – Viver!
19
Capítulo 19 – Eu Cuido Dela!
20
Capítulo 20 – Estou Segura?
21
Capítulo 21 – É quase Inacreditável!
22
Capítulo 22 – Me Sinto Estranha
23
Capítulo 23 – Seu Sorriso é... Lindo
24
Capítulo 24 – É um Recomeço
25
Capítulo 25 – Frágil Paz
26
Capítulo 26 – Preciso Acreditar
27
Capítulo 27 – Isso pode animar ela.
28
Capítulo 28 – Culpa
29
Capítulo 29 – Distração
30
Capítulo 30 – Esperança e Medo
31
Capítulo 31 – Ninguém Merece
32
Capítulo 32 – Não Estou Sozinha
33
Capítulo 33 – Isso Seria Incrível
34
Capítulo 34 – Inacreditável
35
Capítulo 35 – Anos se Passaram!
36
Capítulo 36 – Família Improvável
37
Capítulo 37 – Desespero!
38
Capítulo 38 – Tentando não Desmoronar
39
Capítulo 39 – Estamos juntos
40
Capítulo 40 – O que Está por Vim
41
Capítulo 41 – Planos
42
Capítulo 42 – Determinação
43
Capítulo 43 – Logo ao Lado!
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Capítulo 44 – Provocando ou nos Desafiando
45
Capítulo 45 – Raiva e Esperança
46
Capítulo 46 – Tão Simples
47
Capítulo 47 – Vantagem
48
Capítulo 48 – Enfrentar qualquer coisa
49
Capítulo 49 – Estar Pronta
50
Capítulo 50 – Ele é Incrível
51
Capítulo 51 – Uma Batalha Vencida
52
Capítulo 52 – E tudo por causa dele!
53
Capítulo 53 – Ao seu lado
54
Capítulo 54 – Paz
55
Capítulo 55 – Foi um Espetáculo e tanto.
56
Capítulo 56 – Lembranças dolorosas
57
Capítulo 57 – Você é Incrível, Sofia
58
Capítulo 58 – Merda! Ele está...
59
Capítulo 59 – Certo, qual é o Plano Então?
60
Capítulo 60 – Barra limpa!
61
Capítulo 61 – Paciência e Controle!
62
Capítulo 62 – Planejava Destruir!
63
Capítulo 63 – Não Podia Chorar Agora!
64
Capítulo 64 – Fraco. Perdido!
65
Capítulo 65 – Termine o Trabalho!
66
Capítulo 66 – Um Grande Dia
67
Capítulo 67 – Momentos Preciosos
68
Capítulo 68 – O fim está Próximo
69
Capítulo 69 – E então avançamos
70
Capítulo 70 – Acabou
71
Capítulo 71 – Estamos Indo!
72
Capítulo 72 – Mas eu sabia a Verdade
73
Capítulo 73 – Nunca esqueceremos

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